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São duas horas da manhã

Eu levanto e olho para o lado vazio da cama

Passo as mãos pelo lençol macio esperando sentir algum calor ou qualquer coisa que prove que você esteve aqui

Mas não há nada

Olho ao redor

Procurando qualquer objeto,

Qualquer desastre que você tenha feito nas paredes,

Qualquer sinal

De que você pisou nesse carpete esta noite

Com seus tênis ridiculamente sujos

E sua camisa de botões

Que agora deve estar rasgada

Mas não há um vestígio de tecido no chão

Me pergunto se você se deu o trabalho de recolher qualquer linha ou fiapo de tecido

E, amor

Isso dói

Muito mais do que qualquer dor que você já me causou no passado

Você vem à noite quando ninguém está olhando

Você me deixa rasgar sua camisa e faz coisas comigo que ninguém nunca fez

Mas eu acordo e você não está

A cama está fria

O carpete e as paredes limpas

Você não deixa um fio de cabelo

Um rastro

E eu preciso disso, querido

Preciso sentir que esteve aqui e que eu posso lembrar

Vou até o banheiro e procuro nos armários

Na lixeira

Na droga do vaso sanitário

E não há nada

Estou entrando em pânico com a ideia de que você não suporta o fato de deixar partes suas comigo

E não falo só de objetos

Falo de carinho ou qualquer tipo de afeto

Porque se eu te encontro na rua

Você só sorri e acena

Como se nunca tivesse entrado na minha casa

Ou no meu corpo

Antes

E isso é frustrante, amor

Respiro fundo

Conto até dez

E volto pra cama

O medo vai embora

E eu rezo antes de dormir

Rezo pra que você venha amanhã

Soffocato Onde histórias criam vida. Descubra agora