~ Gabriel/Pk Narrando ~
(3 anos atrás)
Aqui estou eu, com o meu pai nos braços, rodeado de sangue. Os bota subiu e tudo foi tão rápido, atiraram nele 3 vezes. 1 tiro na perna, 1 no abdômen e outro no peito.
Ele me olhava, com o olhar que ele sempre teve. Olhar de respeito, afeto, carinho e acima de tudo AMOR.
Observava ele dar os suspiros que ficavam cada vez mais difíceis de sair, quando ele me chamou.
Pai do Gabriel: Filho?.. - me aproximei mais ainda dele.. - Eu te amo, promete ser forte? Agora só restou você.
Uma lágrima caiu dos seus olhos, e então uma caiu do meu e logo em seguida várias outras.
Gabriel/Pk: Eu vou ser forte pai.. - respirei fundo tentando parar de chorar.. - Prometo aguentar a barra, o medo e até quando a tristeza bater, eu vou ser forte. Mas promete que vai estar olhando por mim? Promete que nao vai me deixar sozinho em nenhum momento?.. - ele assentiu.. - Como eu vou viver sem você pai? Como? - o abracei e chorei mais ainda.. - Eu te amo pai, me perdoa por todas as nossas brigas por favor.. - ele nos separou.
Pai do Gabriel: Eu te amo filho e pra sempre vou te amar.. - e então seus olhos se fecharam.
E eu? Eu fiquei ali ajoelhado, gritando com toda a força que tinha. Me permitindo sentir a dor de ter meu pai arrancado de mim desse jeito.
Ah muito tempo eu não chorava ou gritava desse jeito. Nunca tive mãe por que ela morreu no meu parto, então sou filho único.
Tenho os meus parças mas ninguém se compara ao meu pai, que agora está aqui, morto.
Me permito gritar mais uma vez, me permito sentir aquela dor, nunca sentida antes. Afinal, a dor precisa ser sentida.
Me levanto daquele chão gelado, peço pra retirarem o corpo dele e prepararem o funeral.
Mandei ter luto na favela por 3 dias, ninguém entra e ninguém sai. Mandei fecharem todas as lojas e só seriam abertas após esses 3 dias de luto. Mandei fazer um enterro digno à todos que morreram nessa invasão. E no final, pedi aos céus pra aquela dor sair de mim.
Fui direto pra casa e vi a Letícia arrumando as malas, ela era minha mulher. Estávamos juntos à 1 ano, e agora ela vai me deixar quando eu mais preciso dela?
Puxo ela pelos braços e olho dentro dos seus olhos.
Gabriel/Pk: Pra onde você vai amor? - ela dá um sorriso de lado.
Letícia: Pra onde eu vou? Eu vou embora Pk, a casa caiu. - olho pra ela sem acreditar a soltando.
Gabriel/Pk: Como é que é? Você vai me deixar logo agora? Você não pode fazer isso com o nosso amor não! - digo meio exaltado.
Letícia: Que amor Pk? Amor ao dinheiro que você me dava? Pelo amor de Deus, como você pode ser tão burro? Eu amava teu dinheiro, e agora que teu pai caiu esse morro vai cair junto, e não pense que eu vou ficar aqui pra te visitar em prisão, por que eu não vou! - ela falava enquanto colocava as coisas na mala.
Gabriel/Pk: Amor, vamos conversar. Eu preciso de você. - falei tentando abraçar ela que na mesma hora me empurrou.
Letícia: SAAAAAI.. - gritou me fazendo olhar pra ela assustado. - Eu tenho nojo de você, não sei como aguentei ficar contigo todos esses anos. - mais uma vez, me encontrei chorando.. - aaah agora o bebezinho vai chorar? Que pena, estou indo embora baby.. - fechou as malas e se foi.
Sentei no sofá vendo tudo rodar, com sangue nos olhos. Meu pai morreu e no mesmo dia a mulher que dizia me amar, vai embora, dizendo que só amou o meu dinheiro.
Minhas mãos tremem de ódio e raiva, meu maxilar fica duro e meu rosto se fecha, as lágrimas secam rapidamente.
Pk bonzinho me dá um adeus, e o Pk demônio me dá um Olá.
(ATUALMENTE)
3 ANOS DEPOIS.
Gabriel/Pk: Rala.. - mandei a puta sair do escritório assim que acabou de fazer o que sabe.
Minha vida tem sido assim, escura, sombria e sem alegria alguma.
Tenho meus manos que me ajudaram a reerguer e a reconstruir tudo o que tenho hoje, O Lucas e o Pedro Henrique mais conhecidos como Lc e Ph. Eles foram o que mais me fortaleceram depois da morte do meu pai e o abandono da Letícia.
Por falar nela, nunca mais ouvi nada sobre ela. Nem se ela está viva ou morta, e agradeço por isso.
Me fechei e me tranquei pro tal do "amor", não que eu não acredite mais nele, só não acredito mais nas pessoas.
Os únicos que vêem meu lado bonzinho são o Lc e Ph. Pro resto, eu sou o próprio demônio.
Quando as pessoas me vêem, elas abaixam a cabeça, foge, mudam até de calçada.
Saio comendo geral, mas sem amor nenhum. Apenas por tesão. Depois que a vagabunda da Letícia me deixou, prometi a mim mesmo que nunca mais me apaixonaria ou amaria alguém.
Já me olhei diversas vezes no espelho, não me reconheço mais. Depois daquele dia trágico eu nunca mais chorei. Nunca mais.
Eu era uma pessoa boa, aliás, uma pessoa ótima. Sorria, brincava com todos, deixava me levar pela compaixão. Não que hoje em dia eu não seja bom com os moradores, quando alguém me procura com necessidades eu ajudo e tals. No Morro eu fiz creche, hospital e os caralho a quatro, mas não me socializo com ninguém mais.
Hoje eu mato sem dó sem piedade, hoje nada mais importa à não ser eu.
Hoje passo por cima de todos, e a única coisa que importa é a minha opinião.
Às vezes olho pros meus amigos, Lc e Ph.
Lc com toda à história dele, todo sofrimento dele continua a mesma pessoa. O mesmo ser humano bom.
O ph então nem se fale. O ph ja sofreu tanta coisa nessa vida, mas mesmo assim, no pior dia da vida dele, eu vi ele ajudando uma menina e uma bebê de colo. Hoje em dia ele trata a menina como irmã e a neném como filha. Quase nunca vejo elas na rua, em três anos só vi 3 vezes. O cuidado que ele tem com elas é sensacional.
E eu me tornei a pessoa mais sombria que já pude conhecer, vivendo um dia de cada vez, apenas esperando a morte.
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MAIS UM CAPÍTULO PRA VOCES, COMO O PK É SOMBRIO NÉ? MAS ELE TEM SEUS MOTIVOS.
VAMOS DE META? 20 VOTOS E 10 COMENTÁRIOS NOVAMENTE. GO, GO, GOOO!!!
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Maktub. - O COMEÇO.
Teen FictionMaktub é uma palavra em árabe que significa "já estava escrito" ou "tinha que acontecer". CONCLUÍDO E REVISADO ✅