Capítulo 30: I think he did it

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Os olhos de Noam pareciam pesados e ele sentia como se o próprio sol estivesse sendo posto diante dele.

Algumas conversas paralelas cujas vozes aparentavam distantes, sons de aparelhos e carrinhos passando.

Carrinhos?
Cadeira de rodas?
Ou seriam macas?

A leve, mas sempre intuitiva curiosidade do garoto, foi o impulso que lhe faltava para forçar seus olhos a se abrir.

E novamente, lá estava ele encarando o próprio sol que, após bruscas piscadas, percebeu ser apenas a lâmpada luminária do hospital.

Estava em um hospital.

Levemente forçou seu corpo para sentar e encarar o cenário a sua volta, entretanto, a dificuldade era grande e dolorida. Após alguns segundos, aparentemente alguém percebera essa dificuldade de Noam e apertou o botão do controle para que a maca levantasse sua coluna.

Stevens tentou esboçar um sorriso quando encarou a pessoa ali na sua frente, mas até aquilo parecia ser dolorido.

— Tá um lixo — Falou Adam Carter, sentado no fim da maca próximo aos pés de Noam. — Caso esteja curioso em saber, curioso do jeito que você é, saiba que está um lixo.

Noam fechou os olhos, queria rir e dar a resposta que estava na ponta de sua língua, mas aquilo parecia doer demais. Por isso, simplesmente mexeu o seu braço direito chamando a atenção de Adam para sua mão e então lhe mostrou o dedo do meio.

— No teu cú — Respondeu Adam, rindo. Ele pôde perceber Noam se contorcendo. A partir dali percebeu que tentar fazê-lo rir, pela primeira vez, talvez não fosse uma boa ideia. Carter encarou o amigo ali deitado e então suspirou, mudando sua feição para preocupação. — O que houve com você meu irmãozinho?

E então Noam sentiu-se adormecer novamente.


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Desta vez o sol estava gentil. Noam conseguiu abrir os olhos com mais facilidade e, novamente, alguém percebeu isso pois logo o garoto se assustou ao sentir a maca ser levantada.

E lá estava Adam Carter novamente.

— Filho da mãe — Noam já conseguia xingar também, um pouco rouco, mas ficou feliz de ver que o som saia.

— Ah, de nada — Cumprimentou Adam de volta.

Noam finalmente pôde olhar ao seu redor. Ele estava em um quarto particular improvisado de algum hospital. Normalmente ele empinaria o nariz e começaria a reclamar mas, o fato de não ser um dos hospitais de seu pai já o deixou levemente aliviado e agradecido.

Uma enfermeira entrou no quarto, mediu a temperatura e trocou os travesseiros de Noam sem lhe dirigir a palavra. Os olhos dela passaram por Adam, que acenou com a cabeça e então ela saiu.

Noam sabia o que estava acontecendo.

— Só pela discrição já vi que é uma atividade secreta. Quem tanto sabe? — Perguntou ele para Adam.

— Graças ao meu leve suborno, ninguém — Respondeu saindo da maca e indo até a poltrona do quarto, ainda de frente para Noam. — Aliás, me deve $5000 libras.

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