Capítulo 12: O Corpo

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A mensagem deixada na casa de Noam, o desconhecido que a entregou e as teorias que sondavam esses fatos, fizeram com que Alyssa tivesse vários pesadelos durante a noite.

Seria essa sua vida daqui pra frente? Todos os dias vivendo o "mas e se", seguido sempre do pior pensamento?

A garota sentia saudades dos tempos em que sua maior preocupação era qual sapato usaria ou em qual evento compareceria no fim de semana. Mas quando se recorda dos detalhes, esses dias também eram cheios de preocupações e ansiedades.

Alyssa se perguntava até hoje como concordara e deixara Scott Parker controlar a sua vida. Tantas coisas que ele fazia, tantas coisas que ele dizia que na época eram toleráveis para Alyssa e hoje são simplesmente detestáveis. Ela se lembrava do dia em que o conheceu. Claro que ficou encantada com toda beleza e charme do rapaz. Ele era tão lindo, atencioso, inteligente...

O fato de ele estar em uma das famílias mais poderosas e próximas da realeza inglesa, também era algo para se gabar com as amigas. Ela se preocupava tanto em ter a aprovação dele, o favor dele.

"Você tem sorte de me ter"

Ela realmente acreditava que sim. Alyssa se achava imerecida do amor e atenção de Scott. Mas teve o privilégio de ser a escolhida! Era essa sensação que ele passava e fazia questão de reforçar isso à ela, e à todos que se aproximavam dele.

E também tinha a pressão de seus pais e da mídia britânica sob o seu namoro, que só a faziam pensar em como estar com Scott era a chance da sua vida e que, aconteça o que acontecer, ela tinha de sustentar esse relacionamento.

Esse é um dos motivos pelo qual ela se sentia aliviada pelo desaparecimento dele.

"Mas que coisa horrível de se sentir!"

Talvez fosse.

Mas o modo como ele a tratou todos esses anos, também fora algo horrível. Só Alyssa sabia dos traumas que essa amizade e namoro causaram nela. Infelizmente demorou um tempo e foi necessário uma tragédia ocorrer pra que Alyssa finalmente pudesse dizer:

Eu não preciso de você.


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Adam acordara atrasado para a aula. Se revirou tanto durante o sono, devido aos acontecimentos da noite anterior, que quando finalmente conseguiu descansar os olhos, já estava amanhecendo.

Apressado, passou correndo pela cozinha pegando uma barra de cereais e sua garrafa de água, se dirigindo para a garagem.

Aguardou o chofer manobrar o carro e entregar as chaves para ele.

— Certeza que não vai querer que eu o leve, senhor Carter? — Perguntou o motorista.

— Daniel, eu preciso correr, e muito! Fica pra próxima.

Adam entendia o porquê da insistência de Daniel para dirigir. Afinal, se todos da Elite adotassem o estilo independente e dirigissem seus próprios carros assim como Adam, ele perderia seu emprego pois não seria mais necessário. Esse era o ponto que sempre fazia com que Adam, vez por outra, cedesse e deixasse ele dirigir. Porém, não era o caso de hoje.

Carter saiu cantando pneus, mas logo teve de parar devido ao trânsito incomum próximo à sua casa.

— Ah, que ótimo! — Falava o garoto consigo mesmo. — Quem foi o lindo que bateu o carro justo agora?

Haviam viaturas e um engarrafamento no local. Após se aproximar um pouco mais, Adam pôde ver o carro da ambulância e várias faixas de aviso, o que mudou sua expressão de raiva, para preocupação. Um policial sinalizava para que os veículos seguissem pela direita. Adam tentava identificar o que poderia ter acontecido, mas não conseguia avistar nenhum carro, moto ou pedestres atingidos.

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