Perfídio

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Ildrien


Orcs. E pensar que bestas como eles pudessem estar lutando junto a alguém. Ou não...


Podem estar sob alguma magia de controle. Mas quem é poderoso o bastante para controlar um exército inteiro?

Humanos... A aceitação da magia em seus corpos é interessante. Desde o dia que coloquei a mão na testa de Matteo, afim de saber a extensão do poder armazenado dentro de si, venho me perguntado se todo aquele poder veio do cristal. Lembro que haviam duas faces. Uma magia branca e poderosa. E a outra, magia obscura. Ambas de nível absurdo.

O interessante é que de alguma forma as duas se completam, não há domínio sobre a outra.

Naquele instante vi suas agitações, como se comportavam.

O que vêm me intrigando é: qual era a magia natural de Matteo? E qual veio do cristal? O comportamento dos outros humanos demonstram magia obscura, então eu deduzo que por algum golpe de sorte, fomos abençoados pelo acidente na terra dos dragões, onde a magia branca no cristal equilibrou a existência do garoto.

Ainda questiono se não foi o contrário...

Lanço chamas em direção à três Orcs, que estavam lutando contra um grupo de soldados frente à porta do castelo.

Minha lembrança voa até a história do Mago de Ethernium. Papai apenas falou que ele poderia ser um humano, agora vejo que foi uma decisão sábia ter falado isso ao Matteo.

Ele não era um mago bom. O que confirma minha teria dos humanos que vêm para Procástia, se tornarem malignos.

O Mago de Ethernium era um mago excepcional, sua magia era diferente de qualquer outra. Mas, sua sede de poder o cegou. A história diz que inicialmente ele era um mago branco. Diziam que vivia procurando por algo incessantemente, alguns relatos dizem algo sobre uma porta.

Quando criou a Ira de Ammeôr, seu objetivo era abrir a porta do Tártaro, mas será que abrir o Tártaro era o que ele realmente queria?

Para abrir o Tártaro, a matriz mágica do espaço tempo foi muito útil, pois é uma dimensão diferente da nossa. Um local sujo, impiedoso. Rodeado de monstros.

Desço as escadas e passo pelas pontes rodeadas de rios de lava.

Agora continuo a me perguntar.

Será que ele queria mesmo a abrir a porta do Tártaro? Ou para chegar aonde ele queria, havia a necessidade de abri-la? Se ele não era desse mundo, seu desejo de voltar para casa poderia ser a sua motivação.

Pode ser a motivação deles... Me pergunto o que Matteo achará se deduzir isso.

Chego em uma porta destruída. Soldados andavam, carregando seus feridos, outros em defensiva, esperando qualquer tipo de ataque.

Vejo Matteo sentado sobre uma mesa no centro sozinho. Ele olhava para o nada enquanto os outros de sua equipe ajudavam a volta.

Puxo um soldado para que pudesse me ouvir.

— O que aconteceu? — Sussurro.

— O inimigo entrou, e depois de pegar o fragmento sumiu em uma nuvem de fumaça. — Solto-o.

Caminho lentamente na direção do humano.

Noto seus olhos vermelhos, ele havia chorado.

— Matteo.

Ele me olha e percebo a decepção e a falha em sua expressão.

— Falhamos. Eles conseguiram o último fragmento.

O HumanoOnde histórias criam vida. Descubra agora