três

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Eu já tinha quinze e mamãe me explicou sobre o amor e sobre paixão.

Se eu entendi bem, amor é sorvete para dois e paixão é um sorvete para cada um: se o sorvete para dois acabar e a vontade de tomar sorvete ainda não, compra-se outro e divide novamente; mas, se já comprou um sorvete para cada, há mais chances de se estar satisfeito, e assim, ambos vão embora um pouco mais rápido.

Mas, a quantidade de sorvete é a mesma, e é por isso que as teorias de mamãe não são tão boas. Você entende só até entender de verdade, daí por diante já não entende mais nada.

Amor é algo que dura, isso ela deixou bem claro, como vidro que demora a se decompor.

Eu não a amo, pois não há como amá-la. Eu amo meu pai e amo minha mãe e amo o Charlie. Amo a vovó e o Douk, nosso cachorro, amo minha irmã mais nova e amo fritas com milk-shake. Não há como ela entrar numa lista dessas, o que sinto por ela é diferente de amor e diferente de paixão e diferente de dividir um sorvete.

O que sinto por ela é forte, como seu cheiro de inseticida aos sábados. É como amar a tudo, unir todo esse amor, embalar e dar à ela. Se amor for desse jeito, grande e imenso, então talvez eu a ame muito mais do que já amei qualquer coisa.

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