Havia anoitecido e o clima na fazenda estava melhor (o calor havia cessado, ao menos durante a noite). Mariana e Marina serviram o jantar, ao qual logo receberam o agradecimento e elogios de Josef e Irina (não os poupavam), menos de Avril. Igor nunca fazia suas refeições a mesa com todos — sempre se excluiu desde o acidente.
A mesa não estava farta como Avril é acostumada a ver, mas havia somente o que eles realmente iam comer (uma ordem de Josef). O lustre iluminava grande parte da sala de janta. A mesa é decorada por uma grande toalha de crochê branca, destacando-se da cor de madeira envernizada.
— O que é mesmo isso? — Irina perguntou apontando para o prato — Está maravilhosamente delicioso — Elogiou mais uma vez.
— Carne e macaxeira — Mariana respondeu contente — É bem comum por aqui as pessoas comerem isso — Explicou — Além do mais, é bem forte — Completou.
— Para mim tudo é um nojo — Avril reclamou e passou o garfo pelo prato e fez uma expressão de nojo — Empregadinha, me traga um chá, com toda a certeza será melhor que isso — Exigiu.
— Está bem, Senhora — Ia saindo, quando Josef a chamou.
— Não — Disse olhando para Avril — Vocês têm todo esse trabalho de preparar comida para a casa e para todos os trabalhadores, acho que não precisa fazerem mais isso — Ele sorriu e as dispensou — Logo todos iremos dormir, então, por hoje os seus serviços estão dispensados por hoje — Disse — A propósito, a comida está divina! — Elogiou depois de um longo sorriso.
Avril havia ficado ofendida ao ver o jeito que seu marido a tratou. Irina riu ao perceber tudo aquilo, precisava contar a Igor, mas iria somente depois.
— Você tirou minha autoridade sobre a empregada! — Lançou um olhar repreendendo-o.
— Você viu como tratou a pobre mulher? — Seu tom de voz era firme — Parece que está lidando com uma lata de lixo e não com uma pessoa — Reclamou.
— Eu não gostei da comida e exigi que ela fizesse um chá — Bateu a mão na mesa e jogou o garfo dentro do prato — Eu estou odiando essa porcaria de lugar — Bufou.
— Tudo o que eu faço você odeia!
— Não sei porque viemos para esse lugar imundo. O Igor nunca mais vai andar, você tem que colocar isso na sua cabeça! — Disse em alto e bom tom — ELE NUNCA MAIS VAI ANDAR — Disse ainda mais alto e riu ao se levantar.
O clima ficou bastante estranho e pesado depois que ela disse isso. Irina pediu licença e saiu dali. Josef ainda continuou a discutir com Avril sobre o que era bom para o filho do casal.
Desde o acidente, Avril foi a única que discordava de tudo que era bom para ele. Não se importava em saber como ele estava ou com qualquer outra coisa que envolvesse o seu filho. Josef já havia percebido, mas não relevou, pois sempre achou que ela estava traumatizada pelo que aconteceu com seu filho.
💐
— Você não sabe o que aconteceu — Irina entrou rapidamente no quarto de Igor.
— O que? — Perguntou com o famigerado animo amargo de sempre — Não me diga que aquela sua amiga pirada voltou a essa casa...
— O papai tirou a autoridade da mamãe — Ela respondeu — Estávamos jantando e a mamãe reclamou da comida e pediu para que a Mariana fizesse um chá. O papai dispensou ela por essa noite e a mamãe ficou zangada. — Explicou rindo — E a Helena não é pirada — O corrigiu defendendo-a.
— A mamãe sempre querendo ser chata — Igor reclamou — No fundo eu sei que ela não gosta de ninguém, principalmente de mim — Lamentou (ou não) — Às vezes chego a pensar que ela queria me ver morto...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Chance Para Viver - Livro 1
Romansa- De antemão, peço desculpas a erros de digitação durante a sua leitura. Os pacatos dias de Helena Gilbert cessam ao se encontrar com Igor Thompson, recém-chegado de Londres a pequena e calma cidade de Bela Ventura, no interior do nordeste brasileir...