Moon dispersal vs moon focus

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As coisas que Go HaJin havia dito-me ecoavam em minha mente, e, de fato, faziam todo sentido. Já havia escolhido seguir seu os conselhos antes mesmo de, conscientemente, tomar esta decisão, e sim, eu precisava deixar este hospital o mais depressa possível.

Porque se o homem que se dizia meu pai não mais permitisse suas visitas, eu teria de encontrá-la por conta própria.

Além de suas palavras, HaJin havia deixado outras memórias ressoando em meu interior. Memórias mais importantes, como seu cheiro, seu timbre de voz, e a textura de sua pele, apesar do mínimo contato trocado. E tais lembranças continuavam tão intensas, que eu simplesmente não consegui desfazer meu sorriso até então. Ela decerto não era a mesma Hae Soo de meus pensamentos, Hae Soo morrera, há muitos anos. Mas Go HaJin fazia-me sentir estranhamente do mesmo modo.

Com o mesmo desejo sufocante de tê-la o quão perto fosse possível.

E esta, indubitavelmente, é a primeira vez em que algo deste tempo torna-se meu objetivo. E este algo é deixar o hospital.

E, graças a HaJin, tinha também um trajeto.

"... aconselho a aprender sobre os objetos... você vai ter que aprender a ler... lembre-se de conseguir um celular, assim que dominar o hangul ..."

Até então, nenhum médico, nem mesmo os que se diziam meus genitores, pareciam preocupados em inserir-me nesta realidade. Como se aguardassem pelo retorno milagroso das memórias que me diziam ter perdido.

Porém, eu não tinha tempo para milagres. Eu não tinha tempo para ser quem esperavam que eu fosse, mas poderia ser eu mesmo, desde que me adaptasse.

A porta entreabriu-se novamente e, por uma fração de segundo, estremeci com a possibilidade de vê-la outra vez. Porém, a figura do psiquiatra surgiu, e antes de impulsivamente reagir com uma expressão de repulsa, mudei de postura.

Eu tinha uma estratégia.

― E então, jovem Lee? Se sente melhor depois da visita? ― Ainda que eu não estivesse adaptado às entonações faciais subliminares de seu tempo, captei a malícia não dita tanto na lateralidade de seu sorriso, quanto na elevação sugestiva de sua sobrancelha. ― A senhorita Go é uma jovem muito bonita, como se conheceram?

Neste momento, sorri. Sorri para convencê-lo de tudo que começaria a inventar, desde então. Porque verdades jamais me tirarão deste lugar, e isto estava mais do que transparente.

― Sinto-me muito melhor. ― Meu tom o surpreendeu. Eu nunca havia sequer demonstrado qualquer menção a colaborar com o que aquele homem denominava por "tratamento", mas agora, com a justificativa certa, tudo mudaria. ― A senhorita Go foi meu primeiro amor, ainda que ela não se lembre.

Vi os olhos do médico se expandirem em uma expressão surpresa.

― Não me lembro de muito, são imagens soltas. Talvez ela tenha cruzado meu caminho no início da puberdade, ou antes. Sei apenas que sua presença trouxe-me conforto, e sinto que se puder continuar a vê-la, recordar-me-ei ainda mais.

O homem fez algumas anotações em uma folha que carregava sobre uma placa transparente, e colocou um copo com dois comprimidos à minha cabeceira.

― Sei que não aceita a medicação, mas realmente seria melhor tomá-lo. Evitaria que tivéssemos que injetar no seu soro durante seu sono. ― Assenti ao ouvir suas palavras e enchi a boca com uma porção generosa de meu jantar, a desculpa perfeita para encerrar o assunto. ― Certo, vou deixá-lo se alimentar, seu pai deve estar ansioso por saber o meu parecer.

Assim que o médico deixou o quarto, estiquei o braço até o copo com os comprimidos, e, aproveitando-me da janela aberta, os atirei para fora.

Eu não serei mais intoxicado, seja através daquelas poções condensadas, ou via agulhas.

Lovers under the Moon [Moon Lovers: Scarlet Heart Ryeo] Onde histórias criam vida. Descubra agora