Capítulo 22

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Sigo Jimin até o jardim onde eu acordei sem memórias e o acusei de ser um pervertido.
Sorrio com a lembrança.

Quem diria que aquele lunático seria a minha alma gêmea…

Se o meu eu daquele dia pudesse me ver agora…

ㅡ Está melhor? – ele pergunta preocupado.

ㅡ Estou. Obrigado. – meus olhos provavelmente ainda estão inchados e meu rosto vermelho mas pelo menos parei de chorar.

ㅡ Que bom. – ele abre um sorriso. ㅡ Seria muita intromissão da minha parte perguntar o porquê de você estar chorando? – ele pergunta envergonhado e dou um sorriso.

ㅡ Normalmente, se fosse qualquer outra pessoa eu diria que sim, mas com você e toda essa gentileza, não dá pra dizer não, né?
Ele sorri e se senta em um dos degraus da saída do colégio. Me sento junto a ele e crio coragem pra falar. Ele sorri, me passando confiança.

ㅡ Bom, eu tinha um irmão, sabe? Nós éramos muito próximos, ele sempre vinha até mim quando precisava de ajuda ou consolo. Nós vivíamos grudados desde criança. Ele era a pessoa que eu mais amava no mundo. Mas recentemente, eu… - minha voz trava e me controlo para não recomeçar a chorar. ㅡ eu o perdi. Ele se foi. Eu vivo vendo ele… na minha cabeça e saber que eu não posso estar com ele, me mata por dentro. – eu digo pausadamente e respiro fundo. ㅡ Às vezes eu queria esquecê-lo sabe? Seria bem menos doloroso se eu não lembrasse de nada.

Olho para baixo e imagino uma borracha apagando Jungkook de minha mente.

ㅡ Nossa, eu sinto muito. Eu te entendo.– ele aperta meu ombro. ㅡ Eu também perdi um irmão. – ele sorri triste.

ㅡ Sério? – Que estranho para um lugar sem violência, a taxa de mortalidade aqui é alta.

ㅡ “Sim. Eu me lembro até hoje, apesar de na época eu ter só 2 anos. Minha mãe estava grávida e ela estava borbulhando de felicidade. Todos estávamos. Eu era uma criança muito solitária na época e sonhava em ter um amigo.

Quando chegou nas últimas semanas da gravidez, eu lembro que o médico disse que o bebê tinha alguma coisa, que eu não entendia muito bem, mas percebi que meus pais ficaram arrasados.

No dia do parto, meus pais não me deixaram ir ao hospital com eles. Eu fiquei na casa da minha vó e eu sabia que tinha algo muito errado, chorei até eles chegarem em casa. Quando isso aconteceu, não tinha nenhum bebê em seus braços.

Na época, eu não entendi o que tinha acontecido. Depois eles me explicaram que o bebê tinha uma doença rara chamada: Osteogênese Imperfeita, tipo II, também conhecido como ossos de vidro.

Basicamente, os ossos se quebram com facilidade. E como a tipo II é a mais grave, o bebê raramente sobrevive ao parto e quando sobrevivem só duram alguns minutos.” – Ele parecia triste mas não estava chorando. Imagino que deve ter contado essa história muitas vezes.

ㅡ Eu sinto muito. – digo e logo o abraço.

ㅡ Está tudo bem, eu já superei. Mas ainda dói saber que ele podia estar aqui comigo, podia ter vivido uma vida linda. Ele estaria com 16 anos hoje, seu nome era Park Jihyun. Nunca o conheci, mas nunca vou esquecê-lo.

ㅡ Nem sei o que dizer. Minha estória parece até banal agora.– Afinal, ainda posso vê-lo e sei que está bem.

ㅡ Eu duvido. – ele se levanta de repente e estende a mão para me ajudar.

Aceito sua ajuda e levanto com ele. Mesmo de pé, seus dedos ainda continuam entrelaçados com os meus e eu sinto um conforto no meu coração. Em poucos minutos, ele me confortou, de modo que nem minha mãe conseguia.

ㅡ Eu quero te mostrar um lugar. – Ele interrompe meus pensamentos.

Ele vai guiando o caminho e só percebo onde estamos quando vejo uma nem tão pequena casinha de vidro.

Uma estufa.

Nem preciso dizer que é linda, né?

Apesar de o jardim ser repleto de flores lindas, não é nada comparado a beleza da estufa.

Assim que entramos, vejo vários vasos de tipos de planta diferentes, sinto o cheiro de terra molhada e sou agraciado pela visão dos raios solares entrando e iluminando aquele belo lugar.

Por um momento, me lembro da minha mãe. Ela adorava plantar flores no nosso pequeno jardim. Eu sempre ajudava ela de manhã.
Por um instante, eu sorrio ao lembrar dela.

Mas logo em seguida, me lembro que ela me deixou, para sofrer com aquele troglodita e o sorriso some do meu rosto tão rápido quanto surgiu.

ㅡ Vem. – Jimin me puxa levemente pela mão.

ㅡEssa é a minha preferida, . É a única que eu sei o significado, sinto muito.

ㅡ Pelo que?

ㅡ Por não ser aqueles caras que sabem tudo sobre flores e conquistam as pessoas assim. – ele olha para baixo, sem graça, o que só faz meu sorriso aumentar.

ㅡ Não tem pelo que se desculpar, Jimin. Você é maravilhoso assim, não precisa fingir ser outra pessoa. – eu digo me aproximando dele e segurando suas mãos.  ㅡ Além do que, seria injusto com o resto das pessoas. Imagine só você ser lindo, gentil, compreensivo, gostoso e ainda saber tudo sobre… - Não termino a frase pois seu lábios encontram os meus.

Consegui sentir a alegria atravessando meu corpo e se instalando no meu peito. Sinto a mão de Jimin me puxar, suavemente, pela nuca, aprofundando o beijo. Seus lábios são tão macios e o beijo é lento.

Acho que não tínhamos pressa em encontrar nosso ritmo.

Continuamos nos beijando por alguns minutos e ele se separa de mim, gentilmente. Mesmo assim, continuamos próximos com minhas mãos sobre o seu pescoço e nossas respirações juntas. Fico brincando com os cabelos de sua nuca.

ㅡ Tae.

ㅡ Oi. – nos entreolhamos sorrindo.

ㅡPosso fazer uma pergunta? – ele pega minhas mãos de seu pescoço e as segura.

ㅡ Claro.

ㅡ Por que você saiu correndo daquele jeito ontem?

ㅡ Ahn, eu não saí correndo. – Digo olhando em outra direção que não em seus olhos. Merda, por que eu sou tão ruim com mentiras?

ㅡ Saiu sim.

ㅡ Ahn… é….é que eu senti uma coisa.

ㅡ O quê? - Ele me olha com expectativa. Quase consigo ver seus olhos brilhando.

ㅡ Diarréia.

Digo surpreendendo tanto eu quanto ele.

Não acredito que acabei de dizer isso.
Por um momento ficamos tensos com minha resposta, mas acabamos caindo na gargalhada.

Começamos a rir e ficamos assim por alguns segundos, até que vamos parando aos poucos e ele me dá um beijo rápido.

ㅡ Nossa, Tae. Você é único cara que seria honesto assim em um momento como esse. – ele sorri e eu retribuo o gesto.

ㅡ Você quem perguntou. – Digo batendo de leve em seu braço.

ㅡ Você é louco mesmo assim.

ㅡ Eu te avisei. Agora é tarde. – sorrio e o puxo para mais um beijo.

🎀🎀🎀

Não sei se vocês repararam mas já citei várias doenças, pois como aqui não tem violência, é um dos poucos meios de as pessoas morrerem. Sem contar, que eu sou uma futura médica então, né. Mas vou tentar não entediar tanto vocês, rs rs. Não esqueçam o votinho.

O anel de Símbolis #Wattys2019Onde histórias criam vida. Descubra agora