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Ânia sentou-se no sofá novamente, os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto nas mãos. A voz do noivo, ex-noivo agora, continuava a soar, cada vez mais alta e mais carregada de dor e, simultaneamente, repulsa.

- Porra, Ânia! Como é que me estás a dizer uma coisa destas? O que é que se passou?

Gonçalo soluçou e a morena sentiu o seu coração apertar um bocadinho mais. Não queria tê-lo posto naquela situação, de todo, mas não havia volta a dar.

- Guga, desculpa, eu... - ela suspirou, as lágrimas já a ameaçar cair. - Eu queria muito, mas eu não estou feliz. Eu tentei, juro que sim, mas eu não consigo, não está a dar.

- Nós íamos casar, foda-se! Como é que isto acontece? - ele leva as mãos à cabeça, puxando levemente os fios de cabelo escuros, exasperado. A dor dá lugar à raiva. - Não me podias fazer isto! Não nos podias fazer isto!

- Gonçalo... - ela tentou começar novamente, sendo rapidamente interrompida pela sua voz grave, que se tornava cada vez mais rouca à medida que discutiam. 

- Sai, Ânia. 

Ela foi rápida a aceder ao seu pedido, mais do que alguma vez achou que seria. Pegou na pequena mala de viagem, que já havia preparado, e dirigiu-se à saída da habitação, não conseguindo evitar olhar para trás. A imagem do rapaz que, um dia, achou ser o amor da sua vida sentado no sofá, as suas costas a subir e a descer com o choro, deixou-a, novamente, à beira das lágrimas. Mas não podia ficar, não mais.

Fazendo o mínimo de barulho possível, retirou a aliança do seu dedo anelar e pousou-a na cómoda perto da porta. Quis dizer a Gonçalo que ele ia ficar bem, que ia ser feliz sem ela, mas remeteu-se ao silêncio. Abandonou então a sua antiga casa com um baque silencioso da porta.

Ia ficar tudo bem, ela sabia-o. 

Olá, olá,

e bem-vindos a uma nova história! Se leram habits of my heart já sabem que não sou uma pessoa de notas de autor, portanto aqui está a primeira desta história e vamos juntos descobrir onde aparecerá a próxima.

Obrigada por estarem desse lado!

xx, Bia

Nota à navegação: esta história foi inicialmente escrita em 2019, quando Francisco Geraldes estava de regresso ao Sporting; esteve publicada, parada e, entretanto, foi completamente passada para rascunho, com a intenção de ser revista e terminada

assim sendo, vamos assumir que todos os elementos da história, incluindo a época futebolística, são ficcionais e não correspondem à realidade

devagar || francisco geraldes [pt]Onde histórias criam vida. Descubra agora