Uma Chance Para Viver - Livro 1

Prólogo

Cinco anos antes

O clima friorento o fez encolher-se — mesmo que ali fosse um pouco mais frio do que em Londres. Ele já estava acostumado —, mas não se intimidou. Tudo estava pronto para o seu salto de asa-delta. Dali seria a sua aventura mais perigosa (ou apenas um momento aventureiro monótono, tendo em vistas as suas grandes diversões), diga-se de passagem.

Um ano antes, ele se aventurou pelos Fiordes Noruegueses, onde praticou alguns saltos arriscados, mas de um todo, nada se comparou até aquele momento.

Igor, sua irmã Irina, sua mãe Avril e seu pai Josef estavam a passeio em Zurique, na Suíça, onde eles alugaram um grande casarão antigo para passarem as férias de dezembro. Logo, ele se encantou pela vista de uma das montanhas que haviam ao redor e quis contratar o pacote de voo (de uma companhia que a própria hospedagem oferecia a parte, mas somente para os corajosos).

— Você está pronto? — O instrutor perguntou para ter certeza e o observou ainda mais.

— Claro que sim! — Sorriu — Eu já nasci pronto.

Igor estava confiante, uma grande qualidade sua, por sinal.

A câmera em seu capacete captaria todos os movimentos e momentos vividos por ele, para serem mostrados como um troféu a sua família.

Todas as instruções foram passadas para ele uma hora antes e logo em seguida, novamente foram ditadas mais uma vez, para fixar em sua mente o que deveria fazer.

— Quando você quiser — O instrutor lhe deixou à vontade para escolher o momento do voo.

— Eu não sei mais — Respirou fundo e por um momento quis desistir, mas logo retomou a sua consciência.

Sua família havia ficado no casarão, ao qual acharam mais confortável do que enfrentar o frio que ali fazia.

Ele tomou coragem; respirou bem fundo e contou.

— Um... dois... — Antes de chegar no três, ele já estava planando pelo ar.

O frio era o seu amigo mais fiel durante aquele momento a sós consigo mesmo. Quando estava se divertindo — viajando pelo mundo ou até mesmo em sua própria casa (quando não via a sua mãe) ele se sentia livre para ser feliz.

Sentiu um vazio em seu estômago, seguido de uma forte dor. Isto o fez tirar a mão do apoiador e levar até ela. Um momento mal calculado que o fez perder totalmente o controle da asa-delta. A câmera registrava todo o seu desespero.

— SOCORRO — Gritou como se fosse ser ouvido, mas falhou.

A sua barriga estava doendo tanto ao ponto de ele desejar a própria morte.

Os gritos assolavam o céu nublado. O instrutor não estava mais vendo-o. O tempo estava começando a ficar escuro o bastante para não ser ver nem mais colorido dos corajosos pássaros aventureiros.

Em um súbito ele de uma vez por todas perdeu o seu controle, fazendo com que a asa-delta começasse a perder o seu rumo e fosse descendo em direção ao chão. A cada segundo que se passava, ela ia ganhando mais velocidade. O desespero tomou conta de si. Não estava mais raciocinando. A sua queda foi tão rápida que somente ouve um grande estalo, assolando um barulho oco. A densa floresta, fria e úmida dificultaria qualquer busca por ele.

O tempo estava totalmente nublado. O barulho da repentina chuva começou a ficar mais forte a cada segundo que se passava.

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