Poc você está presa

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×POV Kelvin×

Eu não sei o que me espera. A escuridão devora as ruas como um banquete. A unica luz que me conduz vêem dos faróis da minha bicicleta e o capacete com uma pequena lanterna, que me ajuda a ler o mapa que precisei imprimir do Google Maps. Estou sem smartphone e consegui arrumar um nokia, aqueles que abre e fecha, para continuar conversando com aquele desgraçado.

Não sei com quem estou mais puto: com esse assassino, que está me fazendo atravessar a cidade de madrugada. Com o Ivan, que inventou de invadir meu telefone atrás de algo. Pink Devil me contou tudo assim que consegui o celular. Pelo jeito eu sou a pessoa que eles suspeitam. E pelo visto não estão errados.

Para com isso Kelvin! Você não matou ninguém. Você acabou envolvido nessa por puro azar. Você não marece passar por isso.

Que ódio! Como esse cara conseguiu meu numero e colocou nessa? Eu quero tudo isso na minha mesa hoje.

O mapa estava me levando para um galpão próximo a saida da cidade. Estava abandonado e caindo aos pedaços. Minha unica pergunta no momento era: Por que diabos existe um galpão na saida de uma cidade e ainda mais abandonado? Certeza que esse cara construiu esse lugar só para fazet encenação. Ta na cara que é lunático.

Deixo minha magrela num canto de fácil acesso para o caso de rolar merda eu sair correndo. Não me preocupo com alguém aparecer e furta-la no meio do nada. Mas dependendo de quem eu vou encontrar agora. Enfim, estou de pé e mando uma mensagem a ele avisando minha chegada. Ele responde em seguida. Já posso entrar.

O local está escuro, o teto esburacado cede espaço para que os raios da lua possam entrar e iluminar um pouco do lugar. Acabo por ficar em baixo de um desses buracos.

- Olá? - Chamo por alguém.

Escuto passos e meu corpo gela. Meus se ouriçam e aquele lugar tranca. O barulhos viram passos, e esses passos ficam mais altos e posso ver alguém se aproximar numa sacada dentro do galpão. Ali está ele.

- Pink Devil... - Digo entre os dentes.

- Olá Kelvin!

- Charli XCX? - Caralho, aquela voz tinha tanto efeito. Será que não é um dos Androids da Beyoncé?

- Gosta de piadas Kelvin? - Ele aumenta a voz o que a deixa muito pior. Mas afasto os pensamentos. Miro sua máscara e sinto um ódio me percorrer.

- O que quer de mim? - Começo a andar em sua direção. Vejo um escada que daria acesso ao lugar onde ele se encontra. Gostaria muito de telo cara a cara.

- Nem mais um passo!

Congelo. Ainda estou com os olhos fixos nele. Desgraçado. Eu o empurraria ele daquela escada no melhor estilo Nazaré Tedesco com o maior prazer do mundo!

- Não vamos ter esse tipo de encontro. - Ele ri. - Há uma caixa em cima de um barril no canto direito.

Eu viro para o local mas não vejo nada.

- Na sua esquerda! - Ele diz novamente. - Minha direita é a sua esquerda. Isso, isso. No canto esquerdo.

Consegue assassinar adolescentes. Esconder pistas. Controlar pessoas. Mas não sabe diferenciar Direita de Esquerda. Olha, não quero nem saber a opinião polita dele.

Me volto para o canto esquerdo do galpão e vejo o tal barril e sua preciosa caixa.

- As instruções estão na caixa. Até mais Kelvin. - Então ele se vira.

- Espera! - Grito e tomo sua atenção. - Você não vai dizer mais nada?

Ele fica em silêncio. Podia ser assim, não aguento aquela voz auto-tunada. Mas preciso de respostas.

- Quem é você e por que está me usando assim? - Ele não responde. Então me aproximo. - Você não pode me vigiar vinte e quatro horas por dia. Em algum momento eu vou até a polícia e...

Não consigo ouvir mais nada. Um tiro silenciou minha mente. Ele atirou. Ele tem uma arma.

Meus olhos estão arregalados. Ele está com uma das mãos erguidas, nela há uma pistola saindo fumaça do cano. E quando menos espero ela está apontada para mim.

- Você vai pegar essa caixa e fazer exatamente o que peço. Eu tenho todas as nossas conversas, gravei todas as suas ações. Eu tenho tudo, até do seu primeiro serviço. Você sabe qual. - Meu mundo está parado. O que está havendo comigo? Não consigo me mexer. - Você não vai até a polícia. Se pisar numa delegacia eu vou saber. Se ligar para ajuda, eu vou saber. Você é meu Kelvin.

Não! Não! Não!

Não tenho forças para dizer uma só palavra. Então ele continua.

- Eu te adoro. E você agora vai sair daqui com essa caixa e amanhã, eu espero que tudo esteja cumprido. - Ele puxa alguma coisa no revólver e o som ecoa em todo galpão. - Vá!

Eu o obedeço temendo ao gatilho que pode ser puxado à qualquer momento. Ele realmente não pretende errar. Eu poderia recusar, ele poderia me matar agora. Eu não iria fazer falta. Mas eu cedo. Estou na minha bike voltando para casa com lágrimas nos olhos. Eu não quero morrer.

*

A tempestade que se passava na cabeça de Mayah se foi. Nunca iria esquecer o que aconteceu naquele fadigo dia onde perdeu um amigo. Nunca iria esquecer o fato que poderia ela ter sido a culpada daquilo. Claro que queria acabar com Erick quando foi exposta daquela forma. Mas só pensava em começar a fazer fofocas sobre ele, nunca em sua sã consciência iria tentar tirar a vida dele. Mas seus pensamentos hoje não são o suficiente. De alguma forma será eternamente grata a ele. Quando foi expulsa do grupo que haviam criado, realmente não se importou. Erick deu a ela uma nova chance, está disposta a viver por ele. Está com Bruno ao seu lado, de mãos dadas ele lhe dá um abraço e um beijo em sua bochecha. Ao seu redor encontra Lucas. Agora que foi revelado seus gostos musicais, os dois até que tinham muito o que conversar, uma amizade estava sendo alimentada ali. Encontrou seus novos amigos. Amanda terminava os toques finais de seu plano. André, Cleiton e Mateus estavam discutindo sobre alguma coisa enquanto enfeitavam as árvores ao nosso redor com algumas luzes de fada. Criz e Antony vinham chegando com a caixa de som. Ivan e Victor estavam em silêncio. Estava com pena deles, tudo o que está acontecendo com Kelvin. Caralho.

- Está tudo pronto. - Diz Amanda se levantando.

Estavam agora todos em círculos. Mayah vinha no centro com alguns balões com gás hélio em sua mão.

- Obrigado por terem vindo e me ajudado a preparar tudo isso. - Ela inicia sua fala já ameaçando chorar. - Erick, era alguém fantástico. Eu lamento sua perda mais do que tudo. Eu agradeço demais a ele por ter ficado ao meu lado nesse curto período de tempo. Eu só queria ter agradecido pessoalmente. Mas ele não jaz mas entre nós e espero que onde ele esteja, onde ele renascer, ele seja a pessoa mais feliz de todas.

Um minuto de silêncio. Antony aperta algum botão na caixa de som e então estão todos ouvindo o começo de Halo, da inspiração do Erick. Beyoncé.

Um por um, eles se aproximam de Mayah e pegam um balão. Quando o último está em mãos, ele olham para o céu estrelado e desejam paz a Erick.

E os balões são soltos. E começam a rumar para o céu. Indo de encontro com as estrelas. Alguns estavam chorando, vendo os balões subir, ouvindo a musica. Cada balão levava consigo um cartão escrito: "Erick = Amor".

E só faltava mais um. Que estava nas mãos de Mayah. Ela respirou fundo e soltou. E o último balão se juntou aos outros carregando uma foto de Erick.

- Obrigada. - Disse ela.

Então todos se sentaram na grama e ficaram esperando os balões sumirem na noite.

*

Kelvin não havia pregado os olhos. Tão perdido em seus pensamentos que nem vira a hora passar. Logo iria amanhecer. Logo iria fazer mais um serviço para ele. Tudo porque tinha medo.

Resolveu finalmente abrir aquela caixa. Ela estava no chão da sua cama. Então apenas se levantou e se sentou. Os movimentos acordaram sua gata que dormia em seus pés na cama.

- Opa, acordei você Rica? - Ele acaricia sua cabeça com dois dedos. A gata boceja e se aninha para voltar a dormir. Kelvin sorri vendo a cena. - Te amo garota.

Sentado no chão, tem a caixa em sia mãos. A apoia em suas pernas e com cuidado remove a tampa. Não poderia ser mais decepcionante.

- Eu vou fazer isso mais uma vez.

*

×POV André×

Que bom humor é ese? Acordei com tanta energia que acabei eu mesmo preparando o café da manhã para mamãe e para mim. E tinha suco, café, pão de milho, pão de sal, pão doce. Vitamina. Frios, quentes, congelados, eu que estou pegando fogo. Brincadeiras a parte, eu só estou alegre e pronto para o dia.

A mãezona me deu uma carona até o colégio. No caminho minha mente viaja um pouco e lembro dos tempos de antigamente. Douglas e eu dominavamos aquele colégio. Admito que sinto sua falta, pois, por mais que ele fosse alguém desagradável para mim. Ainda era melhor com ele. Desde sua partida, nada de bom te acontecido. O seguimento de sua morte é a prova de que nossas ações são meros gatilhos. E acabamos apontando a arma para nossas mesmas cabeças.

Caramba que sombrio. Mas indo de cu para caralho. Caralho até que algumas coisas estão se resolvendo. Tenho o melhor namorado. Talvez diga isso porque nunca tive um. Mas Cleiton tem se esforçado tanto por mim. Eu o adoro com todas as forças. Tenho novas amizades, amizades que eu nunca imaginei que teria. Gostaria que tudo isso pudesse acontecer sem a presença do saco de estrume rosa. Eu  o desejo o mesmo o que aconteceu com o Douglas e os outros.

Estou no colégio. Minha mãe cantou o pneu para o trabalho e estou caminhando ao ponto de encontro. A nossa fonte. A chamamos de "Fantasea". Avisto o grupo e sorrio, pois alguém vem ao meu encontro com outro sorriso.

- Bom dia Chuchu. - Cleiton me beija e eu o retribuo com a mesma intensidade.

- Bom dia coração. - Damos a mãos e vamos rindo se sentar com os outros.

O dia está indo maravilhoso.

*

÷POV Amanda÷

O que diabos estava acontecendo com esse colégio!?

As pessoas estão sorrindo. Rindo. Brincando. Seguindo suas vidas como se nada de fato tivesse acontecido.

Mortes aconteceram!

Um aluno. Que tudo indica ser mesmo daqui. Está matando outros alunos. E o que a diretoria faz? Nada! Só deixa um oficial de justiça perambular por ai como um fantasma. E ninguém da bola. O cúmulo da imbecilidade.

Outro imbecil é o André. Sua maior preocupação tem sido o Cleiton ultimamente. Em uma semana perdemos dois colegas e ele quer saber de presente para namoradinho.

Eu estou cansada. Estou fula. Brava... Eu estou com saudades do meu primo.

Foca Amanda! Foca. Vamos levar essa investigação mais afundo. Ninguém mais vai morrer.

Isso ai. Se nem o André sente minha falta, imagina os professores que quase nunca me vêem em sala de aula, sendo que estou presente em todas elas. Eles nem me chamam. Sabem que estou lá e me dão presença. Mas agora estou é longe da sala.

Cleiton disse que os vídeos foram apagados. Mas eu só acredito vendo. Só mais um corredor para chegar a sala e até agora ninguém me pegou.  Só preciso virar.... Merda.

Me escondo atrás do primeiro armário. Tem alguém parado no meio do corredor. Uso um dos truques mais velhos e espero que funcione. Pego meu celular, mesmo com a tela apagada ele reflete minha imagem. Só preciso ajustar o ângulo para conseguir enxergar quem é que esteja ali.

Demoro para reconhecer devido a distância e o reflexo meio embaçado. Mas reconheço o cabelo daquele garoto. É Kelvin. O que ele faz parado ali?

Demorou um pouco para ele ter alguma reação. Mas ele saca algo do bolso e abre o armário a sua frente. Segundo depois deposita alguma coisa ali. Tranca e sai correndo. O susto toma conta de mim que reajo o mais rápido possível. Volto para o local de onde vim e me escondo atrás do latão de lixo. Então Kelvin passa correndo por mim sem notar minha presença.

Volto para o corredor onde ele estava. Qual era seu armário. Ou melhor, de quem era o armário?

*

- Uraaw meu aluninhos! - Professora Inês entra na sala com os braços erguidos e todos os alunos então a admirando. - Glória a Deus mais um dia num é Monique?

Todos riem junto com a professora. André se vira para Cleiton e lhe solta uma piscada. Estavam todos bem alegres.

- O meus anjinhos. Vamos orar para papai do céu que recebeu um anjinho. - Inês está no meio da sala e juntou as palmas das mãos. - Nosso querido Gabriel. Mais um se foi e pela graça ninguém mais ira antes da hora. O meu pai! Gloria a Deus.

A professora começou a chorar e tirou alguns lenços de papel de dentro do sutiã. Os alunos estão todos em silencio. Claro que ja sabiam que Gabs havia morrido. Mas quantos realmente a conheciam? Quantos falavam com ele? Para eles, quem era Gabriel?

E derrepente a professora vai ao chão.

- O decair é do homem. - Ela diz. Estão todos preocupados a observando. - Mas o levantar é de Deus.

Ela se levanta e começa a rodar com os braços abertos. Todos batem palmas alegrando a professora e a eles mesmo.

- Vamos começar as... - Um barulho ecoa na sala. A porta fora aberta a ponta-pe e logo a figura policial, Pabllo é vista por todos. - Mas o que é isso? Parece um ladrão!

- Silencio! - Diz Pabllo. - Senhor Cleiton Junior. O senho está preso perante a lei...

- Opa, vamos com calma ai. - A diretora Vera se intromete entre o policial.

- E o que!?

- Cleiton. - Ela chama.

- Pois não? - O garoto se levanta sentindo um enorme medo.

- Nos acompanhe por favor. Não há nada de errado. Só precisamos conversar.

Todos os olhares pairam no ar. Ora olhando para Cleiton, ora olhando para os policiais. Mas André apenas via o olhar preocupado de seu namorado. O que está acontecendo? Gostaria de perguntar, mas não pode dizer nada. Pabllo novamente toma a frente.

- Vamos garoto. Problema seu perder a aula. Vamos agora!

E com passos lentos. Cleiton se encaminha para a saída. Os policias o seguram pelos ombros. E a ultima coisa que viu antes de sair foi André o acompanhando com os olhos.


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⏰ Última atualização: Feb 11, 2019 ⏰

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