Não sou atraído por você é apenas o magnetismo do planeta

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Forcei um sorriso enquanto ele vinha me abraçar e eu retribui o gesto.

Meu pai estava com um sorriso largo.

- Vamos filho, me ajude com o almoço. - me soltando do aperto e voltando à cozinha.

Soltei minha mochila no sofá e o segui. Ele parecia mais animado que o normal.

Me contou sobre como aquele grupo gigante de 9 membros o deixava de cabelo em pé, durante todo o processo de cozinhar e levar a comida à mesa.

Quando nos demos conta, já estávamos no meio da tarde, ainda sentados na mesa da sala, enquanto ele me contava histórias malucas onde os membros faziam coisas impensadas sem pensar nas consequências mas conseguiam consertar antes que sobrasse pro meu pai.

Me levantei da mesa levando minha tigela em direção à pia. Logo arrumaria a mesa e lavaria a louça antes que ele mesmo o fizesse.

- Então filho me conte, como anda a escola? Ainda amigo do Junhoe?

Citá-lo naquele momento me fez temer pelo rumo da conversa.

- Normal pai, e sim ainda somos amigos. - voltei para recolher a tigela dele.

- June com toda aquela beleza com certeza daria um belo ídol. Não sei se conseguiria competir com o nosso grupo. June parece ser bem displicente e preguiçoso, do tipo que quer mas não move um dedo atrás do sonho. Jinhwan você não pode ser medíocre assim viu? Não pode ficar na sombra dele pra sempre. Precisa de seu momento ao sol, se quer um futuro descente, obviamente. - As mesmas palavras que eu costumava escutar sobre os ídolos do momento agora eram para meu amigo, e mesmo que eu soubesse ser em vão, eu não consegui me segurar.

Eu estava em direção a pia para lavar mas voltei a sala, onde meu pai se movia ao sofá já. Sentando em seu lugar preferido e ligando a TV.

- Pai, June não é assim. Ele tem atitude. Personalidade. Ele se destaca não só pela aparência mas pela presença. Ele pode parecer só excêntrico mas ele é mais que isso.

- Jinhwan, só você vê ele assim. Ele é seu amigo, é normal que o defenda. Mas não se engane, ele não é tudo isso que diz.

Desisti de dizer algo mais, capaz de sobrar para mim. Preferia quando ele só falava de seus problemas e não focava em mim, e meus defeitos, meus amigos, meu jeito. Minhas roupas.

Infelizmente aquela boca cheia de palavras preconceituosas e opiniões semelhantes da antiga geração, do tipo que olha a aparência como se fosse toda a obra, e ignora olhares contrários, se abriu novamente e foi como uma tortura.

Lavar aquela louça nunca doeu tanto. Ouvir meu pai falar coisas das quais não sabia. Distorcer tudo sobre meu melhor amigo e calado. Uma facada doeria menos.

Com tanta força e agilidade, terminei de limpar e voltei a sala. Esperando que ele terminasse aquele monólogo sobre o June cheio de mentiras e calúnias.

Não sei se foi melhor ele ter ligado a TV.

Ele ia falar alguma besteira sobre a inteligência do June por ele ser meu amigo, e me aguentar, mas um anúncio sobre um programa survival de rap foi anunciado para o próximo final de semana. Aquele no qual Bobby e Hanbin estavam participando.

Ele parou de falar e prestou atenção no anúncio. Como sempre ele seria ao vivo, no sábado, e os jurados iriam decidir quem iria continuar no programa e anunciaria o desafio da próximo etapa.

Ouvi uma risada leve de escárnio ao meu lado. Ah pronto.

- Esses raperzinhos de rua que acham que sabem rimar e acham que vão virar ídolos assim fácil. Não sabem de nada como o mercado musical funciona. Se você não tem um rosto a cima da média, você não passa nem na porta da agência. Não é questão de talento, é de aparência. Qualquer um sabe disso. Esses pivetes sem rosto achando que vão ter espaço para mostrarem algo, estão só pagando mico na TV. Quem leva a sério isso?

Boy•FriendOnde histórias criam vida. Descubra agora