— Eu sei, meu amor — Lhe apertei no abraço — não pense negativo agora, está bem? Sabe que sua mãe já passou por muita coisa. Vamos comer e aguardar pelo melhor. Depois podemos comer torta de limão.
— Tudo bem — riu soprado e ladino, mas tentou disfarçar
— Isso foi um sorriso? — provoquei lhe cutucando aonde sentia cócegas e ela deu uma risada gostosa. Uma risada que eu sentia falta. — isso, sorria assim. Você fica mais bonita.
— Pai, deixe de ser besta.
— Por que? — fingi espanto — você não se acha bonita? Você é uma Tompson e uma Louwer, tem o sorriso da sua mãe e os olhos verdes do lindo do seu pai, como pode não ser uma narcisista depois disso tudo? — perguntei ainda com tom forçado de indignação
— Pai, para. Eu me acho comum.
— Me lembro até hoje da fase em que eu e sua mãe nos achávamos comum, mas ela passa. Saiba que é tudo de mais precioso que eu tenho.
— Mais até que seu diploma de medicina com especialização em neurologia?
— Eu não pensei nisso. — olhei para cima como se estivesse pensando.
— PAI! — exclamou, foi sua vez de fingir indignação.
— Estou brincando, meu amor. Nada supera você. E quando eu pensei em desistir da faculdade, foi por você que eu continuei.
— Bobão.
— Madson?
— Não me chame pelo segundo nome.
— Por que não? sempre gostou. Principalmente quando eu lhe chamava de Mad.
— Tudo bem. Diga.
— O que?
— Você me chamou.
— Chamei?
— Chamou! — revirou os olhos impacientes
— Eu te amo, estressadinha.
— Eu também te amo.Meu coração aqueceu automaticamente, pelo menos sem o meu bebê eu não ficarei.
Deixei Mad na casa de sua avó e ajudei a dar a notícia de que ela provavelmente moraria comigo. Sua avó a havia voltado do hospital, já que não adiantava de nada ficar lá, e concordou com nossa decisão, defendendo a tese de que Katherine precisaria do pai e que pra qualquer male, ela ainda estaria lá.
Enquanto eu seguia para o hospital, Jack me ligou e eu atendi pelo carro.
— Hey, Jimmy.
— Diga de uma vez, ela está viva?
— Okay, você quer ser rápido.
— Jack... — disse de forma arrastada e impaciente
— Tudo bem, ela foi ótima, agiu como se fosse uma remoção de apêndice. Nunca vi um corpo tão bem comportado na redução de um tumor tão grande como aquele.Suspirei totalmente aliviado, minha garota estava bem!
— Eu não sei nem o que dizer, o peso tirado das minhas costas agora foi enorme. Obrigada, Jack.
— Não me agradeça, faria qualquer coisa por essa baixinha.
— As vezes eu esqueço que vocês são melhores amigos e deixo o ciúmes tomar conta de mim.
— Que isso, cara. Olha, conseguimos remover 75% do tumor. Acredito que em um ano de tratamento, com rádios e quimioterapias, poderemos remover o restante manualmente de novo. Isso se ela não eliminar só com o tratamento. Helly sempre teve saúde de cavalo e se recuperou muito rápido.
— Fico muito feliz mesmo em saber. Estou a caminho do hospital, chegando aí a gente conversa, vou dar a notícia a sua afilhada rebelde.
— Vai lá, cara.Mudei de idéia, como ainda me faltavam 30 minutos de almoço e até agora eu não havia sido solicitado, fiz o retorno e passei em uma floricultura, comprei dois buquês. Um grande e cheio de rosas vermelhas e brancas, e outro mais delicado e um pouco menor, de rosas azuis em várias tonalidades.
Após sair da floricultura, retornei a casa de Mad, essa notícia merece ser dada pessoalmente.
Ao chegar na casa dela, dei duas batidas na porta e fui recebida pela própria que me encarou surpresa
— Pai? O que faz aqui de novo?
— Vim lhe dar uma notícia. — disse meio triste para criar um suspense
— O que aconteceu com a mamãe?! Diga logo.
— Bom, você terá que vir morar comigo pois sua mãe está ótima e vai passar pelo tratamento agora.Ela simplesmente pulou em mim, me abraçando muito forte. Era tão bom sentir minha menina nos meus braços por vontade própria de novo.
— Vamos visitá-la?
— Claro. Vou calçar meus tênis.Esperei por apenas cinco minutos e então fomos até o carro junto, onde Mad encontrou seu pequeno buquê no banco do passageiro
— O que é isso? – perguntou com os olhinhos brilhando. Vontade de apertar, pensei.
— Um buquê?!
— Haha, engraçadinho. É pra mim?
— É sim, bela dama. – Fiz uma reverência breve levando minha mão ao peito.
— São lindas.
— Agora, entre na carruagem, bela dama.
— Seu desejo é uma ordem.Quando ela olhou ao banco de trás, encontrou um buquê vermelho e maior, deu um sorrisinho.
— São pra mamãe?
— Sim, são para rainha.
— São lindas. Ela gosta de vermelho.
— Eu sei bem disso. – digo me referindo ao carro vermelho que a mesma escolheu.O resto do caminho foi silencioso, mas não desconfortável. Ficamos cantarolando algumas músicas que tocavam no rádio até chegarmos ao hospital. Feito isso, desci do carro e pedi que Mad esperasse um pouco. Mesmo confusa, o fez. Contornei o carro abrindo a porta direita do banco de trás e pegando o buquê. Em seguida abri a porta para Mad que me olhou incrédula e divertida.
— Não queria que usasse suas belas mãos, princesa.
— Muito Gentil de sua parte, mero plebeu. — Ela entrou na brincadeira
— Venha, vamos entregar isso a vossa alteza.
— Faremos isso.
Fomos de braços entrelaçados e saltitando pelo hospital que nem duas crianças, até chegarmos no quarto de Helly e eu pedir que Mad fizesse silêncio, pois não sabia se a mesma já tinha acordado. Por incrível que pareça, sim. E estava meio pálida e abatida, senti uma fisgada em meu estômago e o coração apertar. Odiava vê-la daquele jeito.— Como está, vossa majestade? — Fiz a mesma referência que fiz a Madson.
— Com câncer. — disse divertida, mas meu sorriso sumiu — É brincadeira, bobão. Ou não. Enfim, — Abanou o ar com as mãos como se espantasse seus próprios pensamentos — Estou bem.
— Isso é pra você! — Ao invés de tirar o buquê das costas, puxei Katherine para que pudessem se falar novamente.
— Que presente mais agradável, mero plebeu.
— Ei! Como sabe dessa brincadeira?
— Você a fazia comigo, bobalhão.
— Vejo que está bem.
— Tudo graças ao Jackson. Katherine Madson Tompson Louwer — a chamou como se fosse lhe dar uma bronca — venha aqui.
— Chata. — Mad mostrou a língua divertida.
— Me dê um abraço.Assisti as duas se abraçarem por um longo tempo. Como se só houvesse as duas naquela sala. Helly confortou Mad em seus braços como fosse um bebê, com as mãos acariciando os cabelos pretos da mais nova e dando um longo beijo em sua cabeça, sussurrando que tudo ficaria bem.
Após um abraço, o silêncio se instalou na sala. Quebrei-o
— Conte a sua mãe sobre a novidade.
— Que novidade? — Perguntou Helly.
— Ah, não é nada de muito grandioso. — disse Katherine, lhe olhei ofendido e ela sorriu. — Tudo bem. Eu vou morar com o papai.
— Sério? — Exclamou surpresa. — Bem que eu estranhei sua proximidade com ele. Quando isso foi decidido? Me sinto traída. Até quando iam esconder de mim? — Forçou um drama.
— Calma, mulher. Decidimos hoje. Só vou pra lá semana que vem. – Madson disse.
— Sério? – Perguntei cabisbaixo.
— Sim. O senhor tem que fazer minha matrícula em uma escola mais perto e também providenciar móveis novos pro meu quarto.
— Literalmente minha filha. – Disse Helly.
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Um ultimo desejo
RomanceAngústia. Era isso que Jimmy Tompson sentia, andando de um lado pro outro vendo sua paciente, e ex-esposa de apenas 32 anos de idade internada após um acidente comprometedor, aonde um caminhão desgovernado bateu no seu carro durante um semáforo fech...