Capítulo 36

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Dulce Maria.

A volta às aulas nunca foi tão estressante quanto estava sendo daquela vez. Não havia só a questão da preguiça de voltar a escola, mas também meu relacionamento com Christopher e a vaca da Louise. Não queria ter que trombar com ela e aguenta-lá na sala, além do medo que descobrissem sobre eu e Ucker.

Tentava a todo momento me lembrar que para ela eu e Christopher não estávamos mais juntos, que minha mãe, mesmo depois de um grande sermão, havia me apoiado e meu pai não precisava saber disso por enquanto. Entretanto, ela estava o preparando para o baque quando anunciado. 

Era só passar a formatura e poderíamos nos assumir, ao menos para meu pai. Claro que eu sabia que não seria fácil ele aceitar no começo, mas não tinha pressa, poderia esperar ele absorver a história. 

Encontrei Anahí e Maite na entrada da escola e as abracei. Graças a Deus, além de minha mãe, tinha as duas que já haviam dito que estavam ao meu lado para o que precisasse.

De braços dados com as duas, entramos na escola e tudo estava como sempre, cada um com seu grupinho de amigos conversando, casais abraçados e os grupinhos de pessoas que adoravam reparar em todos. 

Me sentia estranha por fingir não olhar mais na cara de alguém que queria por perto. Pelo menos para Louise, precisava fingir que só aturava Christopher por ser meu professor, manter toda e qualquer distância para que ela nem pense em desconfiar de nós dois.

— Você acha que esse plano realmente vai dar certo, Dul? – Maite perguntou baixinho, olhando-me atentamente quando paramos no canto que gostávamos de ficar.

— Tem que dar, Mai. Se não der certo e essa menina decidir abrir a boca, estamos ferrados. 

— Ela não é louca! Eu puxo aquele mega-hair que ela insiste em dizer que é natural! – Anahí diz totalmente irritada. Ela também já teve seus problemas com Louise. 

— Só é muito complicado fingir estar brava com alguém que você não está. Evitar olhá-lo e essas coisas. Porém, todo cuidado é pouco porque se ela desconfiar um pouquinho que seja, todo o inferno recomeça e eu não quero isso. 

— Você vai precisar ser muito forte, amiga – Maite diz e eu assinto. 

— Você nem imagina o quanto, Mai. Mas, se no fim der tudo certo, já está tudo bem! – Tento sorrir, mas a preocupação não permite que seja um sorriso verdadeiro. 

— Preparada para a aula do cara que você mais odeia na vida? – Anahí diz, me lembrando que as duas primeiras aulas é dele. Meu coração por um momento acelera, mas preciso me controlar. 

— Não tenho pra onde correr, né? – Brinco e nós rimos. 

Vamos para nossa sala e quando chegamos além de algumas poucas pessoas, Christopher já está na sala. Percebi que ele reprime um sorriso ao me ver, assim como eu. Será que seu coração está tão acelerado quanto o meu?

Em poucos minutos o sinal toca e o resto dos alunos entram, até mesmo a garota que mais me faz passar raiva. 

 Christopher inicia a aula e tudo ocorre normalmente, como sempre foi. Ele continua explicando maravilhosamente bem e eu continuo babando por ele, enquanto tento prestar atenção no que ele diz e não em sua boca macia e gostosa se movendo. A diferença de hoje para o começo do ano é que hoje eu sei do que aquela boca é capaz. 

As aulas passam tão depressa que até estranho, estava tão angustiada que pensei que demorariam bem mais. Quando o sinal toca para o intervalo, respiro aliviada e sigo as meninas até o pátio. Estava com saudades do salgado da escola.

Como nem tudo é do jeito que queremos, quando me sento para apreciar meu salgado com minhas amigas, Louise se aproxima com aquele sorriso irritante no rosto e se senta em nossa frente.

— Como vai a vida, Dulce? – Só pelo tom de voz irritante, já sei que deverei me segurar para não voar em seu pescoço.

— Ótima, Louise e a sua?

— Incrível! Sabe que eu tive um encontro com Ucker esses dias? Ele me levou em um motel, foi ótimo.

— Ah, que bom Louise! mas não me lembro de ter perguntado e muito menos ter te chamado aqui.

Apesar de estar irritada, por dentro eu também estava rindo, porque eu sabia bem o que aconteceu no dia em que Christopher a levou para o motel e não foi sexo.

— Pelo amor de Deus, Louise! Vaza daqui antes que eu arranque esse seu aplique muito mal feito! – Anahí disse e eu sabia que estava se controlando para não voar em seu pescoço também.

Louise revira os olhos, mas se levanta e manda um beijo no ar antes de sair saltitante com o resto do seu bando. Que Deus me dê paciência!

— Vai ser difícil aguentar até o fim do ano! – resmungo.

— Mas você consegue! – Maite diz. 

— Só toma cuidado, Dul. Ela pode estar tramando alguma, você sabe né? Todo cuidado é pouco!

— Eu sei, Any. Eu sei… – Suspiro, mas rezo para que nada saía do nosso controle. 

I Want You (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora