Capítulo 6: Luto

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— O que acha desse? — Bella desfilava pelo quarto de Alyssa, agarrando um vestido por cima da roupa. — É muito alegre para um velório, né? Melhor não. — A garota jogou o vestido em cima da cama, juntamente com uma pilha de outros que ela havia experimentado. — O que você vai vestir, Aly?

Alyssa estava sentada encarando a janela da varanda de seu quarto conforme observava o tempo lá fora. Era a Inglaterra, então claro que o tempo estava fechado e ameaçava chover a qualquer instante. Em Cambridge, todo dia era um dia perfeito para um velório.

— Não sei — Respondeu  — Provavelmente algo da Stella McCartney.

— Ah, vocês vão tudo chique e só vai dar eu lá com o vestido da minha mãe! — Gritou Isabella de dentro do closet. — Nossa Aly! Você tem tantas roupas... Olha esse! — Bella saiu com um vestido preto de renda da Chanel grudado ao corpo. — Bem que você podia me emprestar esse, não é?

Alyssa voltou ao interior do quarto e observou a prima.

— Se quiser, pode até ficar — Disse com simplicidade. Aly sabia que de qualquer jeito, Bella ia acabar pegando o vestido e "esquecer" de devolver.

— Sério?! Já disse que você é a melhor prima do mundo?

— Na verdade, não. Você nunca disse.

— Mas eu demonstro com as minhas ações — Bella avançou e beijou a bochecha de Alyssa. — Viu?

— Agora que já achou o que vestir, será que pode ir andando? Falta menos de 3 horas para a homenagem e eu ainda tenho que decidir que roupa vou usar.

— É pra já! — Isabella partiu em direção a porta, mas parou no meio do caminho — Aly? — Alyssa se virou para a prima — Se precisar conversar, desabafar, chorar...

— Eu tô bem Bella. Mas obrigada mesmo assim.

— Ok então. Estou aqui, para qualquer coisa.

Isabella saiu do quarto e Aly fechou a porta desabando ali mesmo. A garota colocou a mão no bolso da calça moletom e tirou dali um papel todo amaçado que já estava ficando amarelo de tantas vezes que ela já havia lido.

VIVO

O que aquilo significava? Quem mandou? Seria alguma brincadeira de mal gosto?

Seria Scott?

Alyssa não conseguia formar uma resposta plausível a nenhuma daquelas perguntas.

Hoje seria a homenagem a Scott Parker. A Elite de toda a Europa estaria ali, e Alyssa precisava parecer o mais calma possível. Não podia demonstrar medo, mas também não podia parecer feliz demais.

Ela pegou seu celular e digitou a sequência de números que, apesar do tempo, ela não esquecera. Em um ato de desespero, ela apertou o botão para realizar a chamada colocando o aparelho próximo ao ouvido, receosa.

¨Aqui é Scott Parker, não posso falar agora deixe sua mensagem e eu retornarei o mais cedo possível! Have a nice day!¨

Toda vez que se sentia triste ou com saudades, Aly digitava o número de Scott para ouvir sua voz gravada para a caixa postal. Sua voz estava imortalizada ali, continuava rouca e sexy com um sotaque mais puxado que o dela.

A garota deixou de fazer isso, meses depois que ele desapareceu e as buscas foram diminuindo. Havia mais de um ano que ela não escutava sua voz.  Agora, ela escutava o silêncio do outro lado da linha e não sabia dizer ao certo se aquele som era consolador ou desesperador.

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