O Que Eu Fiz? ψ

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"Bom dia! O tempo hoje será de extremo calor. A máxima em Vila Girassol será de 32Cº e a mínima..."

Novamente apertei o botão que trocava de canal, era nítido o meu tédio e como eu não queria estar ali, assistindo aquilo tudo. Sequer queria ir ao escritório trabalhar, por isso inventei uma doença qualquer e minha secretária cuidou de tudo. Já faziam dois dias desde a minha discussão com Jungkook na cozinha. Estava tudo muito complicado, pois ele sequer olhava para mim, não dormíamos juntos. Poucas palavras eram dirigidas a mim e apenas o necessário.

Já Suhan continuava a se encontrar com Heitor, quer dizer, Kwan, mesmo depois de uma conversa séria que havia tido com ela. Que este rapaz poderia lhe magoar profundamente. O que a deixou até mesmo confusa por causa da conversa que havíamos tido na noite em que ele nos visitou.

Porém, eu não podia fazer nada se ela queria estar com ele, apenas ficar de perto e tentar administrar a situação.

"Amo você, você me ama..."

— Ah, obrigado, Barney. – dei um pequeno sorriso.

Estava sozinho, Suhan já havia ido para escola e Jungkook para a editora resolver alguns problemas do seu próximo livro. Levantei-me e segui até a cozinha, abri a geladeira e peguei o chantilly. Depois segui até o armário e peguei os queijos nachos que tinha ali. Voltei para sala e comecei a vasculhar a televisão novamente, achei um filme qualquer passando e comecei a assistir. Misturando chantilly e queijo, fiquei a pensar em Suhan. Provavelmente estaria pelos corredores da escola ao lado dele, sendo preenchida de pensamentos ruins.

Como queria ser uma pequena mosca para escutar suas conversas.

Desde minha última discussão com Jungkook, havia decidido com o resto dos caras que iríamos procurar maneiras de mandar Kwan de volta, e, também, descobrir qual era o perigo real que ele oferecia e a quem. Admito que de minha parte eu não estava fazendo nada, apenas queria ver TV e comer queijo nacho com chantilly, era só um peso morto mesmo querendo que tudo se resolvesse sozinho.

Todavia eu sabia que não seria assim.

Enquanto estava distraído mergulhado naqueles pensamentos, meu celular começou a tocar. Ao pegá-lo, pude ver o nome de Namjoon brilhar desesperadamente na tela e então atendi.

— Alô?

Jimin, você pode vir para cá agora? É urgente.

E sem esperar minha resposta, ele desligou.

— Ok. – sussurrei ao olhar para o celular.

Pelo seu tom de voz, ele parecia bastante preocupado. Peguei tudo que havia sujado e levei a cozinha, lavando tudo e deixando tudo arrumado. Depois segui para o quarto a fim de trocar de roupa o mais rápido possível e chegar à casa de Namjoon.

(...)

Ajeitei a blusa, puxando-o contra o corpo.

Era uma tarde quente, parecia que Taehyung havia deixado os portões do inferno abertos e o fogo decidiu dançar na terra. Ao dobrar a esquina, pude avistar a simples casa do casal. Era fofo o pequeno jardim que cultivavam, para meros mortais pareciam apenas flores, mas eu sabia que Namjoon guardava ali ingredientes mortais. Estacionei atrás de seu carro e segui para fora rapidamente, indo em direção a sua porta de entrada.

Quando meu indicador ia tocar a campainha, a porta foi aberta revelando um Namjoon com um olhar ameaçador.

— Se você tem amor a sua vida, não vai tocar essa campainha.

— Por quê...? – perguntei ainda na mesma posição.

Sem fazer qualquer movimento brusco.

— Já faz uma semana que Jin voltou ao inferno e todos os dias um grupo de crianças passa por aqui e toca isso, logo depois saem correndo.

Um sorriso macabro brotou em seus lábios.

— Estou pensando em fazer algo da próxima vez, tipo colocar pimenta na campainha.

Apertei os olhos enquanto o observava.

— Que fazer algo o que seu psicopata. – disse já o empurrando para entrar — Pimenta na campainha... Você é um bruxo, e pensando nessas coisas.

Ao chegar a sua sala, pude observar a quantidade de livro que estava sobre a sua mesinha e as olheiras que seus olhos gritavam mostrando tudo.

— Você tem dormido? – perguntei preocupado ao virar em sua direção.

— É... – o observei piscar algumas vezes. – Um pouco. Mas eu não o chamei aqui para isto.

Namjoon andou em direção a mesinha e pegou um dos livros ali, folheou e então entregou em minhas mãos.

Bellator.

— O que é isto? – perguntei ao ler.

— É o que Kwan representa para o povo dele.

Demos quase um pulo ao escutar aquela voz ecoando pela sala, era Taehyung sentada no largo sofá, sempre aparecia nos momentos importunos.

— Meu deus, Taehyung, você sabe o que é bater? – perguntou Namjoon com a mão no coração.

— Só na hora do sexo, tipo punheta. – abriu um pequeno sorriso.

Revirei os olhos, sempre inconveniente.

— Ou em quem maltrata animaizinhos, mas aí eu tenho um lugar reservado para eles no inferno.

Se ajeitou no sofá.

— Enfim, ele está certo. – Namjoon suspirou, em seguida sentou-se na poltrona. – Bellator significa Guerreiro. Os leviatãs queriam se vingar de Lúcifer por essa besta os banir para o purgatório.

— Ei! – resmungou ao escutar o insulto.

Ri baixinho logo depois voltando minha atenção.

— E então eles se agarram a uma lenda, um intermediário que fosse vingá-los.

— Kwan. – disse.

— Após a aliança dos Sete príncipes infernais, um tipo de sacerdote de seu povo teve uma visão, que se um leviatã gerasse uma criatura que fosse filho de um demônio pertencente à Ira, essa criatura seria a resposta para a vingança deles.

Suspirei encarando o nada.

— Pois os leviatãs são as primeiras criaturas que surgiram na terra e a Ira faz parte dos três primeiros pecados, por causa do filho do primeiro homem perfeito.

— Caim. – respondi quase como um sussurro.

Olhei novamente para o livro, nervoso e com minha mente completamente nublada. Então, a idiotice que eu havia feito era muito maior do que eu pensava, e pensar em como tudo aquilo estava afetando as pessoas que eu amava. Como aquilo podia prejudicar Taehyung, o homem que me guiou até Jungkook, o homem da minha vida e Suhan, minha pequena estrelinha.

Pude observar meu amigo caminhar em minha direção e então, tocar meu ombro.

— Em outras palavras, Kwan é o único que pode derrotar qualquer criatura que pertence aos céus. – Taehyung respondeu.

Meu coração falhou uma batida, então Taehyung tinha prazo de validade e a culpa era minha.

— O que eu fiz? – senti meus olhos marejaram.

Como (Não) Se Livrar De Um Humano Apaixonado, Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora