Capítulo 5

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Capítulo 5

Apenas mais uma na multidão.

A mulher de cabelos negros andava rapidamente pela rua. Seu rosto demonstrava raiva, Liandra mataria qualquer um que entrasse em seu caminho. Subiu a viela e chegou à porta da tão perigosa boca. Havia alguns soldados na porta olhando o movimento, ou vendendo aquelas porras. Ela estava no ódio puro.

Ficara sabendo a poucos dias que seu marido estava pagando putas para ir na cadeia para transar com ele. Era um desaforado. Liandra entrou na casa velha, empurrando a porta com brutalidade e assustando quase todos que estavam no recinto.

Quem Caveira pensava que era para fazê-la de trouxa? Quem ele pensava que era para tratá-la como um objeto? Algo que usava apenas como enfeite.

― Aí, patroa, tu não pode entrar aí, não! ― um dos homens falou, mas ela fingiu que não ouviu e continuou a olhar para Dodô, seu filho de criação e cúmplice das baixarias do pai.

― Que porra é essa, Lia? ― Douglas tinha uma garota no colo, já não se importando com as baixarias da mulher ― Tu não pode entrar assim não!

― Quem é a vadia que seu pai está comendo? ― Ela rosnou, com os olhos vermelhos de raiva ― Anda, Douglas, quem é a desgraçada?

O homem respirou fundo, passando as mãos na cabeça. Empurrou a garota do seu colo. Mataria quem quer que fosse a filha da puta que contou a ela as porras do seu pai.

― Não sei do que você está falando, Lia! ― respondeu, tentando ao máximo não ser grosso. Ele tinha uma boa convivência com a madrasta, mas às vezes ela era muito controladora e isso resultava em muitas brigas.

― Não sabe? ― Ela foi sarcástica ― Não se faça de João-sem-braço, Douglas, eu sei que é você que arranja essas raparigas para ele!

― Caralho! Quem foi que te contou essa porra, mesmo? Vou matar esse filho da puta! Não sei por que tu fica nessa neurose, tu nem gosta mais dele! ― Ele se levantou da cadeira e andou até ela ― Ou você se esqueceu de que tu que pediu para não ir mais na cadeia ver ele?

Liandra suspirou, segurando as lágrimas.

― Mas ele ainda é meu marido, tem que me respeitar! ― Gritou, alterada. ― Ele nunca me respeitou, nunca nos respeitou.

Ela murmurou a última frase. Pensou que, depois de tudo, ele a pediria para voltar a visitá-lo. Pensou que, depois de tudo o que passaram, ele voltaria para ela. Era sempre assim: ele sempre voltava para os braços dela. Podia ter várias amantes no Morro, mas ele sempre voltava para ela. Ainda olhando para Dodô, secou as lágrimas. Ele votaria para ela, ela tinha certeza porque, afinal de contas, ele a devia.

Douglas viu a mulher dar as costas e sair pela porta. Soltou o ar nos pulmões, e nem sabia que estava prendendo.

― Porra! ― Ele exclamou, acendendo o cigarro.

Caveira revirou os olhos pela sexta vez naquela conversa. Ele não devia nada a Liandra. Tecnicamente, ela quem não quis ir vê-lo. Foi escolha dela. Ele queria entender o porquê de ela estar tão nervosinha.

― Manda ela parar com essa porra aí, Dodô, foi escolha dela, porra!

Ele ouviu o suspiro pesado do outro lado da linha.

― Só tô te passando esses B.O. aí porque não quero mais me envolver nos teus assuntos, tá ligado?! Porque no final eu me fodo também!

Visita Íntima  (Volume 1) - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora