Capítulo 28

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[Min Yoongi]

Levanto de uma vez e corro direto para o vaso. Me ajoelho e abro a tampa da privada.

Merda.

Só isso que sei fazer. Merda.

Jogo tudo o que há no meu estômago para fora.
Sinto o gosto de bile, junto aos sanduíches de atum que comi mais cedo.

Credo. Acho que nunca mais vou conseguir atum na vida.

Dou descarga no vaso e limpo o vômito que respingou em minha roupa. Ou melhor, tiro toda a roupa e coloco no cesto de roupa suja. Melhor tomar logo um banho.

Só consigo pensar nas merdas que fiz hoje.
Fico debaixo da água quente esperando que lave meus pecados.

Muito bom, Yoongi. Primeiro, você se embebeda. Depois, beija seu melhor amigo e logo em seguida, termina de perder o amor da sua vida.
Estou tão triste que nem consigo ficar com raiva de mim mesmo.

Termino meu banho e me jogo na cama, só de cueca e moletom. Duvido que o Taehyung volte aqui depois do que eu fiz. Bato em minha testa com o pensamento.

Eu sou um escroto.

Mereço ficar sozinho mesmo.

O que esperava? Que Hoseok amasse você?

Ninguém jamais amaria.

Deveria é ter nascido com um anel logo pra largar de ser idiota.

Pelo menos assim, eu não machucaria tanto as pessoas.

Me forço a dormir. Mesmo com tantos pensamentos ruins rondando a minha cabeça. Afinal, já estou acostumado com eles no canto da minha mente.

E sigo o processo de tentar não me sentir um merda e só viver no automático pelos próximos dias.

》》》

2 semanas até eu surtar.

Não consigo mais evitar meu melhor amigo. Evitar o homem que eu amo. Eu preciso fazer alguma coisa.

Descontar a minha raiva.

Como eu queria ser um boxeador para poder descontar toda a minha frustração em um saco de pancadas. Socá-lo até minhas mãos sangrarem.

Mas eu não sou um boxeador. Sou um compositor. Então faço o que eu sei fazer de melhor.

Depois da aula, vou para o lugar que mais me acalma.

A sala de música.

Sento no piano enquanto penso no quão simples era quando minha vida era só isso.

Minha única preocupação no mundo era aprender a tocar.

Orgulhar minha mãe.

Tocar as notas certas, na velocidade certa naquele velho piano marrom empoeirado.
Antes que eu perceba, estou tocando uma melodia e dizendo as frases de uma música. Ambas vindas direto do meu coração.

“Em um canto da minha memória
Um piano marrom encostado à um lado
No canto da minha casa de infância
Um piano marrom encostado à um lado
Eu lembro daquele momento
Muito maior do que minha altura
O piano marrom que me guiou
Eu procurei por você
Eu ansiava por você
Quando eu te toquei com os meus pequenos dedos
Eu me sinto tão bem, mãe, eu me sinto tão bem
As notas que só soavam onde meus dedos alcançavam
Eu não sabia o seu significado naquela época
Naquele tempo eu ficava contente em apenas te olhar”

O anel de Símbolis #Wattys2019Onde histórias criam vida. Descubra agora