Carol
Eu não conseguia dormir, já devia passar da meia noite e eu ainda não tinha conseguido fechar meus olhos, eu sentia uma pequena cólica no pé da minha barriga. Depois da minha conversa com Victor eu tinha me tranquilizado um pouco quanto a Camila, mas algo dentro de mim dizia que ela seria o menor dos meus problemas. Meu filho dormia tranquilamente no berço que tinha sido montado no quarto que eu e Victor dividíamos no quarto dos meus sogros. Eu ouvia a respiração dele e via ele se mexer num sono agitado. Aos pés do berço o Ooh dormia na sua caminha, do meu lado Victor dormia, uma mão dele estava em cima da minha barriga ainda plana.
Pensar no meu bebê me deixava ansiosa, angustiada. Eu estava feliz por aquele presente que a vida me deu, isso sem qualquer sombra de dúvidas eu estava, mas o medo por mim e por consequência por ele me matava mais a cada dia. Eu tinha o dever de me proteger, pelo menos até aquele serzinho nascer, depois dele eu podia encarar meu pai, face a face, de peito aberto.
Me aconcheguei mais aos braços de Victor e tentei limpar minha cabeça de qualquer pensamento que eu estava tendo até ali. Quando estava quase pegando no sono a dor que eu sentia na barriga aumentou, ao ponto de eu me curvar de dor na cama, mas foi no momento em que senti algo escorrendo por minhas pernas que eu não suportei a dor e gritei. João começou a chorar no berço, Ooh a latir e chorar na sua caminha e Victor a me perguntar o que estava acontecendo, mas a dor era tanta eu que só conseguia me curvar mais na cama tentando de alguma forma buscar alivio pra dor que me assolava. Ouvi a porta do quarto sendo aberta.
-Ela ta tendo um sagramento. - minha sogra disse mas a voz dela parecia tão distante. - Mantenha ela acordada Victor e vamos com ela pro hospital agora.
-Eu fico com João. - ouvi a voz de Bea e eu quis agradecer mas não dava.
Eu senti os braços de Victor me pegando no colo, sentia o movimento dele me carregando escadas a baixo. Ouvi o barulho da porta do carro ser aberta. Me senti sendo colocada no banco do carro e minha cabeça ser apoiada em algo. Abri meus olhos e vi Victor me tirando com um olhar de desespero e os olhos cheios de lágrimas.
-Conversa com ela Victor. - a voz da minha sogra ordenou. - Não deixa ela dormir.
-Quer me contar alguma coisa? - ele perguntou me olhando - O que o JP fez quando sai de casa?
-Nada, só brincou. - eu me esforcei pra falar.
-Que legal. E o cachorro? Você ainda quer me matar? - ele perguntou.
-Não saberia ficar sem você, então zero mortos hoje. - falei, mas minha voz saiu tão baixa que ele teve que se abaixar para me ouvir.
-Nem eu sem você. - ele deu me deu um selinho e voltou a falar. - Lembra do nosso primeiro encontro?
-Claro.
-A desculpa de que nos veríamos pra estudar foi tão ruim, mas funcionou. - ele buscou minha mão e segurou entre a sua e a beijou - Você estava tão linda naquele vestido amarelo, segurando as alças da sua mochila jeans toda cheia de vergonha e..
Outra pontada veio, essa mais forte do que todas as outras, eu apertei a mão de Victor e gritei, gritei e gritei, aquilo doía, doía tanto quanto o parto do João. Eu só queria que a dor parasse, porque eu não estava mais aquentando.
-Fica calma meu amor, só mais um pouquinho, não dorme, eu to vendo a luz do hospital, não dorme Carol. - ele chorava e falava e eu gritava. - Não dorme porra, você não pode dormir, você não pode me deixar, eu te amo mulher.
Eu não aguentei, eu queria ficar com Victor, responder que também o amava, mas a dor foi maior, então eu me permiti fechar meus olhos e apagar.
Victor
Eu senti o momento em que sua mão soltou o aperto da minha e entre lágrimas vi os seus olhos se fechando, foi ai que eu gritei, gritei pra acelerarem o carro, pra minha mãe socorrer minha mulher, eu gritei até com ela, eu não podia perde-la e não podia perder nosso bebê que estava tão quietinho dentro da barriga dela. Então eu chorei, chorei por mim, pela minha dor, pelo meu coração que eu sentia se partindo cada vez mais, chorei pelo João que tinha ficado em casa e que teve a última imagem da sua mãe gritando nos meus braços, chorei pelo nosso pinguinho que estava dentro dela, chorei por todo o sangue dela que manchava o banco do carro e chorei por ela, chorei pelo amor da minha vida e por tudo o que ela era pra mim. O carro parou no hospital e vi minha mãe abrindo a porta pra mim, eu sai e peguei Carol no colo, corri atrás da minha mãe pra dentro do pronto socorro.
-Minha nora Caroline Stone, está desmaiada, e precisa e atendimento urgente. - as moças da recepção por um momento não tiveram reação ficaram ambas paradas olhando para nós, mas então mamãe gritou. - AGORA.
Logo dois enfermeiros apareceram com uma maca, eles tiraram Carol dos meus braços e colocaram na maca, eu abracei meu próprio peito nu, que só ali notei que estava só com uma calça de moletom e sem camiseta. Eu vi eles caminhando rapidamente empurrando a maca da Carol e corri atrás, eles passaram por uma porta que se abri quando a maca em que Carol estava se chocou contra ela, eu quis gritar com eles, avisar que aquilo podia machucar minha mulher, mas não o fiz eu só voltei a correr atrás deles. Quando cheguei na maldita porta um segurança me barrou.
-O senhor não pode passar daqui. - ele disse colocando um braço na minha barriga.
-O inferno que não posso. - sem pensar duas vezes eu soquei o nariz dele.
Ele me soltou para estancar o sangue no seu nariz e eu abri as portas e corri pra dentro, mas ali tinham várias portas e a maca com Carol não estava mais no corredor. Eu cai de joelhos no chão e voltei a chorar. Senti uma mão no meu ombro e me virei pra olhar. Minha mãe me encarava com os olhos cheios de lágrimas.
-Filho você não pode ficar aqui, vamos lá fora esperar comigo. - ela ajudou a me levantar e eu a abracei.
-Mãe, eu não posso perde-la, eu isso acontecer eu perco tudo, eu me perco. - me soltei dos seus braços e olhei pra ela - Me fala sua opinião médica.
-A gente tem que ter fé que tudo vai ficar bem. Vamos lá fora a gente senta e começa a rezar.
O que Carol tinha era pior ou igual ao que eu pensava.
ATÉ AMANHÃ, AMO VOCÊS ♥
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Stay
RomanceVictor Stone ama a sua mulher desde que colocou os olhos nela. Ele seria capaz de tudo por ela, até mesmo de prender o próprio sogro, o que Victor não esperava é que o sogro fugisse, que começasse a ameaçar a sua mulher e seus dois filhos, sendo que...