Capítulo II - Fell e Blueberry

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Ink estava em Underfell

Ainda precisava conversar com Fell Sans sobre os preparativos do aniversário de Blueberry já que no dia anterior Error havia frustrado seus planos.

Estava tão aéreo que sequer notou quando já se encontrava em frente a casa de Fell. Bateu na porta e aguardou.

– O que quer? – foi o que Papyrus disse assim que abriu a porta.

– Desculpe o incômodo, eu preciso falar com o Fell sobre um assunto de outra AU. – Ink respondeu, com muito cuidado na escolha de palavras. Sabia que se o outro soubesse sobre se tratar de outro universo que não o seu, não iria questionar mais.

– SANS! TEM UM CARA COLORIDO QUERENDO FALAR COM VOCÊ! – Gritou para o irmão, entrando novamente em casa sem se importar com a visita plantada do lado de fora.

– Ink? – Fell chamou assim que chegou na entrada.

– Sim. Vamos, o Blue me deu uma lista ontem do que faltava, ele e o Dream vão cuidar dos comes e bebes. – Falou entregando a pequena lista para o amigo e se aprontando para a caminhada que fariam.

O outro assentiu com a cabeça e então seguiram para o mercadinho perto dali.

– Ei Ink – Fell chamou, após alguns minutos de caminhada – O que aconteceu com você e o Error ontem? Em um segundo vocês estavam lutando e no outro haviam sumido... – Falou, parecendo realmente confuso   – O que aconteceu?

– Ah... Bom, não aconteceu nada demais, nós conversamos. – Respondeu, tentando evitar o assunto.

– E... Conversaram sobre o que? – Mas Fell insistiu.

–Ah... – Suspirou – Aparentemente nós temos uma trégua. – Disse, franzindo a testa e já sabendo que não poderia evitar o assunto.

– Como assim? – perguntou, percebendo que já estavam em frente ao mercado.

Ink Suspirou novamente enquanto entravam no mercado e buscavam por uma cestinha.

– Ah, ele disse que se eu não deixasse lixo jogado por aí ele não precisaria fazer o trabalho dele. – Respondeu, se dirigindo ao setor de decoração.

– Ink, você deveria explicar as coisas um pouco melhor, sabe? – Fell falou, já impaciente com o enrolado do artista.

– E-Eu sei... Mas olha, eu realmente não tô com cabeça pra falar disso agora, na verdade, eu tô tão confuso quanto você.

– Certo – Suspirou – então você vai ter que contar quando estivermos com o Blue e o Dream, entendeu? – Ditou, e sem esperar por uma resposta se dirigiu ao final do setor.

Outra vez, um suspiro escapa pelos lábios do criador frustrado.

Baixou a cabeça, e se aproximou vagarosamente de onde Fell se encontrava.

Estava com dor de cabeça, sabia que Error não iria demorar para começar sua "limpeza".

– Qual a cor dos balões que o Blue pediu? – perguntou assim que chegou perto o suficiente para o outro ouvir.

– Vermelho e roxo. – respondeu encarando a pequena lista em suas mãos.

– Certo. – Disse, sem conseguir falar mais nada.

– Olha, – Suspirou – Desculpe ter sido tão invasivo, eu estava com raiva mas, sei que isso não justifica, você deve ter um milhão de outras coisas pra se preocupar. – Falou, em um tom calmo, que não era costumeiro de sua personalidade.

Ink o olhou, um pouco surpreso.

– Tudo bem... Eu acho? – Replicou, um tanto incerto – Desde quando você se desculpa Fell? – Questionou, genuinamente curioso.

Fell esboçou um pequeno sorriso.

– Desde que eu virei amigo do Blue. – Ambos riram.

Blueberry era realmente incrível afinal.

Pagaram pelas compras, e seguiram de volta para a casa de Fell.

Desta vez, o caminho não foi acompanhado pelo silêncio, mas sim por conversas paralelas que, em sua maioria, envolviam um certo garotinho de cabelos azul celeste.

Ao chegarem em frente à residência, Ambos se dirigiram para o quarto de Fell, onde deixaram tudo, deixariam para organizar amanhã de manhã, para que a pequena festa ocorresse a noite.

Conversaram mais um pouco, e depois Ink foi embora.

Já era noite, e Ink se sentia, mais do que nunca, perdido. Não saiu de Underfell, ficou lá, caminhando pela floresta de Snowdin. Talvez precisasse "esfriar a cabeça".

Ink podia sentir a presença de Error em uma AU, era uma presença pacífica, sabia que o outro estava esperando por si, ele já estava lá a quase meia hora.

Ink sabia que não poderia escapar.

Respirou fundo antes de abrir um portal com seu pincel e pular dentro dele.

Quando chegou a AU de onde veio a presença de Error, se viu em um completo vazio, quase lembrava o Anti-Void se não fosse pelo ambiente aparentemente nublado.

– Este universo foi abandonado pelo seu criador.

Ouviu, e logo se virou, encontrando o destruidor à alguns metros de distância.

– Está aqui, esquecido e rejeitado há dois anos. – Error continuou – Nunca souberam da existência desse lugar, ninguém vai sentir falta, mas eu preciso da certeza de que você não vai atrapalhar o meu trabalho. – falou, com os olhos inexpressivos e postura severa, precisava da afirmação do criador, não poderia arriscar o multiverso por algo de magnitude tão pequena.

Ink apenas encarou Error, o destruidor pedia permissão ao criador, mas nada foi dito.

Error não podia se limitar a uma resposta verbal, então, considerou o silêncio como uma hesitante forma de dizer sim.

Com isso, o destruidor absorveu a energia presente naquele universo, para então poder separar seu código do restante do multiverso, conseguindo, finalmente, desmonta-lo átomo por átomo.

Ink apenas assistiu enquanto tudo a sua volta se desmanchava, como tinta escorrendo por uma tela, até que não sobrou mais nada do universo e eles estavam juntos de volta à rascunhosfera.

– Irei começar a limpeza, e espero não ser interrompido. – Error declarou, e Ink apenas baixou a cabeça.

Error suspirou.

– Ink, eu realmente não sou alguém mau, – Começou, escovando seus fios azuis para trás com os dedos e suspirando profundamente – por isso, escute bem o que irei fazer, está ouvindo? – questionou, encarando o jovem de cabelos coloridos.

Ink levantou a cabeça e fitou os olhos que no momento pareciam capazes de ver através de si, invasivos e inquisidores. Ink apenas assentiu lentamente, sem expressão alguma no rosto.

– AU's não terminadas são um labirinto sem fim, separá-las do multiverso poderia causar uma tragédia se feito errado, então isso também será útil para mim. Eu irei dar seis meses para cada um, seis meses para serem lembradas, se um AU permanecer intocada por mais que isso não vai ter outra chance, entendeu? – Questionou, sem dar realmente alguma importância para a resposta e foi embora.

O artista permaneceu parado, encarando o nada.

Ele estava triste.

Não conseguia entender como um sentimento artificial podia ser tão intenso e isso só o deixou mais triste.

Estava bem acordado e de olhos abertos quando viu as cores ao seu redor se tornarem frias, a rascunhosfera não lhe parecia tão acolhedora naquele dia.

No fim não podia fazer nada, mas pensaria nisso mais tarde, ainda tinha uma festa para organizar no dia seguinte.






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