Capítulo 5: Morto

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" O caso do jovem Scott Parker, filho do empresário Harry Parker e sobrinho de André, Duque de Iorque, parece estar cada vez mais longe de seu desfecho. Após diversas buscas no decorrer do último ano e dos últimos meses, a polícia e a família do jovem decidiram de forma unânime, realizar uma homenagem..."

— Velório — Corrigiu Noam.

— "...em prol de Scott e sua família" — Continuou a jornalista.

— "As buscas continuam — Dizia desta vez o policial na TV — Porém nós devemos dar este direito aos familiares e amigos do jovem. Não podemos prolongar o ato, quando o fim pode ser o que já esperamos. Esta homenagem..."

— Velório — Corrigiu Noam, novamente.

—"... É uma forma de trazer consolo aos familiares e amigos, para que estes possam ter o conforto que tanto lhes falta. "

A imagem voltou para a ancora do jornal nos estúdios.

—" É realmente um caso muito triste. O jovem Parker teria hoje 18 anos, apesar de ter desaparecido no inverno do ..."

Noam desligou a TV sem dar a chance da jornalista terminar seu texto. O garoto sentou no sofá e respirou fundo com os cotovelos apoiados no joelho e as mãos em volta do pescoço.

— Quer conversar sobre isso? — Perguntou o pai de Noam, preocupado com o filho.

— Você sabe que ... — Começou a mãe, um tanto quanto receosa. — Sabe que não precisa ir se não se sentir confortável. Com certeza a família Parker vai entender.

— Não, tudo bem — Falou Noam levantando-se. — Vou lá fora pegar um ar fresco. Com licença.

William e Evelyn Stevens observaram o filho se afastar da sala.

— Mesmo desaparecido, Scott ainda tem um grande efeito no nosso filho — Disse Evelyn.

— Em todos nós, na verdade — Complementou o senhor Stevens.

Evelyn suspirou.

— Tenho medo que o Noam venha a ter uma recaída. Eu não me perdoaria dessa vez. — Falou a mãe, se lamentando.

William abraçou a esposa.

— Não vai acontecer, meu amor. Estamos cuidando dele. Vai dar tudo certo.


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Noam saiu no quintal de sua casa para esfriar a cabeça.

  O telefonema de Veronica Parker foi um banho de espuma em comparação ao que teve de ouvir dos jornais. A falsa sensibilidade da mídia não era novidade para Noam que, por fazer parte da Elite, já conhecia muito bem seus jogos de manipulação. Mas, ver a capacidade de se ganhar dinheiro em cima do sofrimento de uma família, era o cúmulo da antiética.

O garoto respirou fundo mais uma vez. Por um momento, pensou em acender um cigarro comum, apenas para se acalmar, entretanto, antes que pudesse pensar novamente, ele avistou alguém na calçada de sua rua. A pessoa estava sentada no chão, de longe Noam reconheceu a silhueta e se dirigiu até lá.

Stevens ficou parado atrás dela, não queria assustar a garota.

Porém ela foi mais rápida ao perceber sua presença ali.

— Estou invadindo sua calçada? — Perguntou Alyssa, sem se virar para trás, com a voz calma e serena, um pouco abafada pelo cachecol que cobria sua boca.

— Moramos na mesma rua, uma calçada do lado da outra, normal confundir.

Um silêncio pairou entre eles.

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