Entre tantas outras coisas.

Enquanto isso

Enquanto isso 

( Woodyh Oliveira ) 12hs 12. 09/03/2020

Adoça o meu dia salgado. 
Quando em mim, derrama essa meiguice. 
Essa delicadeza cristalina. 
Inebriante mimo, sou grato.  

Essa transparência dos teus olhares.
Põe minha alma em arrepio. 
A leve rouquidão da tua voz 
Faz todas as minhas células incendiarem.  

Toda essa tua timidez, 
Deixa teu falar, um sussurro. 
Me deixa encabulado. 
Eu suspiro, confuso. 

Essa tua nua ingenuidade.
Vestida de malícia.
Envergonhado, me sinto culpado. 
Por um crime que não cometerei. 

Parece maldade a tua inocência. 
Ou eu acriançado
Me engano? 
Ou é minha razão em ausência? 

Me sinto infringindo o sagrado. 
Quando me olha.  
Como se não me olhasse. 
Como se viver não bastasse.  

Me sinto traindo sua confiança, 
Fingindo pra mim que nada sinto. 
Que estou confundindo as coisas. 
Tento em vão não pensar no que penso. 

Me faz sentir como se eu estivesse nu, 
Como se fosse capaz de ler minha alma, 
Meus segredos… 
Mistérios que eu nem sabia que havia. 

Sei que você sabe que eu sei.
Que você sabe do que eu sinto. 
Sei do que sente e quer, 
Mas prefiro me fazer de desentendido. 

Vamos seguir fingindo.
Só nós sabemos que estamos infringindo.
Você jura que não me quer.
Eu juro que não estou envolvido. 

Melhor que não me arrisco. 
Fantasio que é proibido. 
Que é eu que quero.
E que você nada quer comigo. 

Melhor pôr no plano dos sentidos.
Deixar o desejo me consumindo. 
Pra que acontecer? 
Que perigo há nisso? 

O que haverá depois de acontecer? 
Prefiro não saber. 
Tudo que começa, acaba.
Melhor assim pra não se perder.

Deixo assim como está.
Pelo menos tenho algo comigo.
Há um medo...
De adulterar o que sinto. 

Pra que estragar? 
Sou só um brinquedo, sei disso. 
Pra você um jogo, um capricho. 
Me esforço pra acreditar nisso. 

Você só me vê com pureza. 
Eu que tento te corromper. 
Você não me seduz. 
Eu que não sei me conter.  

O que há em ti?
Que me desatina, 
Que me faz cativo, 
Que rapta toda minha atenção. 

Enquanto isso, corro perigo.
De mais no menos viver.  
Querendo nada e tudo. 
Morrendo sem ter amor e prazer.