Capítulo 6

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As luzes que iluminavam o local apagaram por breves segundos.

Olhei por todo lado em busca dos garotos, me deparando com eles ainda petrificados com os personagens que tanto queriam ver. Voltei a fitar quem estava a minha frente, porém não era mais uma pessoa fantasiada de pirata. Agora realmente era o pirata, esculpido especialmente para aquele museu. Era nítida a diferença.

Totalmente perdida e sem respostas, caminhei de encontro aos garotos.

— Vocês viram o que aconteceu?

— Claro que sim. Loucura né? — Diego respondeu.

— Eu tentei falar com ele, ai a...

— Ele quem?

— Ele, Diego. Estamos falando de quê exatamente?

— Do apagão?

— Oh, Deus, sim! — Tentei de toda forma mudar de assunto, depois de perceber que nós dois não falávamos a mesma língua.

Mesmo querendo desvendar o mistério dos minutos anteriores, resolvi esquecer o episódio e prosseguir com meus irmãos para ir para casa o mais rápido possível. Estava tão cansada com o único propósito de me atirar na cama e dormir durante o restante da noite e, se possível, metade da manhã do dia seguinte. Eram sete e meia quando Michael e Ângela — nossos pais — telefonaram avisando que estavam na entrada do Dreamland em nossa espera.

Relutei como pude para irmos direto para casa, mas queriam porque queriam jantar fora. Mamãe justificou que precisava respirar os ares natalinos, e a cidade estava cheia deste aroma. Sinceramente, estava mesmo.

Já no interior do Restaurante Maison de La Fondue, fomos atendidos rapidamente. Acredito que não se encontrava cheio devido a um dos eventos que estavam acontecendo no centro da cidade. No Museu as pessoas comentavam o tempo sobre as programações da semana, então não tinha sido muito difícil escutar sobre os eventos pro resto da noite. O garçom anotou nossos pedidos e com um sotaque francês, nos avisou que não demoraria.

— E aí, o que vocês tinham para resolver? — Decidida a não estragar o dia por conta de cansaço, puxei assunto com os meus pais.

— Últimos negócios em relação a casa de Curitiba e a daqui. A gente conseguiu fechar o contrato do aluguel da casa anterior, querida. — Papai respondeu, expondo o quanto estava contente com as coisas indo bem.

— E o que tinha para resolver com a outra casa?

— Parte financeira. Lembra que comentamos o fato do quintal não estar pronto? — Essa parte matemática era com a minha mãe.

— Me lembro.

— Pronto. A gente teve que analisar quanto ia ser gasto pra terminar o serviço. Depois de muitos cálculos, nos demos conta que...

O garçom nos interrompeu para perguntar qual tipo de bebida usaríamos para acompanhar, nesse caso, esperou que anotasse nossos pedidos antes de retomar.

— Que será bem melhor procurar outra residência em vez de tomar parte de algo que não cabe a nós.

— Significa que vamos ficar no Aquamarine por mais tempo?

— S.u.p.i.m.p.a — Nós quatro nos entreolhamos após o comentário radiante de Anthony e demos o assunto por finalizado. Comemos, bebemos, espairecemos, depois estávamos de volta ao Hotel.

Após uma bela ducha, me joguei na cama desejando não levantar mais. O quarto me deixava acomodava além da conta. Como não é comum em uma suíte ter duas camas, era muito provável que o patrão da empresa de meus pais tivesse pedido para os funcionários colocarem mais uma. As camas Queen Size eram sem sombra de dúvidas de muito conforto. Diego e Antony optaram por rodar o lugar, e como a minha indisposição só me permitia ter espaço para uma boa noite de sono, aproveitei antes que os dois ocupassem a cama junto a mim.

Em questão de segundos, adormeci.

Os raios de sol surgiam através das janelas me alertando que o dia já havia nascido. Sem muito me importar em perder a manhã, ignorei a luz solar e forcei as pálpebras a entrarem de novo em quietude. Antes que me desse conta minha mãe entrou no quarto, abrindo as cortinas e revelando toda a iluminação que tentei evitar.

Droga.

— Vamos, querida. Vai perder o seu dia? Estão todos por aí, aproveitando o Hotel.

— Eu estou com sono, mãe. Tenho mesmo que levantar?

— Você vai perder o sono quando criar coragem pra sair daí. Vamos, adiante.

Derrotada pelos poderes de dona Ângela, a primeira coisa que fiz foi ir até o banheiro para escovar os dentes, urinar e lavar o rosto para tentar despertar. Escutei a voz abafada de minha mãe do lado de fora do banheiro. Com certeza as paredes tinham a função de abafar sons externos. Abri a porta e pedi para que repetisse, porém quando repetiu... continuei sem entender. Não fazia sentido algum o que ela estava falando.

— Alguém enviou algo pra você.

— De Curitiba?

— Não sei, não abri, é seu. Deixei ali em cima da mesa de centro. — Fitei a mini cesta — Estamos na sala de jogos esperando você, ok? Vim só te acordar. — Minha mãe parou diante da porta, como se tivesse se lembrado de algo — Olavo, o porteiro que nos guiou ontem, nos mostrou quando veio entregar isso, que a sala de jogos fica no final do corredor. A gente só viu as quatro portas logo de cara, mas tem outras coisinhas a mais que você vai gostar bastante. Não demore.

E assim saiu, me deixando ligeiramente curiosa e mais ansiosa para ver o que havia sido deixado para mim.

Dentro de uma mini cesta verde, uma carta estava junto a um frasco de perfume. O cheiro era simplesmente divino.

Não sei quantos exatos segundos foram necessários para ficar admirado por você. Logo, busquei o mais rápido possível o perfume que chegasse perto do teu. Calma, não estou perdidamente apaixonado. Contudo, não ponho minhas mãos no fogo de que isso não possa acontecer.

Ass,

Um admirador. 

Admirador de JadeOnde histórias criam vida. Descubra agora