Gary B.B. Coleman - The Sky Is Crying
- Você não pode fazer isso! Não sou uma moeda de troca que você pode dar para quem quiser. - exclamo sentindo todo meu sangue ferver.- Fala baixo, caralho! - Giuseppe segura meu pescoço com firmeza. - O Don a escolheu e não há nada que eu, ou mesmo Gusmão possamos fazer para impedir isso.
- Eu não vou ceder aos caprichos de vocês. Não me casarei com esse homem!
- Você fará o que eu mandar, está me ouvindo? Conversarei com Gusmão e veremos o que podemos fazer. Eu avisei para não ir naquela confraternização, devíamos passar despercebidos pelos Bertizzollo's e não o contrário. - ele me solta, esfregando as mãos no rosto, com raiva.
Sento-me no sofá de seu escritório, passando a mão em meu pescoço e sentindo a frustração tomar conta de mim. Aos 16 anos, fui prometida a Gusmão, sobrinho de Giuseppe, como sua esposa. Selamos nosso acordo com sangue e, quando eu completasse a maioridade, nos casaríamos. No entanto, os planos mudaram quando, há dois anos, em um acidente premeditado, perdi meus pais. Giuseppe achou necessário que eu vivesse meu tempo de luto antes de dar continuidade ao acordo entre as famílias.
Ou î ou llõ ou ou
Sendo nomeado como meu tutor legal, Giuseppe me levou para morar com ele e sua esposa Irina. Nosso relacionamento nunca foi bom, Irina não gostava de mim pelo simples fato de eu existir, enquanto seu marido me queria porque com isso conseguia barganhar meu futuro com seus associados.Eu e Gusmão, nunca tivemos contato. Em breves reuniões que ele fazia com Giuseppe em sua casa, eu apenas o via de longe, mas, Irina fazia questão de me deixar claro o quão sádico era o meu futuro marido e quantas esposas ele já teve antes de matar todas elas. Irina fazia questão de me amentrotar.
Sua raiva por mim, cresceu cada vez mais, depois que sua filha Ava, resolveu sair de casa, já que seu pai disse que eu não sairia. A garota vive pelo mundo, havia virado uma grande modelo, e nem ao menos ligava para os pais. Todo ano ela vinha para Baden-Württemberg, mesmo que não passasse mais de um mês, era o suficiente para me infernizar, junto de sua mãe.
Eu ainda tinha esperanças que Gusmão seria um bom marido, e através dele teria minha liberdade. Mas a cada dia, percebia que me afundava ainda mais no fim do poço.
- Vamos fazer um seguinte....
- Querido. - Irina entra no escritório, interrompendo o marido. - Gusmão acaba de chegar.
Olho para Giuseppe e o vejo afrouxar sua gravata, enquanto me encara.
- Não diga nada. - ele aponta para o meu rosto. - Mande-o entrar, Irina.
A mulher me encara antes de sair, pisando duramente no chão com seus enormes saltos. Não demora muito para que Gusmão apareça. O homem loiro analisa toda a sala, antes de pousar os seus olhos em mim. Gusmão era alto, tinha por volta de um metro e noventa, corpo atlético e olhos acinzentados.
- Obrigado por ter vindo, Gusmão. Sente-se por favor.
Giuseppe o leva até a cadeira em frente a sua mesa. Assim que Gusmão se acomoda, eles começam a conversar.
- Acredito que já tenham uma data para firmar nosso acordo. - Gusmão comenta.
- Gusmão, filho. O que tenho para lhe dizer, infelizmente, não são boas notícias. - Giuseppe me encara. - Vou direto ao assunto, não haverá mais casamento.
- Como não?! - Gusmão se altera, se levantando da cadeira.
- Eu sinto muito, ontem fomos a sucessão do Caporegime do nosso Don. Pedi para Bárbara me acompanhar, ela foi pianista naquela noite....
- Seja direto. - Gusmão rosna e me levanto, me aproximando da porta.
- O Don viu Bárbara e se interessou pela mesma. O Bertizzollo quer tomá-la como esposa.
- Nunca! - Gusmão bate na mesa, assustando Giuseppe e eu. - Me ouviu bem? Nunca! Bárbara é minha noiva, ela se casará comigo e ele pode estar acima de nós, mas, jamais cederem isso a ele.
- Ele pode te matar! Não seja um tolo, a muitas mulheres na máfia, Bárbara, não é à única.
- Mas ela é minha. E ele terá que passar por cima de mim, antes de tê-la.
- Eu não sou um objeto! Se aceitar a casar com você, foi pelo código de honra. Mas, eu não sou seu objeto e agora, eu tenho o poder de escolha. Se eu escolher o Bertizzollo, tenho certeza que ele não deixará você...
- Não termina esse caralho. - Gusmão acerta o meu rosto com um tapa, me fazendo se calar no mesmo estante. - Nos casaremos amanhã, como a lei manda, ele não poderá fazer nada quando já tiver o meu sobrenome.
Coloco a mão em meu rosto, sentindo minha bochecha arder. Continuo encarando, Gusmão, que devolve o olhar com a mesma intensidade de raiva.
- Você é minha Bárbara, é nenhum homem vai te tirar de mim. - ele toca o outro lado da minha bochecha me fazendo recuar.
Sinto a raiva correr por minhas veias, enquanto encaro o homem em minha frente.
Observo através do espelho o hematoma que se formou em meu rosto. Os dedos de Gusmão estão marcados como uma lembrança silenciosa do que ele será capaz de fazer daqui para frente. Olho para a janela o breu que forma lá fora, ao decorrer do cair da noite.
Eu não tinha ao menos uma saída. Não tinha para onde fugir, me esconder. Eu era uma peça no tabuleiro deles. Gusmão tirou sua máscara de vilão antes do grande dia, enquanto Alexandre poderia tirar somente depois. Eu estava entre a cruz e a espada, e entre escolher qualquer um dos dois, eu preferia ficar sozinha.
Caminho em direção ao meu celular, o pegando e fazendo uma rápida pesquisa sobre a família Bertizzollo's. O que encontrei não havia sido nada do que eu imaginava. Diversas fotos em família, fazia parte de diversas marcas famosas. Não havia um escândalo sequer envolvendo essa família, eles eram cuidadosos com as imagens dele.
A última notícia sobre a família era sobre o casamento da caçula, Jasmin, com um grande empresário e também amigo próximo de Alexandre, segundo o site, Andrew Jhonson. Há três dias atrás.
Todos eles eram idênticos ao pai, desde os olhos azuis, até mesmo as feições. Meu olhos de imediato pousaram em uma foto que Alexandre estava sozinho. O site relatava que de todos os irmãos, Alexandre era o mais reservado, mantendo sua vida pessoal em segredo.
Me peguei observando o homem da foto. Suas expressões sempre duras, enquanto seu olhar era cauteloso. Os olhos azuis, quase puxados para o acinzentados, eram analíticos. Alexandre nunca sorria para as fotos, sempre mantendo a expressão séria e enigmática.
Joguei o celular sobre a cama, passando a mão em meu rosto. Sentindo a tensão me dominar. Eu jamais me submeteria a um relacionamento onde só servirei para esquentar a cama do meu marido, ou até mesmo para ser a santa parideira.
Eu não seria objeto nas mãos de Gusmão, e de nenhum outro homem. Mesmo que para isso eu tenha que fugir desse lugar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Alexandre: Trilogia Bertizzollo's - LIVRO 2
Short StoryAssassinatos vem com sorrisos, atirar nas pessoas é nada demais para nós, Bertizzollo's. Copyright 2019 © Todos os direitos reservados. 💥 É necessário ler o primeiro livro.📍