Capitulo 36

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O Tom sentou-me no carro. Coloquei o cinto de segurança. Dói-me o corpo.

"Vamos passar pela farmácia para ir buscar os medicamentos." Ele informou.

Eu respirava, ele respirava. Dava tudo para que houvesse mais barulho no carro. Ligar o rádio não é opção. Acho que a música acabou na minha vida.

O meu bebé, o meu pequeno bebé.

Eu nunca o cheguei a sentir, eu nunca cheguei a sentir o meu bebé.

Estou tão cansada, só me apetece deitar numa cama e dormir para sempre.

O Tom estacionou o carro e foi à farmácia. O céu está cinzento. Já sinto saudades do meu bebé, parece que ele me deixou há uma eternidade.

Ele nunca chegou a ver os passarinhos a voar, as folhas a caírem, a distinguir a primavera do verão. Eu nunca vi o rosto perfeito que ele tinha. Nunca lhe toquei nas mãozinhas, não beijei os seus pequenos pés. Acho que o meu mundo nunca mais vai voltar a ser perfeito.

Durante anos vivi num mundo perfeito e agora, de um momento para o outro, deixei de ter razão para viver. A forma como tudo aconteceu foi demasiado cruel.

O Zayn já tinha comprado a primeira chupetinha. Já tínhamos combinado que a primeira palavra que lhe íamos ensinar a dizer ia ser 'amor'. Se fosse menino ia chamar-se James, se fosse menina ia ser Caroline.

Será sempre o meu primeiro bebé. Tu serás sempre o meu primeiro bebé.

"Agora vamos para casa." O Tom voltou a falar assim que entrou no carro.

Tentei encontrar uma posição confortável no banco. Obviamente, não tive sucesso.

Ele estacionou o carro em frente ao portão principal. Talvez não queira que eu suba as escadas que ligam a garagem ao resto da casa.

Sentei-me no sofá. A casa está limpa e arrumada.

"Queres beber alguma coisa?" Ele pergunta. Neguei. "Comer?" Neguei novamente.

"Vou tomar banho."

"Queres ajuda para subir as escadas?" Ele perguntou.

"Eu consigo." Falei cordialmente.

Caminhei, lentamente, até às escadas. Agarrei-me ao corrimão e arrastei-me pelas escadas.

Fui ao meu closet e tirei de lá um pijama de inverno.
Desliguei o aquecimento. Eu preciso de sentir o frio desta casa.

Abri o água quente e deixei-a encher a banheira. Derramei um óleo caro sobre a água e apareceram as famosas bolinhas. Eu preciso de um banho de espuma para relaxar.

Com algum esforço meti-me na banheira.
O choque térmico deixou-me com a pele sensível.

Sara off

Tommie on

Entrei no quarto e a primeira coisa que ouvi foi a minha princesa a chorar.

Nunca a vi tão frágil. Nunca a vi tão triste.

Neste momento só quero saber qual é a razão que a levou ao hospital. Espero que o outro não lhe tenha feito nada. Se ele lhe fez alguma coisa... eu sou capaz de o matar.

Bati à porta mas ela não respondeu. Talvez não tenho ouvido ou talvez não queira falar com ninguém.
Simplesmente, não consigo vê-la assim.

Abri a porta.

"Não quero falar, Tom." Ele soluçou.

"Não precisas de falar." Caminhei até ela e ajoelhei-me ao lado da banheira.  "Eu odeio ver-te chorar." Passei o meu polegar pelo rosto, perfeito, dela.

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