Filha do morro

Capítulo 2

A casa de Léo é até bonita, mas não era meu tipo de construção favorita.
A casa estava lotada, pessoas bebendo e quase transando nos sofás.
Tinha copos e bebidas para todos os lugares. Assim que entramos na casa todas as pessoas olharam para gente. Eu tinha escolhido uma calça preta e casaco laranja forte, coisa simples mas a Dandara que estava do meu lado parecendo um carro de som pegou um vestido branco estremamente vulgar mas eu não comentei nada.

As pessoas nos olhavam com hostis olhos de caçadores, esperando qualquer mínimo erro. Senti um desconforto inicial, queria sair dali mas me lembrei do que minha mãe sempre me dizia, quedevo andar calma e lentamente mesmo que as pessoas em volta me deixem nervosa ou apreensiva.
Às vezes quando fico estressada simplesmente saio para caminhar, ando por alguns minutos até relaxar a mente, essa é a minha válvula de escape. Faço isso para não ficar maluca, preciso saber que ainda sou eu mesma por baixo de toda essa maquiagem que é minha vida. Lembro de quando tinha apenas 8 anos e não podia brincar na rua, era meu maior desejo. Com 8 anos minha mãe quis que eu aprendesse a tocar um estrumento musical o que eu escolhi foi um piano.

Passei anos aprendendo a tocar piano. Eu odeio tocar, eu acho lindo, claro, mas isso me lembra minha infância. À segredo que eu quero guardar para mim, tem feridas que não curam tão rapidamente.

-Bem vinda garotas! Pensei que vocês não viriam, fico feliz em vê-las. - Diz Léo, nem tinha percebido que andamos até a cozinha.

-Nós prometemos , se lembra? Mas então eu gostaria de falar com você em particular. - diz Danda para Léo.

Eu percebi que eu estava sendo um incômodo, então fui até a geladeira e peguei uma garrafa de água. E depois voltei para fora. Novamente recebi olhares nada amigáveis. Às vezes me pergunto porque eles não gostam de min?

Na verdade eu sei.

Quando meu pai abriu a empresa já havia outra no mercado. Mas a Fernandez's fez mais sucesso, então essa família querida, teve que ir embora para outro lugar. Eu poderia tentar me explicar melhor, talvez eles até entendessem, mas não via necessidade disso.
Acho uma cadeira livre perto da piscina e me sento. Na piscina havia vários casais se beijando alguns de forma apaixonada outras apenas para dizer que pegaram alguém. Às vezes gostaria de conhecer o amor como a Dandara, ela amo o idiota do Léo. Ele é babaca mas pelo menos ela o amo verdadeiramente.

Quando deveria ter uns 13 anos minhas esperanças de encontrar o amor verdadeiro foram destruídas pelos meus pais me lembro até hoje de como foi

Era mais um dia comum, Danda tinha ido para outra escola mas eu estava bem, mesmo sem ela tinha conseguido fazer amigas novas.
Quando cheguei em casa depois da aula de desenho super chata que minha mãe me fez fazer estava exausta mas minha mãe disse para me arrumar pois haveria uma reunião com os donos de uma outra empresa.
Colequei um vestido branco e uma sapatilha feminina delicada igual a que minha mãe mandou eu usar. Quando eu desci para o salão de festas minha mãe foi me fazendo falar com todos os presentes falando dos cursos e das línguas que eu falava com apenas 13 anos... Eu era apenas uma mercadoria na vitrine que minha mãe mostrava ao mundo.
Até que paramos para falar com um casal e um garoto com mais ou menos minha idade.

- Bem vindos senhores, essa é Juliana minha filha, ela fará companhia ao Ryan se Vocês não se incomodarem. - minha mãe diz, com um sorriso falso ao casal.

-Sem problemas nenhum, senhora Fernandez. - diz o homem.

Eles saem e me deixam com um garoto que estava atrás deles. Levo Ryan para conhecer a casa e depois para o jardim.

Ryan era super fofo e lindinho com olhos azuis e cabelos castanhos escuros e o sorriso mais doce da terra, realmente havia sido ótimo conversar com ele.

A noite na hora do jantar meu pai não pode vir então jantamos apenas eu e minha mãe.

-O que achou de Ryan, Juliana? - ela perguntou fingindo falsa felicidade

-Ele é super fofo e gentil mas parece um pouco bobo.

-Eu o acho um garoto excelente, seria um ótimo marido.

-Não sei, a esposa dele teria que ser muito gentil e burra, ele não seria minha escolha de marido. Quando eu casar quero que seja com alguém que me ame por quem eu sou.

- Isso provavelmente não vai acontecer, Juliana- minha mãe fala e coloca um pedaço de carne na boca.

- Claro que vai, existe amor para todo mundo.

- Não existe amor. - minha mãe começa se estressa.

- Você ama o meu pai. Isso é amor, vocês tem uma vida juntos. - eu falei com o tom de voz alto.

- Nunca amei o seu pai, ele era um cara bom para min. Eu era pobre e nunca tive nada. - ela se levantou da cadeira e jogou todos os pratos no chão e começou a gritar- Talvez você se case com aquele idiota do Ryan Collins quando crescer. A empresa pode cair e ele ser a única forma da gente subir e ser for necessário você casar com ele você casará. ENTENDEU?
MULHERES COM NÓS NUNCA ENCONTRÃO O AMOR E VOCÊ NUNCA VAI CONSEGUIR.

Eu já estava chorando muito, minha mãe se aproximou de mim e me deu um tapa. Eu fiquei surpresa logo após veio a ardência. Minha mãe finalmente havia se dado conta do que havia feito e começou a chorar.

Havia sido um dia ruim para mim, depois disso parei de me preocupar com o amor, minha mãe pediu desculpa depois, mas o que ela falou doeu muito. Depois daquilo nunca mais pensei no amor, ele machucava.

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Oi gente!
Tudo bem?
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Beijos😘😘😘