Moon health vs moon illness

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Quando abri os olhos, as luzes fortes atingiram minha retina fazendo-me lacrimejar. Minha cabeça girava e, aos poucos, as memórias voltavam.

O telejornal, o acidente...

Wang So.

Eu comecei a chorar silenciosamente antes mesmo de recuperar plenamente a consciência, estava em uma maca, e HaNeul me encarava, sentado na banqueta ao lado, com um dos braços enfaixado.

― Eu me acidento e minha namorada é quem recebe cuidados. ― ele sorriu, mas eu conseguia ver a nuvem por trás de sua expressão serena. Ele estava preocupado, e não era consigo mesmo.

― E o rapaz? ― perguntei me sentando e sentindo a tontura súbita me abarcar. ― Wang So... Neul, ele... ― sussurrei ciente de que ele não estava entendendo nada. ― O rapaz que você atropelou, onde está?

Kang abaixou a cabeça.

Um silêncio amargo se fez por cerca de quase um minuto. Percebi que um simples minuto era muito longo em uma emergência hospitalar, os bipes ao fundo, as vozes dos transeuntes, médicos e pacientes, tudo ali deixava o silêncio ainda mais angustiante.

― Fale, por favor. ― pedi.

Meu tom era de súplica e eu já não controlava meu choro. Ele continuava calado e eu não entendia o porquê.

― Eu vi a notícia. ― insisti sentindo meus lábios trêmulos.

― Eu sei que viu, a trouxeram desmaiada...

Um médico nos interrompeu, se aproximando com uma prancheta nas mãos.

― A senhorita se sente melhor? Receitarei apenas analgésicos e repouso, aconselho que o casal busque ajuda psicológica, a situação foi, sem dúvidas, traumática, mas não há motivos para culpar-se. ― ele parecia encarar meu desespero como se fosse pelo simples fato do acidente ter sido provocado pelo meu namorado.

Mas ninguém ali sabia que eu estava a ponto de gritar.

Ninguém ali sabia que eu precisava vê-lo. Eu precisava ver Wang So, ou seja lá quem ele fosse, mesmo sem autorização.

Segurei o pulso do médico chamando sua atenção, eu não pensava de forma racional.

― Onde ele está? ― perguntei firme, enxugando o rosto nas costas da mão. O soro preso ali repuxando de forma agoniante. ― A vítima? Onde está?

O médico trocou olhares com HaNeul e suspirou.

― Ele está em um quarto vip. Seu estado é irreversível, morte cerebral, estamos aguardando apenas a autorização de seus parentes para desligarmos os aparelhos. ― o médico entregou uma folha de receituário a Kang. ― Os pais do rapaz estão se despedindo dele neste momento.

Minha mão despencou de seu pulso e meu namorado sinalizou para que o homem nos deixasse a sós. Mal o vi se afastar após uma reverência leve, e não ouvi mais nada do que Neul dizia. Eu estava anestesiada, atônita, fora dali.

― Onde fica a área vip? ― perguntei interrompendo o falatório dele, recebendo uma ruga na testa como resposta.

Instintivamente, removi o soro do braço e me levantei, correndo até o elevador tão zonza que pensei diversas vezes que desmaiaria antes de chegar ao local.

Kang segurou meu pulso com a mão não enfaixada e me puxou contra si. Seu abraço era tão confortável que me deixei permanecer nele por alguns minutos.

― Me leve, me leve até ele... ― pedi socando seu peito, me desculpando após ouvir um resmungo de dor.

Eu havia simplesmente esquecido.

Lovers under the Moon [Moon Lovers: Scarlet Heart Ryeo] Onde histórias criam vida. Descubra agora