Dizer que não estive ansioso por este dia durante as duas semanas que não nos vimos seria uma mentira descarada.
Por mais que nos falássemos diariamente, a expectativa em vê-la sempre mexia comigo de formas que eu não saberia explicar. Ela era, além de tudo, meu único vínculo com a vida que me recordo. A única a me transmitir a sensação de familiaridade e pertencimento que eu havia perdido, ao despertar em uma era em que tudo estava absolutamente diferente.
Mas Go HaJin não parava de chorar e eu realmente não soube o que seria o melhor a fazer. De tudo que pensei que pudesse ocorrer hoje, esta situação era a mais imprevisível possível.
Sentei-me a seu lado, no banco do shopping, acariciando-lhe as costas de forma respeitosa. Eu sequer sabia o que havia se passado. Supus que, provavelmente, se tratasse de uma nova briga com Kang.
Quanto mais aquele homem a fazia chorar, mais meu sangue fervia por removê-lo de uma vez de sua vida.
— Jin, eu... — as palavras não saíam-me, senti-me completamente inútil vendo-a soluçar de tal forma. Seus ombros balançavam e seu rosto estava tão vermelho escorregando sobre as próprias palmas úmidas.
Quis, mais que tudo, abraçá-la naquele instante, porém, nem isto poderia. Não naquelas circunstâncias, nem naquele local.
Ela parecia desolada de uma forma que não soube o que dizer e culpei-me por não saber.
— Me-me tira daqui, JoonGi. — a ouvi pedir, em um sussurro, no mesmo instante em que sua cabeça tombou contra o meu braço. HaJin chorava tanto que logo a manga da minha camisa encharcou-se.
Sem dizer nada, levantei-me e, cautelosamente, a ajudei a se erguer, com o cuidado de servir-lhe de apoio durante todo o trajeto até o estacionamento, ignorando os olhares curiosos que recaíam sobre nós.
JiSoo, que nos esperava dentro do carro, saltou para fora deste e, perceptivo, abriu as portas, ajudando-me a instalá-la no banco traseiro, permanecendo fora do veículo, recostado à lataria, mesmo quando eu me sentei ao lado da mulher.
— Agora você pode chorar o quanto quiser. Não se preocupe, não precisas dizer-me o que houve.
HaJin enterrou o rosto em meu ombro, seus soluços aumentando em escala e intensidade. A envolvi com um de meus braços, afagando suas costas e cabelos sem saber o que mais poderia fazer além de servir-lhe como suporte.
E durante quase vinte minutos ela permaneceu simplesmente chorando, sem dizer uma palavra, até começar a acalmar-se e, lentamente, afastar o rosto do meu pescoço.
— Desculpe, estraguei seus planos. — a ouvi dizer, incrédulo que, em meio a tudo que a estivesse machucando tanto, a ponto de fazê-la chorar por tanto tempo, suas primeiras palavras fossem referentes à sua preocupação ridícula com algo perfeitamente adiável, como uma visita a um museu.
Suspirei, encarando seu rosto e recolhendo a umidade que ainda descia por suas bochechas com meus próprios dedos.
― Não seja tola, esqueça os planos. ― ela ainda soluçava, embora não mais de forma copiosa. ― Minha preocupação maior é como livrá-la de toda esta dor.
Jin abaixou os olhos, deixando o ar sair em uma lufada exausta por entre os lábios. O diálogo foi lento e compreendi perfeitamente sua dificuldade em encontrar palavras. Sentia-me da mesma forma, afinal.
― Eu... ― seus olhos vermelhos encaravam as próprias mãos, ela fungava e parecia precisar desabafar. ― Acho que você não entenderia.
Seu olhar receoso alcançou o meu e ergui meus lábios em um meio sorriso, tentando tranmitir-lhe algum conforto.
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Lovers under the Moon [Moon Lovers: Scarlet Heart Ryeo]
FanfictionGo HaJin tinha um sonho recorrente com uma outra vida. Quando se depara com aquele homem, que em seus sonhos reconhecia por Wang So, algo em seu peito move com a força de uma tempestade. E tudo só complica quando, após um grave acidente, ele desper...