- Oliver, Oliver - diz minha mãe enquanto bate na minha porta - levante-se filho, esqueceu que tem aula hoje?
Droga. A bateria do celular acabou e perdi o horário do despertador. Mesmo atrasado, faço as coisas no ritmo de sempre. Sou repreendido pela minha professora de Inglês pelo horário de entrar na sala. Adiciono a pasta "Tanto faz".
A garota-parecida-comigo-que-não-sei-o-nome já está em seu lugar, o que me indica que cheguei realmente atrasado. Surpreendentemente, ela está prestando atenção na aula, então penso se não deveria fazer o mesmo.
Obviamente, falho em minha tentativa de ser o "aluno responsável que presta atenção na aula". Tenho um interesse limitado/nenhum interesse na literatura americana, ainda mais quando tenho uma péssima noite de sono. Nada muda durante a aula de álgebra, então apenas abaixo a cabeça e tento dormir até o intervalo.
O irritante sinal para o intervalo me acorda. Deixo a sala aos trôpegos e cubro meus olhos quando sou atingido pelos raios solares que pintam o corredor com um amarelo brilhante demais para quem acabou de acordar.
Me sento embaixo de uma árvore qualquer e fico observando as pessoas que passam. Algumas parecem ser tão... vazias. Tentam agradar a todos para serem mais populares e esquecem de ter sua própria personalidade. Ridículo.
- Oi - nem percebo quando a garota-parecida-comigo-que-não-sei-o-nome-e-blá-lá-blá chega - Posso me sentar?
Nunca havia imaginado como seria minha voz no 'modo feminino' , mas acredito que certamente seria como a dela. Dou de ombros e faço um movimento positivo com a cabeça. Devo admitir que estou um pouco curioso com relação a essa garota.
Ela se senta ao meu lado, mas com uma distância relativamente segura de alguns centímetros entre nós.
- Então, qual é o seu nome? - ela pergunta quando o silêncio já estava ficando constrangedor.
Não sou muito bom em ter contato social.
- Oliver - não pergunto seu nome de volta, mas então me lembro que é isso que as pessoas fazem - E o seu?
- Aurora, prazer.
Dou um meio sorriso como resposta.
- Bem, Oliver - ela dá uma ênfase um pouco exagerada ao pronunciar meu nome - por que você fica aqui, afastado de todo mundo?
- Ahn... para falar a verdade - penso um pouco antes de responder - nem sei. Meio que as pessoas não gostam muito da minha companhia e eu gosto de ficar sozinho. Combinação perfeita.
Falando em voz alta, isso me pareceu um pouco egoísta, mas é a verdade.
- Devo ir embora?
- Não, não foi bem isso que eu quis dizer - e agora, e agora, e agora - Nunca te vi antes, veio de outra escola?
Isso me parece uma pergunta inteligente.
- Na verdade não, eu morava em Anchorage.
- Espera. Anchorage? Alaska? Sério? - a que nível chegamos, meu Deus - O que te fez parar em Chicago?
- O novo emprego da minha mãe. Ela queria fazer algo diferente, e achou que se mudar seria a 'aventura perfeita' - seus olhos se perdem em algum lugar a frente.
- É, pelo visto você não gostou muito disso.
Ela arqueia as sobrancelhas e puxa o celular. Digita alguma coisa e vira a tela pra mim, soltando um suspiro. Uma foto de Anchorage. É pequena, mas de tirar o fôlego.
- Essa era minha vida. Se sinto falta de lá? Muita. A vida tranquila, meus amigos, o frio intenso - ela sorri - Cara, esse friozinho de Chicago não é nada, vai por mim.
- Com certeza é uma mudança e tanto - sorrio de volta - Deve ser difícil.
Aurora assume um tom seriamente melancólico, como se esse não fosse nem de longe seu maior problema.
- Nada na vida é fácil Oliver - ela abaixa os olhos.
- Qual seria a graça se fosse? - olho para ela de relance, vendo um leve sorriso se formando no canto dos seus lábios.
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Vidas Cruzadas
Teen FictionQual seria sua reação ao encontrar alguém muito semelhante a você? Muitos encaram isso como uma coisa normal. Oliver e Aurora também achavam isso. Juntos por acaso, se uniram aos trancos e barrancos em uma amizade improvável. Por tão semelhantes que...