Ruptura

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-NaClara, onde pelo amor da Deusa tu tava?

Vitória me olhava com o cenho franzido. E a julgar pelo seu olhar, que trazia um misto de preocupação e irritação, eu com certeza eu estava totalmente lascada.

-Vi... Você não vai acreditar....- Me sentei no sofá do apartamento ainda tentando focar no que dizer a mulher a minha frente.
A sala toda parecia estar girando, apoiei minha cabeça nas mãos, buscando com isso trazer uma claridade aos meus pensamentos.

- Então anda, desembuxa mulher. Por que primeiro você avisa logo cedo que não vai conseguir ensaiar com a banda. Depois some por quase doze horas. - Escuto ela se aproximar com passos leves, e se sentar do meu lado. - Ninha. O que houve?

O tom que a voz de Vitória tinha me fez sentir mal. Havia mais preocupação do que ela queria demonstrar. E me senti pior ainda por lembrar que desmarquei de passar o som com a banda. Tudo bem que era só passagem de som com o violão para a nova turnê, mas era um projeto importante e que eu e Vi queríamos muito.

Mesmo não recebendo nenhuma resposta, Vitória colocou a mão no meu pescoço fazendo um carinho leve onde sua mão pousou.

-Ninha.

- Oi, Vi. - Consegui falar, meio embargada, levantando o rosto a altura  dos olhos de Vitória. Ao ver minha expressão, ela não disse mais nada, apenas me abraçou.
Depois de um tempo de silêncio, e sentir minhas lágrimas diminuírem o ritmo com que caiam, Vitória se levantou devagar, e foi até a cozinha. Quando voltou trazia um copo de água e o celular. Com delicadeza sentou ao meu lado novamente, levando sua mão ao meu queixo, o virando pra si.

-Ei, você sabe que estou aqui pra ti, Ninha. -disse esticando o copo de água em minha direção- Mas, com calma, você precisa me dizer o que tu aprontou que está com cheiro de álcool exalando pelos poros, e o que aconteceu.

Eu não questionei ela. Apenas bebi a água, pois de repente minha boca parecia mais seca do que eu já tinha experimentado. A sensação foi incômoda.

Terminei a água, e me estiquei para colocar em cima da mesa de centro.
- Vi... Me desculpa ter dado furo contigo e a banda... Eu não estava muito bem, e quando Mariana fez o convite para tomarmos um chopp, eu achei que seria uma coisa leve e rápida, mas acabou que eu virei a noite. - Ri com amargura.

-Ana...- Vitória bufou.
Eu sabia que ela não gostava da minha amizade com Mariana. Ambas se conheciam e se falavam, mas Vitória sempre achou que Mariana não fosse o tipo de pessoa para se ter por perto num momento mal. Segundo ela a aura de Mari era pesada demais. Coisa de Vi. O tipo de coisa que ela fala.

- Você e Mariana só beberam chopps, certo? - Vitória perguntou mais uma vez, dessa vez mais suplicante, enquanto olhava nos meus olhos. Balancei a cabeça confirmando.
-Menos mal. Mas, Ninha... O que aconteceu? Por que tu tá desse jeito? - Ela me olhou nos olhos, segurando meu olhar com firmeza e cautela
Funguei uma última vez, e tirei meu celular do bolso, ligando e entregando direto pra ela. - Melhor do que falar, é melhor tu ver po sí mesma. - Limpei o canto dos olhos e respirei fundo.
Após o celular ligar, Vitória desbloqueou com a própria digital, acompanhei pelo reflexo dos seus olhos  enquanto se encaminhava para as mensagens.
Me olhou mais uma vez enquanto o aplicativo abria, ela olhou como perguntando em que direção ir.
-Abre a do Maicon.

E quando seu olhos viram o que tinha na conversa de Mike,por um minuto, seu rosto ficou sem expressão.

Vitória pov.

Confesso que meu coração ficou apertadinho dentro do peito ao ver os olhos de Ninha marejados daquele jeito.
E quando abri a conversa de Mike no celular de Ana, pelo menos uma parte de suas atitudes pareciam fazer sentido.

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