Capítulo 16

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Na Segunda-feira tudo o que eu queria era continuar em minha cama quentinha e confortável, mas infelizmente eu tinha que ir para a escola e assistir duas aulas seguidas do meu querido professor Uckermann.

Vesti-me totalmente desanimada e pedindo a Deus para que ele tivesse uma grande dor de barriga e não fosse para escola hoje, assim eu não precisaria ouvir por duas aulas a voz que gemia em meu ouvido enquanto me comia – não fui muito delicada, né? Me desculpe.

Acontece que eu estava muito irritada e quando estou irritada tudo o que eu quero é que não me aborreçam e ao mesmo tempo também quero sair gritando com todos para irem se foder. Além de falar muito palavrão. Um amor de pessoa.

Tomei um rápido café da manhã sozinha, já que meus pais estavam de férias e foram viajar por duas semanas. Eu me sentia feliz por eles que até quiseram ir falar com o diretor para que eu fosse junto, mas eu teria provas na próxima semana e ter que fazê-las depois, estava fora de cogitação. Eram mil vezes pior do que as provas que entregavam para todos. Por outro lado, se eu tivesse ido com eles não teria transado com Christopher e consequentemente não estaria com vontade de esgana-lo. Mas, também não saberia o grande idiota que ele é e continuaria com minhas mensagens altamente pornográficas.

Quando cheguei ao colégio, Maite me esperava ao lado do portão sorrindo. Eu admirava seu bom humor matinal e ela era a única pessoa que eu não conseguia descontar meu mal humor, porque sempre era amorosa e sensível demais. Já com Anahí, sempre trocava farpas e não era por não gostar dela. Na verdade, Anahí era minha amiga há tanto tempo que nós definitivamente não nos aguentaríamos se não houvesse tanto amor envolvido. A questão era que somos muito parecidas quando se trata de mau humor, então sempre acabamos descontando uma na outra e agimos como se nada tivesse acontecido depois, porque nos acostumamos e entendemos que não é porque queremos e sim um impulso que – já tentamos, mas falhamos miseravelmente – não conseguimos controlar.

— Bom dia, Dul! — Maite disse sem deixar de sorrir.

— Bom dia, Mai. Dormiu bem? — Perguntei e ela apenas assentiu com a cabeça.

— E você? — Nós entramos na escola e seguimos rumo a nossa sala. Anahí provavelmente está agarrada no pescoço Alfonso nesse momento.

— Dormi bem, mas se pudesse não vir para a escola hoje e continuar em minha cama quentinha, seria ótimo.

— Realmente — Ela concordou.

Maite comentou brevemente como foi seu final de semana, enquanto entrávamos na sala e nos sentávamos em nossos lugares. Ela sentava em minha frente e Annie atrás de mim.

— E você, como está em relação ao Sr. Uckermann? — Ela perguntou baixinho já que ainda não havia muitas pessoas ali. Mas, não pude deixar de revirar os olhos.

— Estou cagando e andando para ele, Mai. Apenas queria pular essas duas primeiras aulas.

— Vai passar rápido, amiga.

— Acho muito difícil. Talvez eu até durma.

— Você sabe que ele não suporta isso, Dul.

— E agora eu não suporto ele, então acho que estaremos quites. — Dei de ombros.

Maite apenas negou com a cabeça e se encostou  na parede assim como eu estava. Nós ficamos em silêncio até o sinal bater, os alunos entrarem – inclusive Anahí retocando seu batom – e meu queridíssimo professor também. Ele já entrou focando seu olhar em mim, mas eu apenas desviei o olhar e tirei minhas coisas da mochila.

— Bom dia, pessoal. — Ele disse sorrindo e todos – exceto eu, que se abrisse a boca o mandaria tomar no cu – responderam ao seu bom dia, mas totalmente desanimados.

Ele começou a explicar a matéria, mas eu não conseguia prestar atenção em uma palavra sequer, evitava olhá-lo para não focar em sua bunda enquanto ele escrevia no quadro. A mesma bundinha pelada que eu vi no fim de semana.

Certo, isso não está me ajudando.

— Pare de pensar na bunda dele, Dulce. — Anahí sussurrou em meu ouvido e eu a olhei assustada, observando a rir — Você está com cara de boba — Ela justificou.

— Vai se foder, Anahí. — Revirei os olhos.

— As senhoritas gostariam de compartilhar com a sala o assunto, Saviñón e Portilla? — A voz de Christopher soou alto na sala e eu o olhei. Sua sobrancelha direita estava arqueada e eu quis voar em seu pescoço naquele momento.

— Nós até poderíamos professor, mas acredito que a turma e muito menos o senhor não gostariam nada do assunto. — Annie disse desafiadora e eu quase voei em seu pescoço. QUASE. Porque assim que eu vi o modo como ele engoliu em seco e apenas disse um “Espero que isso não se repita” me fez querer abraça-lá tão forte e agradecer por ser tão incrível.

O resto da aula passou comigo tirando alguns cochilos e sem um pingo de foco na matéria, mas eu estudaria em casa. Quando a aula dele chegou ao fim, teríamos uma palestra no auditório da escola. Enquanto todos se dirigiam até lá, eu terminava de pegar o dinheiro para já sair do auditório direto para o intervalo, Anahí e Maite me esperavam na porta e Christopher arrumava suas coisas. Quando eu estava indo para a porta, ele chamou.

— Posso falar com você, Saviñón?

Congelei e olhei para as meninas que estavam com os olhos arregalados, respirei fundo e virei-me para ele.

— Claro, professor.

— Quer que a gente te espere, Dul? — Maite disse.

— Apenas guardem um lugar lá, por favor.

— Tá bom. — Elas disseram e saíram.

Christopher foi até a porta e a fechou.

— A Portilla sabe? — Ele perguntou, sério.

— Claro que sabe. Anahí estava comigo na festa, eu precisava explicar meu sumiço para ela.

Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos.

— Fique tranquilo que ela não vai contar para ninguém, ela pode ter todos os defeitos do mundo, mas jamais prejudicaria alguém. Ainda mais eu, que sou a melhor amiga dela.

— Espero — Ele murmurou e eu revirei os olhos — Sobre nós, eu… — O interrompi.

— Você já foi bem claro Sr. Uckermann. Eu já disse que não sou a Louise, não vou sair espalhando nada por aí e muito menos quero ter algo sério com você. Foi apenas sexo e ponto. Acabou. Supergirl nem existe mais.

— Fico feliz que tenha sido claro, Saviñón. — Ele disse duramente, mas eu podia ver que estava com surpreso com minhas palavras.

— Você não precisa ser claro com alguém que já está resolvida desde o começo, Sr. Uckermann. Bem, não temos mais nada para conversar. Com licença. — Retirei-me da sala rapidamente e fui direto para o auditório, mas sem deixar de pensar que eu poderia ter voado em seu pescoço.

. . .

Talvez teremos um POV do Christopher no próximo capítulo, hein? 😘

I Want You (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora