A revelação parte 1

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  Sempre tive o desejo e a aspiração de ser uma garota comum e verdadeiramente feliz, com a acumulação de meus problemas ao passar dos anos fui reconhecendo o quanto esses anseios me fizeram mal, pois tinha me tornando o que era a partir de concepções e narrativas incoerentes e irreais de mim mesma, era meus pensamentos que sempre me destruíram, pois a felicidade que tanto almejava e necessitava não vinha ao meu encontro pelo motivo de que não a permitia entrar em minha vida. Aqueles pensamentos e reflexões passavam em minha consciência de maneira contínua e progressiva, não tinha aceitado o fato de que iria morrer naquela altura do campeonato, eu tinha apenas 15 anos havia tanto para aprender e para viver. Naquele momento tive noção da real dimensão do que se é estar viva, nunca fui uma pessoa grata as coisas que possuia por que nunca as havia perdido, porém tudo mudou naquela quinta-feira chuvosa e nublada quando meus sonhos foram levados embora para nunca mais me pertencerem.

  Emílio Portman havia me raptado e possuía o intuito de acabar com a minha vida, não sabia ao certo o porque de tudo aquilo estar acontecendo ou qual seria o motivo fundamentavel pelo qual estaria o induzindo a cometer tal atrocidade, pois nunca o havia feito mal, muito pelo contrário os Portman e os Foster apesar de não terem nenhuma tipo de laço ou ligação forte sempre obtiveram muito respeito um pelos outros, então não haveria razão ou desígnio do senhor Portman possuir rancor ou repulsa de mim, pelo menos era o eu que pensava até aquele momento....

  Emanuel permanecia trancafiado em sua cela terrivelmente extensa e sórdida, aquele ambiente era imundo e penúrio. Eu conservei minha posição em frente de sua jaula, pela minha longitude era perceptível ouvir seus gritos e gemidos de súplica, implorando para seu pai que o retirasse daquele âmbito terrível..

- Me tire daqui, não a machuque, deixá-a viver, poupe-a. Diz Emanuel aos prantos.

- Você sabe que não posso fazer isso meu filho, até porque tem conhecimento da justificativa e do motivo real e tangível para ela e voce estarem neste lugar. Se não fosse tão covarde não precisaríamos estar nessa situação, pegá-la era sua obrigação, você a poupou, e me decepcionou. Diz Emílio Portman com desdém.

  Cada palavra dita pelo senhor Portman naquele premente segundo me atingiu como uma faca de lâmina afiada perfurando todas minha estruturas físicas e internas, senti meu coração acelerar, e em meus olhos as lágrimas mais doloridas e angustiantes molhavam meu rosto de maneira descomunal. Não sabia o que fazer como agir muito menos o que sentir. Emanuel ficou sem dizer nada pelos 2 minutos seguintes, até que tomou coragem e olhou profundamente em meus olhos encharcados para dizer:

- Eu posso lhe explicar Catarina, eu nunca quis feri-lá ou machuca-la, nunca tive coragem ou forças para isso, por todas as vezes que tentei meu coração e meus sentimentos por ti me impediam.

Aquilo me doeu intensamente.

- Como assim tentei? Você tentou me matar? Então era por esse motivo que havia se aproximado de mim daquela maneira, era uma emboscada? Não vá me dizer que aquele dia na estrada, seu objetivo era realmente me atropelar?

- Sim, e todos as outras vezes que vocês se viram, inclusive aquele dia em nossa casa.Emanoel havia recebido esse compromisso a anos atrás. Porém observando estes últimos dias quando vi que não possuía a integridade e valentia de praticar essa tarefa pois estava se envolvendo sentimentalmente por você resolvi botar um fim nessa historia de uma vez. Diz Emílio ao se aproximar cada vez mais.

- Compromisso? Vocês são tipo uma corporação de assasinos psicopatas? E afinal porque motivo querem me matar? Pergunto ao me afastar de Emílio.

- Essa deixarei meu filho lhe responder. Aliás permitirei vocês conversarem um pouco, até porque preciso ir até a cidade comprar algumas coisinhas, afinal hoje temos visita em casa não é mesmo?

- Estamos fora da cidade? O que está acontecendo? O que vocês querem de mim?

Emílio não responde. Ao invés disso se afasta e vai em direção a porta de entrada da casa dando grandes e tenebrosas gargalhadas.

  Emanuel continuava a me olhar de maneira intensa e constante. Com seus olhos azuis claros que se igualavam a cor do mar mais donarioso e perfeito, porém seu choro era de uma imensidade tão profunda que ao redor deles o puníceo e vermelhidão dominava.

- Perdoe -me. Diz ele de forma calma e paciente.

- É isso que você tem a dizer para mim? Desculpa? Como possui a audácia de dizer isso? Respondo a ele.

- Eu não sei mais o que dizer a você. Eu sinto muito mesmo. Mais saiba que eu nunca te machucaria...

  Mais ele havia me machucado! De uma intensidade da qual ninguém nunca havia magoado antes, pois tudo que ele fez foi me ferir, me retalhar, me despedaçar em pedaços. Dores iguais a essas são difíceis curar. Dores internas são como capítulos extensos, torturantes e insuportáveis, dos quais mesmo concluídos permanecem em forma de cicatrizes e ferimentos dentro de nossa alma eternamente....

- ....Eu queria poder dizer algo que lhe confortasse e que te fizesse me perdoar. Mais tenho ciência do meu erro, e entendo sua repulsa por mim no momento. E sim, sei que a culpa é toda e absoluta minha, mais eu quero que você entenda Catarina, os sentimentos que sinto por você são puros e verdadeiros. Continua Emanuel

- Não quero ouvir nada que saia de sua boca mais .A não ser o fato do porque estarmos aqui. Conta-me tudo. A verdade desde o início. Digo com uma voz fria e impiedosa.

- Se é isso que deseja....

Paixão Destruidora Onde histórias criam vida. Descubra agora