Capítulo 43 - Segunda Parte

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Passaram um par de semanas desde que voltei a casa. Sinto-me bem por ter voltado. Acho que encontrei naquele apartamento um refúgio para toda a minha vida.

Junho, já estamos em junho. O Zayn está a trabalhar na empresa há nove meses e muita coisa mudou. O meu pai começou a partilhar o cargo de 'génio' da Apple com o Zayn, a Cat teve um bebé, o meu pai deixou de estar na administração da empresa, o Tom assumiu o cargo de presidente na Apple e nos Leites Parker,...

Em nove meses a minha vida mudou totalmente. Deixei de ser a esposa de sonho para passar a amante de sonho, engravidei do meu amante e perdi o bebé, arruinei o meu casamento e estou, literalmente, à mercê do vento.

Confesso que adoro sentar-me no sofá que tenho na varanda a levar com o vento no rosto. Eu gosto de ver o contraste das luzes na escuridão. É como se fosse só eu, o vento e o meu mundo.

"O que é que estás aqui a fazer? " Zayn senta-se ao meu lado e puxa uma ponta do cobertor para se cobrir.

"Estou a relaxar." Pouso a minha cabeça sobre o ombro dele. "Eu gosto de estar aqui, sinto-me mais eu."

"Eu gosto quando te sentes mais tu. Ficas mais calma e não ficas tão 'na defensiva'."

"Defensiva?"

"Ficas mais vulnerável." Explica.

"E tu adoras aproveitar-te da minha vulnerabilidade, não é?" Brinquei.

"Eu amo aproveitar-me da tua vulnerabilidade. Eu gosto de tratar de ti quando estás vulnerável e quando estás sem vontade de reclamar."

"E eu gosto que trates de mim, fazes-me sentir especial."

Ele faz-me sentir poderosa, faz-me sentir mais mulher.

"E se um dias estas luzes se apagarem?" Ele pergunta enquanto acaricia a pele do meu ombro.

"Terão que ser substituídas." Respirei fundo, não me senti bem com as minhas próprias palavras. Foi como se estivesse a dizer que quando alguma coisa falha tem que ser substituída por outra coisa. "Eu posso viver na escuridão, eu gosto da escuridão."

"Ninguém consegue viver na escuridão." Zayn contraria. "A escuridão é feia."

"A escuridão é reconfortante. Na escuridão somos todos iguais, ninguém é melhor do que ninguém. Eu gosto da escuridão."

"Acho que o soninho já está a falar por ti por isso está na hora de irmos para a caminha." Ele levantasse e pega em mim ao colo. "Está na hora de irmos dormir."

Ele carregou-me até à nossa cama e foi fechar a janela.

"Como é que uma pessoa tão pequena consegue ocupar a cama toda? "

Zayn fala do facto de eu estar atravessada na cama. Eu gosto de dormir atravessada, sempre dormi assim.

"Também te amo." Disse.

"Mau feitio." Zayn murmura. "Dá-me um beijo."

(...)

"Party girls don't get hurt." Cat cita a música de Sia. "O que não é, obviamente, o nosso caso visto que antes das dez horas já estamos a dormir."

"Não somos mas já fomos." Tânia intervém.

"Eu nunca passei por essa fase." Admiti. "Eu era uma criança quando casei e o Tom nunca foi muito dado a festas."

"Ele é uma seca. Depois destes anos todos ainda não percebi o que viste nele." Sílvia comenta.

"Eu sou obrigada a admitir que o Tom me tem surpreendido. Ele é boa pessoa e a Catherine adora-o." Cat a defender o Tom?

Este mundo está perdidinho.

"Eu começo a achar que vocês nunca se vão divorciar."

"Tânia, eu vou divorciar-me do Tom quando for o momento certo. Nós temos empresas e responsabilidades para além do casamento. E nós já estamos separados."

"E já podiam estar divorciados. Tu não sabes viver sem ele e tens medo de admitir isso." Ela argumenta.

"Eu tenho o Zayn."

"Mas ainda tens o Tom. Tu não estás a ser justa com nenhum deles os dois. O Zayn gosta de ti e o Tom ama-te. E tu? Tu sabes o que queres? Tens que te decidir, mulher." É de mim ou ela está a repreender-me? "Eles não são felizes assim."

"A Tânia tem razão. Por muito que eu ache piada à ideia do Zayn ser teu amante, tu não podes continuar a viver assim. Não é saudável." Sílvia concorda com a Tânia. Eu quero defender-me mas creio que não tenho defesa possível. "Nós não estamos a criticar-te, pronto se calhar até estamos, mas nós só te queremos ver feliz o que já não acontece há algum tempo."

"Vocês não entendem." Ninguém entende. "E eu também não sei explicar. Eu quero o Zayn mas o Tom..."

"O Tom também tem direito de ser feliz mas tu não ficas com ele nem o deixas seguir em frente. Durante anos achei que ele não era o homem ideal para ti mas sei que tu não vives sem ele. Eu não sei se vais ser feliz sem ele mas tens que o deixar ser feliz." A mãe da minha afilhada tem razão mas é tão difícil. "A Capelleto tem estado ao lado dele, ela disse-me que ele está a fazer um esforço enorme para te apoiar mas está completamente destruído por dentro."

"O mais estúpido é que foi preciso aparecer uma advogada de quinta categoria para me fazer perceber que eu estou a magoar o homem que me salvou." As lágrimas já percorriam o meu rosto. "Ele salvou-me, tratou de mim, fez-me perceber o que é o amor e eu não consegui ser o mesmo para ele. Eu ainda não pedi o divórcio porque não o quero deixar ir, eu não sei viver sem ele. Eu não sei viver sem ele, eu não posso deixa-lo ir."

"Estás a ser egoísta, Sara. Tu não podes ficar com os dois. Se não te decidires vais acabar por ficar sozinha."

"Mas eu não posso deixar o Zayn. Eu amo-o."

"Tu tens que tentar perceber onde está a tua felicidade. Tu acontece por uma razão e tu tens que perceber o porquê de não te conseguires afastar de nenhum deles."

"Talvez devas afastar-te dos dois." Sílvia sugere. "Ou talvez devas afastar-te deste país, vai viajar."

"Não posso, eu tenho a Apple."

"Então fecha os olhos e decide o que vais fazer. Nós só somos nós quando estamos sobre pressão. Decide-te, mulher."

A pequena Catherine começou a chorar e nós demos a conversa por encerada. Já nos fazia falta uma noite de mulheres e não há sítio melhor do que a casa da Cat.

Elas têm razão, eu não posso continuar assim.

Eu sei que vou ter que me decidir mas sinto que os estou a usar com objetos. Sinto-me horrível mas sei que tenho que tomar esta decisão para que eles também possam ser felizes. Aliás, o único motivo que me faz pensar que tenho que dar um rumo à minha vida é a felicidade deles.

Sou uma sortuda por ter dois homens maravilhosos que me amam. É difícil ter que optar or uma das pessoas que amo, isto é, eu nem sei qual deles amo.

A única certeza que tenho é que preciso deles os dois na minha vida.

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Ela gosta mesmo do Tom ou está só com ciúmes? - é a questão do momento.
Eu sei a resposta mas não vou dizer!

Deixem as vossas opiniões. Digam-me que caminho seguir com a fic. Honestamente, já não sei mais o que escrever... HELP

Obrigada por tudo! <3
Amo-vos <3 <3

"It just sucks when you've given so much and you realize it still wasn't good enough for someone." - palavras da KKJunior 

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