Desculpa a demora anjos, mas volteeeeei.
Quando chegar na parte "A lua quando brilha falo de amor" coloquem a música "colo de menina - Rastapé" para tocar.
Boa leitura amores!
...
PARTE III
"Sei que às vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?"
Renato Russo – Quase Sem Querer
A lua estava linda demais, Lauren ainda estava com o violão próximo a ela e meu corpo nu junto ao seu na sacada do hotel. Já se passava das duas da manhã e a rua já não estava tão movimentada, nosso quarto estava completamente escuro, o que ajudava a camuflar a visão da varanda onde estávamos.
Após ouvir um pedaço de sua nova música eu senti um calor gostoso em meu corpo, o nervosismo tomou conta de mim e eu enfim notei que Lauren não precisou me amarrar em nenhum momento, ela havia cumprido sua promessa, não havia arrochado o nó. Eu mesma havia me enroscado na corda e não tinha intenção de me soltar.
Meus olhos estavam ficando cada vez mais pesados e apesar da posição não ser confortável eu não queria me soltar de Lauren porque eu sabia que daqui a alguns dias ela voltaria para o Rio de Janeiro e todo aquele encanto acabaria.
Eu não queria que acabasse.
Lauren notou meu sono e me guiou até a cama. Ela teve o cuidado de fechar as portas de vidro e as cortinas, de ligar o ar e colocar minha garrafa de água ao lado da cama enquanto eu me enrolava nas cobertas fofinhas de sua cama. Logo senti seu corpo afundar no colchão ao meu lado e seus lábios beijarem meu ombro nu e em seguida minha bochecha me fazendo sorrir.
— Boa noite Camz. – sussurrou.
— Boa noite Lo. – devolvi o sussurro.
Pensei que ela fosse se virar pra dormir, como fazia algumas vezes, porém ela se aproximou e eu pude sentir o calor de sua pele já que ela também estava nua. Lauren abraçou minha cintura e eu aconcheguei meu corpo junto ao seu, mesmo sem ter como me aproximar mais meu corpo do seu eu sentia que queria mais.
A sensação de precisar estar perto e de não querer soltar era tão grande que eu imaginava que não existia nó que eu seria capaz de desatar depois de tudo que vivemos no último mês.
Uma das mãos de Lauren foi até meus cabelos me fazendo uma cafuné gostoso e eu abri um pequeno sorriso antes de dormir de uma vez por todas.
Naquela noite eu tive sonhos incríveis, sonhei que visitava o Rio de Janeiro ao lado de Lauren e que ela era minha guia turística assim como fui a dela.
Eu queria aquilo.[...]
Era o penúltimo dia de Lauren no Recife e no dia anterior não pudemos nos ver durante minha folga já que ela havia prometido a sua irmã que cuidaria de sua sobrinha. Durante o dia recebi inúmeros vídeos da pequena cantando em frente à televisão e dançando ao som de algum desenho infantil.
Lauren amava a pequena e isso era nítido, em um determinado momento ela me enviou um vídeo mandando beijo e me chamando de tia. Ela não compreendia que o fato de ela estar me chamando de namorada da "titia" iria gerar problemas para Lauren no futuro, porém era tão inocente, não havia maldade alguma.
O dia estava ensolarado e já não era mais minha folga, eu usava meu habitual maiô vermelho e estava junto à meu colega de trabalho enquanto observava a praia. O dia estava calmo e com pouco movimento o que permitiu que eu tivesse muito mais tempo para observar a beldade que deixava o mar naquele momento.
Lauren usava um maiô preto cavado nas laterais da calcinha e completamente aberto nas costas, seus cabelos estavam presos em um coque alto para não molharem e ela usava seu habitual óculos retrô pretinho.
Era uma mulher de tirar o fôlego.
Daniel me olhava de canto de olho esperando uma brecha para fazer piada e eu sentia isso de longe, trabalhávamos juntos há muito tempo.
— Tu tá apaixonada Camila, não acredito. – disse.
Abri um sorriso tímido, porém sem tirar os olhos da minha mulher que chamava muita atenção. Algumas pessoas a reconheciam as vezes e isso gerava um certo desconforto em mim, algumas pessoas eram rudes demais. Entretanto naquele momento ela era observada por um grupo de rapazes e por mim que não conseguia desprender o olhar.
— A cara de trouxa não nega, tá gamadinha. – brincou.
— Tu tá querendo se afogar Daniel? Posso fazer isso acontecer. – sorri e o empurrei antes do vento soprar mais forte e jogar todo meu cabelo sobre meu rosto.
— Fica tranquila, mas isso é massa. Nunca te vi assim, é bonito, não perde isso. – ele sorriu e se levantou para se alongar.
Enquanto ele observava a praia eu relaxei. A maré ainda estava baixa e não havia grandes riscos de algum encontro com tubarões naquele horário.
Uma menininha de cabelos cacheados em tons de castanho quase cobre correu até Lauren com um telefone em mãos, ela parecia conhecer bem a carioca já que tirou algumas fotos e depois correu até sua mãe de forma animada.
Lauren me olhou com um sorriso tímido em seus lábios e veio até mim se ajoelhando a minha frente na canga estendida. Ela se encaixou entre minhas pernas e suas mãos percorreram por minhas coxas até pararem na parte superior da minha bunda. Segurei seu rosto com minhas duas mãos e selei nossos lábios.
— Acho que vou almoçar, não quero te atrapalhar. Passo aqui pra te buscar a tarde. Pode ser?
— Preferia que ficasse, mas preciso trabalhar e você precisar arrumar suas coisas. Pode ir, mas volta viu. – pedi de um jeito manhoso e ela abriu um lindo sorriso.
Eu tava muito ferrada.
Observei Lauren juntar suas coisas e me beijar brevemente antes de deixar a praia. Eu realmente queria que ela ficasse, porém sabia que ela tinha que ir e eu tinha que trabalhar.
Notei que algumas crianças brincavam sozinhas na beira do mar e sem supervisão. A maré ainda estava baixa, porém eram crianças e isso era muito perigoso.
Daniel notou o mesmo e decidiu dar uma volta pela areia para localizar os familiares, em alguns minutos uma mulher de aproximou e começou a brincar com as crianças e eu me tranquilizei, parecia ser mãe ou até mesmo irmã.
Decidi procurar Daniel e quando voltei meu olhar para a praia a menininha estava entrando sozinha no mar e sendo derrubada por uma onda, ela era pequena e aquilo era irresponsável e perigoso.
Corri pela areia até chegar na menina e quando Daniel me viu correu até nosso posto. Ele provavelmente pediria ajuda.
Entrei no mar com rapidez e retirei a criança o mais rápido possível de dentro da água, ela tossia sem parar e chorava em desespero.
A menina deveria ter no máximo quatro anos e era tão pequena que eu fiquei com medo de quebrá-la se fizesse algum movimento brusco.
Levei a menina até nosso posto sentindo a tranquilidade de saber que ela não havia se afogado, foi apenas um susto e mesmo assim não havia rastro nenhum de familiares da pequena.
Sentei a pequena garotinha em minha cadeira e vi diversas marcas roxas em seu corpo, ela parecia apanhar com frequência.
— Isso aqui é marca de surra, não vou deixar ela sozinha não, liga pro conselho tutelar. – Pedi ao Daniel.
— Liguei pra ambulância, vou com ela pro hospital, lá mesmo falo com o conselho. – assenti e mantive a menina enrolada em minha toalha. – ela se afogou? – questionou.
— Não, só engoliu um pouco de água.
Ele assentiu e assumiu o controle da situação enquanto eu observava a praia. Apesar dos avisos na praia as pessoas insistiam em se arriscar e eu temia que algo pior que um afogamento pudesse acontecer.
Em poucos minutos a ambulância chegou e ele acompanhou a pequena. Eu só trocaria de turno as duas horas e ainda estava longe disso acontecer.
Por mais que o tempo estivesse tranquilo me mantive apreensiva pelo resto do dia.
Quando fui liberada vesti um short por cima do maiô e juntei minhas coisas. Eu tinha algumas mudas de roupa no hotel de Lauren já que planejamos passar a noite juntas e curtir nossa última noite antes que ela partisse, porém decidi passar em casa para me arrumar antes de ir até ela.
Enviei uma mensagem de áudio em seu whatsapp dizendo que passaria em casa antes de encontrá-la e ela me respondeu com um "ok" seguido de vários emojis de beijo.
Destranquei a porta de meu apartamento e fui diretamente até meu quarto. Tomei um bom banho e separei uma roupa sobre a cama.
Meu peito estava apertado, com uma sensação ruim, eu não queria que ela fosse embora. Ela havia virado parte da minha rotina, não seria fácil dizer adeus.
Passei um bom hidratante e vesti minha lingerie e meu body tomara que caia preto. Ele era tido colado ao corpo com uma manga ciganinha discreta no ombro. Vesti uma saia jeans caramelo que ficava justa em meu quadril e cintura. Não era nada demais, não era extravagante e nem precisava ser, só iríamos sair pra comer e depois voltaríamos para seu hotel.
Observei meu pulso com a tatuagem e sorri ao me lembrar do dia em que Lauren me convenceu a fazê-la.
Foi um dia chuvoso e tedioso, nem parecia com uma sexta feira de verão e quando Lauren cansou de ficar no hotel fomos dar uma volta no shopping.
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Até a última canção de amor (Concluída)
Fanfic"Eu nunca me impressionei por olhares ou sorrisos, nunca acreditei que de fato eles teriam impacto significativo em alguém, porém naquele caso foi difícil ignorar. Seu sorriso era de tirar o fôlego, mas seu olhar, seu olhar era como um labirinto e e...