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Francisco estava hesitante. O futebolista sabia que queria acompanhar Ânia até ao interior do seu apartamento. Aliás, sabia desde o casamento do melhor amigo que queria muito mais do que isso. Mas não podia, nem queria tomar vantagem dela. Os olhos dela, por sua vez, continuavam fixos nos dele, e ele conseguia sentir que lhe pediam por uma resposta.

- Claro, por que não? - cedeu, vendo a morena responder-lhe com um sorriso. 

O camisola dezassete dos verde e brancos saiu então do carro, seguindo a jornalista para o interior do seu prédio e até ao seu apartamento. A habitação era bonita e bem cuidada e o do sexo masculino sentia que representava bem aquilo que, para já, conhecia da prima de Rita.

- Queres beber alguma coisa? 

- Eu acho que nenhum de nós deve beber mais nada, tu principalmente. - retorquiu, ao invés puxando-a e convidando-a a sentar-se no seu próprio sofá, onde ele tomou a liberdade de se sentar também. 

Desinibida, também por conta do efeito, agora mais controlado, que o álcool ainda tinha no seu corpo, Ânia deixou que os saltos escorregassem dos seus pés e ergueu as pernas até as pousar no colo do jogador do Sporting. Partilhando do conforto que a morena transmitia, Geraldes colocou as suas mãos nos membros da jornalista, cobertos pelas calças brancas que ela trajava, permitindo que o seu polegar ali deixasse pequenos carinhos. Os dois mantiveram-se em silêncio durante alguns minutos, até ela o resolver quebrar.

- Por que é que o Yuri te tinha falado sobre mim? - interrogou, recordando o dia do casamento da prima e o que o marido desta havia dito quando a apresentou ao seu padrinho de matrimónio.

Ele riu, divertido, chegando-se ligeiramente para mais perto dela antes de lhe responder. Ânia sentia-se inebriada pela proximidade e cada vez mais ficava convencida de que seria complicado terminar a noite sem cometer nenhuma loucura que envolvesse o homem à sua frente.

- Desde que conheceu a Rita que o Yuri acha que eu preciso de uma namorada...

- E eu seria a pessoa indicada, é isso?

O sorriso que ela ostentava era provocador e Francisco perdia o juízo a cada segundo que passava. Ele já não sabia que jogo é que os dois estavam a jogar, mas sabia que o queria continuar a jogar com ela. Sabia que o queria ganhar.

- És? - inquiriu, direto, aproveitando a pergunta para mover o seu corpo para mais perto do dela.

Uma gargalhada escapou pelos lábios da morena, que deixou cair a cabeça para trás enquanto negava. A reação intrigou o jogador do clube de Alvalade que a olhava expectante, em busca de uma resposta que o intrigaria mais ainda.

- Nem perto, Francisco Geraldes. - Ânia confessou num suspiro, fechando os olhos e permanecendo com a cabeça deitada no encosto das costas do sofá. 

- E porque não?

Quando voltou a abrir os olhos, o rosto de Geraldes estava perigosamente perto do seu e a dona da casa engoliu em seco, sem evitar focar os seus olhos nos dele.  Os lábios de ambos permaneciam entreabertos e a tensão entre os dois tão intensa que nenhum conseguia precisar exatamente quanto tempo tinham ficado ali, imóveis, perdidos um no outro. Foi só quando Francisco levou a sua mão direita a segurar o rosto da mais nova que o tempo pareceu voltar a contar.

- Eu quero muito beijar-te neste momento. - confessou, num pedido implícito por consentimento.

As palavras tiraram, novamente, o ar à jornalista, que desejou poder consentir à vontade do futebolista, que era, no fundo, também a sua. Contudo, o seu lado racional obrigou-a a negar com a cabeça e a aumentar a distância que os separava, ainda que não sentir os dedos do do sexo masculino no seu rosto a incomodasse.

- Eu não posso, não consigo... - murmurou. - Francisco, eu rompi um noivado há meses, preciso que tenhas calma comigo. Desculpa...

- Ei! Ânia, não, para. Eu é que peço desculpa, não te quis pressionar a nada. - as suas mãos dirigiram-se mais uma vez para o rosto da prima de Rita, segurando-o e garantindo que ela fitava os seus olhos. - Está tudo bem, eu juro.

Depois de assegurar, repetidamente, a rapariga de que estava tudo bem, e de se assegurar de que ela estava bem, Francisco concluiu que seria melhor dar a noite por terminada e dirigir-se à sua casa, permitindo que a sua recente companhia descansasse. Antes de sair, porém, foi surpreendido pelo pedido da morena para que trocassem números de telemóvel e para que o rapaz a avisasse quando estivesse já seguro na sua habitação.

Quando ele já se preparava para ir embora, Ânia levantou-se também do sofá, acompanhando-o à porta do apartamento, onde o voltou a surpreender, desta vez ao puxá-lo para um abraço apertado.

- Obrigada, Chico. - genuinamente grata a um dos padrinhos de casamento da sua prima, agradeceu, apertando o enlace e vendo o gesto retribuído na forma de um carinhoso beijo no topo dos seus cabelos.

Menos de quinze minutos depois, o aparelho eletrónico da jornalista vibrou no cimo da sua pequena mesa de cabeceira, assinalando a chegada de uma nova mensagem. 

Francisco Geraldes
já estou são e salvo, como prometido. bom descanso e até breve, espero ;) 

Eu
obrigada, novamente, e desculpa por hoje. boa noite, Francisco Geraldes :)


devagar || francisco geraldes [pt]Onde histórias criam vida. Descubra agora