Capítulo 5

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Entro na biblioteca e vou pra seção de documentos da escola, determinado a achar alguma resposta.

Acho um anuário e vejo o desse ano e vejo uma foto minha, com meu cabelo napolitano.

Até aí tudo bem, mas procuro também o do ano passado e eu também estou lá, só que com o meu cabelo preto.

Mas eu não tava aqui em janeiro do ano passado.

Abro em 2016 e também tem uma foto minha e em 2015, 2014, 2013...., todos correspondendo com a minha aparência da época.

Jogo todos no chão e sento sob eles.

Era exatamente como eu parecia naquelas épocas. Mas como eu estava aqui, se eu estava na Terra? Será que minha vida foi um sonho ?

Não, não é possível.

Aquilo foi real. Eu sei que foi. A dor de quando meu padrasto me humilhava. A tristeza de quando minha mãe morreu. O afeto enorme que sentia por Jungkook. As constantes merda que me aconteciam na escola. Eles têm que ter existido.

Pela primeira vez no dia me permito chorar.

Eu sempre fui uma pessoa chorona, estou impressionado o quanto aguentei hoje.

Nunca me senti tão perdido na vida, parece que o chão sobre meus pés simplesmente sumiu. Eu só quero minha família. Só quero explicações. Lágrimas descem do meu rosto de maneira tão rápida que quando percebo a página do anuário que eu estava segurando esta completamente encharcada.

Continuo passando as páginas do anuário e vejo uma foto de Jungkook no primeiro ano em 2018.

ㅡ Ele 'tá aqui.- Sussurro pra mim mesmo.

ㅡ Ele quem? - uma voz atrás de mim se faz presente. Viro e vejo Namjoon me encarando curioso.

ㅡ Ah, ninguém. Deixa pra lá. - tento limpar minhas lágrimas, levanto do chão, fecho os anuários e os coloco de volta no seus lugares. - Enfim. Vamos estudar, porque eu não sei absolutamente nada.

Eu vou na frente e escolho uma mesa. Ele se senta ao meu lado e pergunta:

ㅡ E aí, quer começar com o que?

ㅡ Você tem a lista das matérias?

ㅡ Tenho. Aqui - ele pega na mochila e me entrega um papel com as matérias do semestre.

1. Física
2. Mitologia Símbole
3. Desenho espacial
4. Artes Musicais
5. Matemática

A lista era enorme mas preferi focar naqueles primeiros. Já sabia por onde começar. Eu queria conhecer o máximo possível daquele planeta tão diferente e tão confuso.

ㅡ Mitologia Símbole.

ㅡ 'Tá, deixa eu só pegar minhas anotações. - Ele pegou seu caderno deu uma lida rápida e disse.

ㅡ "Vamos começar pelo começo. Aquela velha história que ouvimos desde sempre. Eu não sei como você vai tão mal nessas provas, é a matéria mais fácil. Mas enfim, existiam 2 Deuses, a Estelar e o Lunar, mas só um planeta para eles controlarem: A Terra.

Então Estelar criou uma outra linha no tempo-espaço para que ela tivesse total controle sobre ele, e assim foi criado Símbolis. Porém ela não conseguiria povoar todo um planeta sozinha, então ela desceu a Terra diversas vezes e os trazia para Símbolis, esses que hoje são chamados de almas puras, porém levava muito tempo.

Assim, ela começou a pegar pessoas da Terra, todas elas viviam aqui mas além da Terra ter ficado deserta, o Deus Lunar ficou furioso e exigiu que Estelar devolvesse algumas pessoas.

Portanto, já que havia violência, preconceito e egoísmo foram criados os crimes banalizantes. Se você cometê-los você será banido pra Terra e não terá chance de voltar, consequentemente, todas as almas que estão na Terra hoje, já cometeram algum desses crimes.

E as pessoas que estão em Símbolis tentam muito não cometer esses crimes, por isso muitos evitam se apaixonar, ou beber, ou usar drogas, para não perderem a noção e acabarem na Terra. Alguns filósofos dizem que a Deusa Lunar ainda traz os grandes sofredores da Terra para cá, mas eu acho só mais uma teoria da conspiração."

Fiquei um tempo pra processar tantas informações, pelo menos agora as coisas fazem um pouco mais de sentido.

ㅡ Ah. Foi ótimo, Namjoon. Obrigado. - agradeço e me levanto, arrumando minhas coisas com pressa. Ansioso pra tentar começar a encaixar as peças desse quebra-cabeças.

Ok...então eu sofri e por isso estou aqui, mas não foi um sofrimento tão grande se você parar pra pensar. Existem milhares de coisas piores na Terra do que ter sofrido bullying, perder a mãe e seu padrasto não gostar muito de você.

E segundo o Namjoon, a Deusa lá não pega mais gente da Terra. E o Jungkook? Por que ele também veio pra cá? Com toda aquela história eu acabei até esquecendo dele. Preciso encontrá-lo, só ele vai me entender e quem sabe me ajudar a encontrar as respostas de tantas perguntas.

Me dirijo até a secretaria e reencontro a moça simpática.

ㅡ Boa tarde, Senhora Park.

ㅡ Boa tarde, Tae. Pois não?

ㅡ Eu queria pedir um favor. Tem como você me passar informações sobre o aluno Jeon Jungkook?

ㅡ Ah, me desculpe, Taehyung mas eu não posso. Faz parte das regras da escola, não podemos divulgar informações de alunos para absolutamente ninguém.

ㅡ Poxa. Mas tudo bem, obrigado mesmo assim.

Quando começo a ir em direção a biblioteca, esbarro com o Yoongi no caminho.

ㅡ Oi, Yoongi, eu preciso da sua ajuda.

ㅡ Claro, você sabe que é meu melhor amigo, Tae.

ㅡ Você sabe alguma coisa sobre Jeon Jungkook?

ㅡ Além do fato de que você é trouxa por ele desde o começo do ano? Não.

ㅡ Que? Como assim?

ㅡ Ué, Tae, você tá tentando arrumar jeitos pra casar com ele desde que eu te conheci, no começo do ano.

ㅡ Ah...é... eu já tinha até esquecido. - dou sorriso constrangido e Yoongi me olha desconfiado.

ㅡ Você bateu a cabeça em algum lugar ontem foi? Você tá muito estranho hoje.

ㅡ Eu acho que não. Impressão sua. Eu nunca estive tão bem. - Dou um sorriso quadrado, tentando convencê-lo.

ㅡ Hmm... mesmo assim. Você vai pra sala dele agora? - diz levantando a sobrancelha.

ㅡ Sim. Eu só tava tendo dificuldade em lembrar do número.

ㅡ Acho que vocês têm aula de música juntos, agora, não?

ㅡ Ah, é mesmo. Obrigado, Yoongi. Acho que o álcool acabou apagando umas memórias minhas. - rio meio constrangido.

ㅡ De nada. - ele me olha confuso uma última vez e se vira pra ir embora.

Eu tiro meu horário do bolso e vejo minha última aula de hoje. Música. Sala 18. Será que meu irmão está mesmo aqui? Não consigo acreditar que finalmente eu vou me encontrar com alguém que conheço. Alguém que saiba a confusão que eu estou sentindo.

A única família que tenho já há algum tempo.

A única pessoa que ainda amo. Se ele estiver nesse mundo, eu consigo passar o resto da vida aqui, sem reclamar.

Caminho confiante seguindo as placas até a sala 18. Graças a Deus que essa escola tem placas pra todos os lugares se não eu estaria frito.

Dou uma espiada pela porta e vejo uma sala marrom enorme, com vários instrumentos e um espelho na parede.

Mas o que prende o meu olhar é um garoto, agora mais alto e definido, com os cabelos rosa e seus enormes olhos de jabuticaba.

Meu irmão, por mais que esteja diferente, ainda é ele.

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O anel de Símbolis #Wattys2019Onde histórias criam vida. Descubra agora