Noite de terror

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Está tarde e chovendo forte lá fora e eu tive que fechar a janela do quarto e tirar as roupas do varal. Sempre que chove assim ficamos juntas, por que eu sempre tive medo dos relâmpagos e os trovões, Florence já ama, ela fala que os raios e seus estrondos são como gritos de fúria dos céus, a revolta dos céus contra a injustiça da humanidade, coisa do tipo, e isso pra ela era algo celestial, uma benção do fenômeno da natureza para se admirar. De tanto "fenômeno natural" havia acabado a luz.

- Pronto, tudo que eu queria. - Eu resmungava batendo os braços.

O silêncio cantava junto com o som da ventania lá fora, a goteira começou a aparecer e tivemos que colocar baldes na cozinha e na sala, e esse era apenas mais um dos motivos que me fazia odiar esse tempo.

Fiquei sentada na cozinha, deitada com a cabeça apoiada nos braços em cima da mesa, pensando em qualquer coisa que pudesse me distrair, apenas a ventania da chuva lá fora chamava minha atenção. Florence estava perto da janela fumando deitada enquanto olhava pro teto e Marina estava cantando baixinho enquanto ascendia algumas velas e incensos na sala, ela tinha o costume de espalhar de vez em quando alguns incensos pela casa, principalmente quando chove, ela sentia que aquilo afastava energias negativas e que a chuva levava elas com o vento. Ela não era tão ligada à espiritualidade e essas coisas mas ela acreditava que aquilo era bom.

- Já se passou meia hora e essa chuva não passou, que tédio.. - Eu resmungava batucando as unhas na mesa que fazia um único som dentro daquela casa a não ser da chuva lá fora.

- Podíamos voltar à fazer a noite de terror como antigamente, que tal? - Florence falava num tom empolgado.

A noite de terror era uma reunião que sempre fazíamos desde o internato, ela acontecia sempre que faltava luz e chovia muito, mas paramos de realizar desde que Marina discutiu sério com uma de nossas amigas na época, mas não nos falamos mais até hoje. A noite funciona assim: a gente liga para alguns amigos que provavelmente estão no mesmo nível de tédio, e ficamos na sala bebendo vinho ou alguma outra coisa e comendo alguma coisa salgada, tínhamos que todos contar alguma experiência assombrosa ou relatar algum sonho ou lenda que désse medo.

- Vamos! - Eu me despertava logo alegre, qualquer coisa que me tirasse do tédio estaria ótimo. - Vou tentar ligar pra uns amigos. - Florence parecia fazer o mesmo, Marina já parecia não estar muito à fim.

Dos 8 de nossos amigos, apenas 4 me atenderam e aceitaram a proposta na hora. Florence ligou pro Josh e pediu pra que ele trouxesse uns amigos que inclusive eu não conhecia.

Todos chegaram com algumas sacolas com bebidas e outras com comida, parecia que iríamos fazer um churrasco de domingo. Arrumei a sala com almofadas no chão e uma mesinha no centro, todos se sentaram formando uma roda, que no total tinha 9 pessoas incluindo Marina, Josh e seus amigos. Fiquei na cozinha com a Florence preparando alguns pratos com salgados e biscoitos e alguns drinks para bebermos, enquanto o resto brincava com uma laterna rindo alto na sala.

- Florence? Quem são esses que vieram com o Josh? - Eu perguntava separando os pratos.

- Então, Sara e Tessa são suas amigas e Ângelo é seu primo. - Ela abria a garrafa de vodka. - Ah!! as duas são sapatão.

Fiquei observando o pessoal, todos pareciam estar se divertindo e só da risada alta deles estar disputando com o barulho da chuva e da ventania lá fora, já me deixava alegre também.

Nos sentamos juntas à eles, do meu lado estavam as primas do Josh e elas pareciam ser muito legais, elas não pareciam dar em cima de mim mas mostravam muito interesse em conversar. Marina estava conversando com alguns amigos nossos e Florence estava trocando carinho com Josh.

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