O cacarejar do galo da vizinha fez Helena e Teresa se acordarem. A manhã estava bem iluminada — Claro, viver no nordeste brasileiro é significado de ver o sol nascer cedinho e se pôr um pouco mais tarde (ou cedo, dependendo de como estiver o dia).
— Mamãe, bom dia — Sorriu para Teresa que estava arrumado o cabelo em frente a um pequeno espelho de cabeceira — Hoje eu preciso ir novamente procurar um emprego — Bocejou e levantou-se.
— Você deveria deixar isso para depois — Virou-se para a filha.
— Mas como a senhora me pede isso? — Olhou incrédula para a mãe — A vida não me tem sido nada fácil...
— Você está desde a semana passada buscando por um trabalho — Disse — Isso é tão cansativo...
— Eu sei mamãe, mas se eu não tentar, como irei conseguir? — Olhou-a — Eu penso no nosso futuro e por isso não posso me deixar fraquejar!
— Está bem — Riu abafado e caminhou até a filha, dando-lhe um beijo na bochecha.
Helena e Teresa ficaram de frente para o espelho, deram um sorriso. Sempre que faziam isso, ficavam admirando a semelhança; os cabelos castanhos e os olhos claros eram iguais (Teresa não se importava em ter alguns fios de cabelo branco, dizia que era como se fosse um charme a mais para ela). Eles tinham quase a mesma altura, mas Helena ainda é bem mais alta — talvez por descendia de seu pai, ela tenha sido um pouco mais alta.
As duas foram até a pequena cozinha da casa. Seu cabelo ainda estava desgrenhado, pois durante a manhã sempre sentia preguiça de penteá-lo e deixá-lo bonito. A cozinha da casa era simples e pequena, tinha somente uma pia no canto esquerdo; o pequeno fogão de quatro bocas estava localizado a direita da pia; uma mesinha no centro permitia que as refeições fossem feitas ali mesmo. A pequena cristaleira antiga e surrada pelo tempo guardava apenas alguns pratos, copos e talheres.
— Eu vou comer algo leve e vou em busca do meu emprego — Disse esperançosa — Não posso me dar ao luxo de demorar ainda mais...
— Lhe desejo toda a sorte do mundo — Sorriu — Mas eu ainda preferia que você esperasse um pouco mais, no entanto, mesmo assim, eu lhe desejo toda a sorte do mundo.
Teresa foi até o fogão onde o café estava quase pronto. Da chaleira, exalava o perfeito cheiro do café fresco de uma bela manhã.
— Cuscuz? — Ofereceu a Helena.
— Claro!
— Mas coma pouco e devagar, para não se engasgar.
— Isso sim é a melhor comida do mundo!
— Sem dúvidas!
Enquanto ela comia, sua mãe foi até a porta e abriu a parte de cima, deixando que o ar entrasse.
— Quando sua amiga virá novamente aqui?
— Ainda não sei. Ela estava viajando para resolver alguns negócios para o pai.
— Ela poderia lhe dar um emprego — Teresa olhou para a filha — Por que nunca pediu a ela? O Senhor Armando deve ter algum lugar em que você possa trabalhar.
— Eu não quero ser inconveniente — Fez uma pequena pausa e pôs a xícara na boca, quase queimando-se com o café e logo pôs-se a falar: — Ela já nos ajudou tanto, eu não quero pedir mais isso a ela — Explicou e olhou para fora, viu que o sol já havia surgido e era o momento de ir à rua em busca de algo.
— É compreensível — Sorriu abafado — Se não fosse por ela, nós duas já teríamos morrido de fome...
— Mas não se preocupe — Sua boca estava cheia de comida. Levantou-se e andou até onde sua mãe estava — Eu vou conseguir e nós iremos mudar de vida — Helena estava com esperanças de que o dia fosse bom para ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Chance Para Viver - Livro 1
Romansa- De antemão, peço desculpas a erros de digitação durante a sua leitura. Os pacatos dias de Helena Gilbert cessam ao se encontrar com Igor Thompson, recém-chegado de Londres a pequena e calma cidade de Bela Ventura, no interior do nordeste brasileir...