A Tough Choice [Concluída]

XXII. Um Resgate

Se a visão do acampamento tinha sido preocupante, Athena quase caiu do cavalo ao ver a cena da batalha que se decorria nos limites da capital do reino. Era muito mais aterrorizante e preocupante do que o ataque tão pequeno que acontecera ao acampamento, em que ela agira por impulso para salvar os colegas recrutas. Engoliu em seco, travando no lugar enquanto Cáel e apenas alguns dos homens mais treinados não perdiam tempo em avançar com mais velocidade ainda para o campo de batalha. Havia uma imensidão de corpos e manchas de sangue pelo chão. Pessoas disputando com espadas e com punhos vazios, os pés passando por cima de corpos inertes, feridos se arrastando nos lugares desesperadamente para tentar fugir da guerra antes de serem atingidos por um inimigo impiedoso.

Os olhos verdes passaram por todo o campo de batalha, mal conseguiu achar Rayan ou Ilithia em meio àquela bagunça, mas pelas cores das armaduras e das roupas da maioria dos homens que estavam de pé, o reino estava tendo vantagem. Engoliu em seco, esquecendo por completo que estava montando um cavalo e bateu nas ancas dele com os calcanhares, correndo para o campo de batalha também, armando seu arco e tentando salvar o máximo de companheiros possível. A quantidade de flechas não era muita, então tinha que ser sempre certeira e infelizmente... mortal.

Ficou tão perdida na quantidade de pessoas que estavam disputando, a mente tentando automaticamente achar Ilithia em um dos corpos ainda de pé, enquanto o coração apertava com a possibilidade dela já estar ferida demais para se levantar – ou algo pior que aquilo –, que mal percebeu as pessoas em que atirava as flechas. O rosto preocupado parou sobre um dos soldados de seu reino, com a armadura prateada e dourada, enfrentando dois homens e ainda com um terceiro tentando lhe atingir por trás. Lembrou imediatamente de seu irmão, de como ele poderia estar naquela mesma situação, e não pensou duas vezes em seguir com o cavalo sobre corpos, armas e sangue, disparando uma flecha no inimigo que tentava atacar o homem por trás, desprevenido, e alcançando-o com velocidade.

Ela saltou do cavalo, puxando sua espada e deixando o arco de lado apenas para ajudá-lo e atingir um dos homens com quem ele lutava, na altura do peito, e ela nunca teria imaginado como era difícil e pesado enfiar a lâmina no corpo de outra pessoa... pesava mais do que apenas em seus braços e a jovem mal teve tempo de processar todo o desconforto, contendo a vontade de chorar de desespero com toda aquela situação ao puxar a espada de volta. O homem tinha derrubado o outro inimigo e só depois ela levantou o rosto para ele, notando como ele era mais velho, estava ferido, com a barriga sangrando, o braço praticamente imóvel e uma flecha quebrada fincada em sua perna direita.

– O senhor está ferido. – Athena puxou as rédeas do cavalo e trouxe-o, mesmo inquieto, para perto do homem. – Aqui, ele vai levá-lo para um lugar seguro, precisa se tratar.

Ela percebeu que o homem ia responder algo, mas não teve como dar atenção. Virou-se ao ouvir o barulho da aproximação de outros inimigos e atirou duas flechas em dois homens que corriam em sua direção. Era irônico como agora, até as flechas pareciam mais pesadas do que lembrava. Voltou o rosto para o homem que aparentava já mais de seus quarenta anos, com cabelos e barba grisalhos. Ele demorou a montar o cavalo.

– Por favor, não perca tempo! – ela disse, disparando uma flecha em mais um inimigo depois de entregar as rédeas para o homem.

Athena não teve tempo de ver se o senhor tinha atendido sua sugestão, foi quando o segundo homem caiu diante de sua flecha que ela finalmente pousou os olhos sobre a figura conhecida de Ilithia. A morena estava de pé – felizmente – mas não estava na melhor das condições. O braço sangrava bastante, assim como um ferimento na altura das costelas. Ela enfrentava um homem com sua espada, e logo um segundo correu para auxiliar o amigo contra Ilithia.