Sou mais um vulto

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Sou mais um vulto.

               

        ( Woodyh Oliveira)

     19/ 01/2019.  16 horas 40

Sou mais um rosto sem face,

Entre milhares de rostos comuns.

São todos especiais,

Por isso sou só mais um.

Misturados com tantos outros.

Anônimos pelas veias e vias das cidades.

Enigmas e ilusões.

Um amontoado de mentiras e verdades.

O vão e a plataforma.

A fantasia e a realidade.

Sou mais um.

Quase nenhum.

Parecido com ninguém.

Não lembro ninguém.

Mais um passageiro,

No vagão passageiro do trem.

Igual a alguns.

Diferente de uns.

Despercebido, invisível.

Um borrão, não visto.

Sou mais um

Vestido ou nu…

Quem me vê, nem me viu.

Quem me viu, já não vê.

Sou assim difícil de lembrar.

Fácil, fácil de esquecer.

Sou fantasma que sumiu.

Sou alguém que não apareceu.

No meio de tantos rostos,

Sou espelho sem reflexo.

Sou mais um espectro,

Nada especial.

Só mais um,

Desfigurando a paisagem.

Sou mais um,

Semelhança e imagem.

Sou mais um,

Sem máscara e sem maquiagem.

A cara de um cara qualquer.

Cara a cara com o que vier.

A face sem disfarce.

Só mais um.

O inteiro feito de metades.

Mais um rosto na multidão.

Talvez eu não pareça com ninguém,

Nem mesmo comigo mesmo.

Sou mais um rosto disforme, um vulto...

Preso a vórtice da correria.

Que faz a vida passar despercebida.

Tento me enquadrar na cega ilusão,

De achar que faço algo de importante

Diluído na louca procissão.

Tentando ser pelo menos mais um.

Assim sou todos,

Em todas as vezes das vezes.

Que sou só mais um.


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