E eu guardava a lâmina no bolso do meu casaco favorito
Foi o jeito que eu achei de não estar morta, mas levar a morte comigo para qualquer lugar
Quando as coisas ficavam ruins
Eu jogava garganta abaixo todos os tarjas pretas que eu podia
Eu estava fora de controle
Como dizem por aí, perdi o fio da meada
Esse é um daqueles momentos em que eu leio e releio a minha lista telefônica
E apesar de haver milhares de números ali
Não tenho pra quem ligar
Nesse momento eu pego o computador
E eu transformo dor em poesia
E eu viajo sem os remédios
Me abro sem a lâmina
E a poesia vai
E eu leio o que escrevi
E a poesia volta
Agora eu fecho os olhos e suspiro
Da próxima vez vou fazer mais de trinta linhas.