A fuga

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A escuridão e a neblina governavam aquele momento. Não tinha noção ou conhecimento das horas. Tudo que podia sentir era o frio, medo e o desespero dominando todas minhas estruturas físicas e emocionais. Meus pensamentos me levavam a lugares distantes e antigos daquela realidade. Pensava a cada segundo em minha família. Na minha mãe. Precisava salva-la. Mais antes de tudo teria que escapar das mãos daquele homem que me segurava cada vez com mais força e expressividade. Seu rosto era abstrato em minha perspectiva visão, pois aquela floresta e o ambiente se tornavam cada vez mais escuro e sombrio. O som de sua voz não me era familiar. Podia sentir o ódio e a raiva me consumiando a cada instante. Foi quando não pude controlar meus movimentos e atitudes, e naquele mesmo momento ataquei o homem, com a lanterna que carregava em minha mão esquerda joguei com violência em sua região abinomial, o fazendo cair no chão.

- Foster não fuja de mim, só quero ajudá-la. Eu sou o...
Dizia o homem caído e gemendo de dor, sujo de terra do chão.

Não queria escutar mais nenhuma palavra daquele indivíduo. E mesmo com minhas pernas e todas as outras partes do meu corpo cansadas não sabia o que fazer. Então resolvo sair correndo do lado oposto da floresta. Olhava ao redor com o intuito de tentar enxergar alguém me seguindo. Nada avistava. Estava correndo fazia 40 minutos. Foi então que não consegui me mover mais. Meus olhos fecharam, sentir minhas pernas ja sem movimentos, me encontrava muito exausta para continuar, foi então que apaguei naquele mesmo instante.

*********


- Quem será que é? O que ela faz nessa floresta? Será que está perdida?

Ao abrir os olhos vejo dois homens velhos segurando duas espingardas em suas mãos. Ambos olhavam para mim de forma atenciosa. Em seus olhares as fisionomias descreviam confusão e curiosidade. Podia sentir o sentimento de piedade em seus rostos enrugados e tristes.

- Moça você está bem? Diz o homem de olhos claros e cabelos grisalhos.

- Aonde estou? O que aconteceu? Pergunto.

- Você está a 2 km do Olympio nacional Park.

- Fica muito longe do município de Seattle?

- 160 km de distância, cerca de 4 horas de viagem de carro. Você é de seattle? O que faz aqui? Pergunta o outro homem careca com cara de assustado.

- Sou! Preciso voltar para casa, estou com fome, suja e cansada. Por favor vocês poderiam me ajudar?

- Está muito longe de casa mocinha. Quantos anos tem?

- Eu só preciso voltar para casa. Me perdi pelo caminho. Respondo.

Não poderia contar a eles que havia sido raptada por um dos membros de umas das maiores facções de psicopatas do estado de Washington, pois apenas aquela informação era o suficiente para os colocarem em perigo também.

- E como veio parar tão longe de casa? Pergunta o mesmo homem de cabelos brancos.

- Tive uma briga com minha mãe. Então peguei o primeiro ônibus que vi. E de alguma forma vim parar aqui, não sei ao certo o que aconteceu. Respondo de maneira sutil e delicada.

- Vamos te levar para um lugar seguro daqui. Venha conosco. Diz o homem careca com um olhar estranho.

- Ok! Digo.

Os dois homens que aparentavam terem idade entre 50 e 60 anos, me levaram até a delegacia mais próxima do local que haviam me encontrado. Lá policias, detetives e até mesmo o delegado me interrogaram durante basicamente duas horas e meia, fazendo questionamentos e perguntas das quais não poderia de maneira alguma responder de verídicamente pois estaria comprometendo minha vida e de minha família inteira.

Eram exatamente 13:00 da tarde quando minha família chegou. A cara de assustada de minha mãe ao olhar para mim, era épica pois meu estado físico estava completamente deplorável. Vestia o uniforme do Colégio bloomfield, uma saia de prega vermelha completamente suja de lama e terra juntamente com a camiseta branca que de branca já não havia mais nada, tudo que se era possivel exergar era o emblema com o símbolo da escola estampada do lado direito da camiseta.
No caminho de volta para casa a calmaria e o silêncio permaneceram presente dentro do carro. Os olhos de piedade nos rostos de minha família ao olhar para meu rosto pálido e cansado eram recorrentes. Podia sentir a aflição e angústia se manifestarem no olhar de cada um. Até de meu pai que permanecia sentado no banco do passageiro ao lado de minha mãe que dirigia seu Honda Hiv. Aquela cena de certa forma me fez relembrar tempos antigos, quando éramos uma família unida. Mais de certa forma a lembrança daquelas memórias de infância onde meus pais ainda eram um casal, automáticamente me faziam lembrar de situações e ocorrências perversas e tristes onde brigas e discussões reinavam em nossa rotina habitual.
Ao chegar em casa vou direto ao banheiro me lavar. Já tomada banho, resolvo ir até meu quarto descansar um pouco e também pelo fato de não querer ouvir os questionamentos e perguntas de minha mãe. No mesmo segundo escuto a porta do quarto abrir:

- Querida eu sei que está exausta, mais precisamos conversar! Diz minha mãe ao se aproximar.

- Desculpe mãe mais não estou em condições para isso. Respondo quase caindo aos prantos.

- Eu fui até a casa dos Portman na tarde do ocorrido, já que vários de seus colegas dizeram ter visto você sair com o Emanuel na hora do intervalo.

- O que? O que você foi fazer naquele lugar mãe? Respondo assustada.

- Porque esse pavor todo Catarina? Eu só queria saber se estava la com o Nuel. Ou quem sabe encontrar alguma notícia sua.

- E o que eles dizeram a você? Pergunto.

- Não souberam responder, tudo que me falaram era que Emanuel também não havia chegado em casa ainda. Então concluímos que talvez vocês pudessem ter fugido juntos.

- Não estou acreditando que você achou que eu fugiria com Emanuel Portman mãe. Isso é decepcionante e torturante até para mim.

- Eu não sabia o que pensar Catarina! Você não dava notícias, nós tínhamos acabado de brigar, e eu notei que estava faltando algumas roupas em seu armário.

- Como assim faltando roupas?

- Eu andei olhando suas coisas para ver se conseguia encontra algo, e vi que algumas de suas peças de roupas e sapatos haviam sumido de maneira repentina.

Minha cabeça estava muito confusa e desordenada. Quem havia pego minhas coisas? Os Portman? Mais para que? E por que? Passei quase 3 dias naquele lugar tenebroso e imundo e nem banho fui permitida tomar.

- Catarina Emanuel ainda está desaparecido, você precisa contar o que sabe a polícia. Ele estava com você? O que aconteceu?

- Estou cansada mãe, preciso dormir por favor me deixe sozinha.

Foi tudo que consegui dizer naquele momento.

- Okay querida conversamos quando se sentir melhor...

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