Mágoas do Passado.

Capítulo 4.

Quando Maya finalmente chegou ao estabelecimento ao qual foi ordenada passar a noite, seu nariz se tornou franzino. Aquele lugar não havia mudado em anos, o pequeno local onde Helena morava parecia não ter mudado nada. Quando subiu o elevador não parou de encarar o envelope que Alice havia lhe entregado, ela se perguntava o que podia conter ali dentro e por aquele motivo não notou quando as portas se abriram e quase se fecharam novamente, apenas por conta de uma mão direita impedindo as portas de se fecharem foi o que fez Maya olhar para frente e encontra sua amiga.

Pela segunda vez na vida ela sentiu que não tinha chão, os olhos de Helena estavam inchados e marcas de lágrimas já secas ainda estavam presente em seu rosto. Os cabelos estavam revoltos e agora escuros. O corpo de Maya congelou e mesmo quando ela se pois ao seu lado, não soube o que fazer além de descer todos os andares novamente.

__Em que andar vai ficar?__Helena perguntou, sua voz vacilava vez ou outra, parecia a beira de uma crise da qual Maya teve de respirar fundo e se obrigar a sorrir e olhá-la nos olhos.

__Eu já havia chegado no meu andar mas, tudo bem. Eu acho que esqueci algo__Maya disse com o tom mais natural que pode e Helena deu um pequeno sorriso antes de suspirar levemente__A propósito, me chamo Hannah. Hannah Cooper.

__Hannah, bom... Eu me chamo Helena__Ela disse ao sorrir e olhar para Maya nos olhos, por um momento ela quase hesitou em prosseguir. Os olhos de Helena estudavam as íris verdes a sua frente quando as portas do elevador se abriram novamente__Helena Morgan.

Maya observou sua antiga amiga de bagunças na escola se afastar, ela pode visualizar ela tomar metade do caminho até as portas se fecharem outra vez, ela teve de apertar outra vez seu andar e virou-se de frente para o espelho as suas costas. Maya não podia identificar o que havia mudado em seus traços, seus cabelos estavam mais curtos apenas. Havia sim, mudanças em seus traços mas, ela não conseguia identificar. Quando as portas do elevador se abriram novamente ela recuou alguns passos para trás mantendo seu olhar no próprio reflexo, quando parou ela deu uma última checada e sorriu de lado. Alice era uma espertinha, lhe mandou ali para que pudesse fisgar seu peixe e havia conseguido. Maya podia ver a chance de ter tudo outra vez mas, desta vez como Hannah. Quando as portas começaram a se fechar Maya aceitou que deveria deixar sua antiga eu para trás e investir na nova identidade. Ela seria a Hannah Cooper.

__Adeus Maya Voltaire__Ela disse quando as portas se fecharam e pode respirar fundo antes de seguir para o apartamento ao qual tinha como estudante de intercâmbio.

Seu olhar observava o cômodo vazio antes de se sentar na frente da porta, assim que entrou e fechou a porta, de seu novo apartamento. Ela analisava aquele lugar com cuidado quando voltou seu olhar para o envelope, já havia passado horas daquela maneira para então, finalmente, rasgar o lacre do envelope e jogar todo seu conteúdo no chão mesmo. Havia documentos de Hannah Cooper. Carteira de identidade, passaporte e outros documentos que resolveu analisar depois. Vasculhou ainda mais e pode encontra uma caixinha quadrada com uma fitinha.

"Para minha querida cordeirinha, seu pretendente amoroso."

O bilhete fez a nova Hannah rolar os olhos, o que Alice tramava? Ela podia imaginar os olhos de Bonnie encima dela enquanto estampava um sorriso carregado de mistérios. Ela teve de suspirar antes de desfazer o laço e nós do barbante que prendia a caixa e quando a destapou seu olhos ficaram tristonhos e brilhantes. Eram fotos de Nicolas, Mike, Ana e seu pai. Laura foi apagada propositalmente com um X em vermelho. Maya correu os dedos pelos traços de seu irmão agora alguns anos mais velho, sorriu ao encontrar seu pequeno anjinho no meio da expressão vazia que carregava e o imaginou rindo depois de uma gracinha que poderia ter feito.

Seu riso pareceu ecoar de algum lugar em seu peito, ela queria tanto poder abraçá-los. Mike parecia um estranho, quando o olhou nas fotos um sorriso melancólico brotou nos lábios da primogênita, ele havia crescido e começado a esquecer seus medos? As fotos o mostrava sorrindo e sempre ao lado de Anna, ela havia ficado mais linda. Maya tinha de admitir que todos os seus irmãos cresceram assim como ela mas, o que lhe atingiu mesmo foi ver seu pai. A barba por fazer o deixava mais velho e ela poderia dizer, apenas por aquela foto, que ele bebia. Aquilo a fez lágrima e como uma garotinha desejou estar perto de sua família, ela não deixaria seu pai ficar daquele jeito. Sua família e amigos estavam sofrendo e ela não pode fazer nada para impedir isso.