Prólogo

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Prólogo

Meu nome é Michael Patrick, mas podem me chamar apenas de Mike se assimpreferirem. Bem,  vou protagonizar este acontecimento, irei contar como um garoto tão imprestável e insignificante como eu tornou-se alguém completamente diferente do que era. No meio do fim do mundo consegui me destacar, consegui ser alguém, irônico não? Por que justo no fim do mundo? Isto é até engraçado, mas enfim... Contarei um pouco de mim.

Eu costumava ser um típico adolescente "rebelde americano" que morava na cidade de New Rey no sul da Califórnia. Tendo meus 16 anos de idade e estando no secundário, meu rendimento escolar era péssimo, mas não por burrice minha ou algo assim, outrossim por falta de estudar, bem, e talvez também por conta da minha bendita preguiça, afinal, meu eu anterior passava o dia todo jogando vídeo game, mais especificamente jogos de tiro, violência e ação, coisas que eram comuns para jovens da minha idade. Porém o que realmente se tornou minha paixão foram os jogos de zumbi, os games apocalípticos por assim dizer. Se eu não passasse o dia todo jogando, provavelmente passaria o mesmo tempo na internet ou vendo séries, cara como eu amava tudo que envolvia o tema zumbi, entretanto isso mudou um pouco desde que comecei a namorar, ok, continuei um aluno ruim e preguiçoso, mas meus hobbies se adaptaram. Sim, comecei a passar metade do tempo conversando com a minha namorada ao telefone, pois era algo que eu havia pegado costume por conta dela e logo acabei gostando, afinal, eu a amava muito já que ela foi a primeira garota com quem realmente tive algo de verdade, não era como as outras que foram apenas "um lance" digamos assim. Com ela era algo especial, algo que posso definir como alguém que... Eu verdadeiramente queira passar o resto de minha vida junto, mas enfim, mesmo com tudo continuei sendo uma ovelha negra na minha família, meus pais perderam o orgulho por mim e eu me tornei mais que um simples problema.

Bem, a vida de um adolescente não é tão fácil, certo? Temos aquela fase problemática, mas no meu caso foi mais do que uma simples fase, sempre fui considerado um nada, não possuía metas, quem dirá objetivos ou uma missão de vida, resumidamente, não corria atrás de "nada", nunca fui atrás de um emprego sequer e para piorar jamais tentei ir bem na escola, no entanto porventura eu não repetia de ano, acho que a escola não queria um problema em suas costas por anos, assim eles me passavam logo para se livrar de mim o quanto mais rápido fosse possível. Sempre me envolvi em brigas, tive problemas com a lei cedo demais e cheguei até a frequentar o reformatório por alguns meses, apesar de tudo minha namorada tentava dar um jeito em mim pelo meu bem e mesmo assim eu acabava voltando a fazer alguma merda. Com isso todos poderiam me definir como um incômodo, apesar de tudo a única pessoa que ainda acreditava em mim, que me apoiava e tentava realmente me orientar era a Dayse Lilian, minha namorada, a única que não desistiu de mim.

No meu ponto de vista eu levava uma vida insignificante e monótona, nunca tive ação e muito menos a diversão que possuía jogando os tais vídeo games, assim acabei definindo que o tédio era meu fiel companheiro de todas as horas. Bem, menos nos momentos em que entro na minha zona de conforto onde os zumbis e a morte são os novos fieis companheiros, macabro não? De fato, é um pouco para falar a verdade. Por fim, eu só era mais um adolescente rebelde no meio de um mundo esquisito.

Muitas vezes me perguntei o porquê da minha existência, afinal meu eu era tão imprestável... Por que diabos tive de nascer? Dramático, porém de se pensar, mas sério para quê ser mais um problema no mundo? Para quê isso? No entanto acho que realmente encontrei algum incentivo para continuar levando as coisas, esse incentivo era minha namorada, eu a amava demais e ela era meu refúgio, afinal minha família, tutores, colegas e conhecidos, ninguém conseguia ter mais fé em mim tirando a Dayse é claro. Eu tinha certeza que ela me amava, pois não me deixou até hoje, a mesma não desistiu de mim certo? Considero-me alguém com um pouco de sorte por conta disso.

Vocês podem achar que sou exagerado ou algo do tipo, que estou de mimimi, me vitimizando e vivendo o drama, mas não, isso parece até uma praga, um "carma" sei lá um pagamento de algum pecado ou coisa parecida, pois já tentei mudar, todavia sempre acabava dando merda, eu sempre tomava a decisão e ação errada e me ferrava, seja no colégio, seja na família, seja nas amizades, seja na vida. Para ser sincero os meus pais já haviam desistido de mim há muito tempo, meus professores o mesmo; e meus amigos acho que também.

De amigos já tive alguns bons e vários ruins, porém infelizmente eu seguia os ruins e acabava perdendo os bons. Claro que isto me levava para o fundo do poço seguindo assim minha vida social com apenas dois amigos razoavelmente bons - e também, de certo ponto de vista ruins - mas que acima de tudo me aceitavam do jeito que eu era. Mesmo o meu "eu" sendo um problema, o Jimmy Torrance é um deles, por exemplo, ele nunca me julgou pelas coisas que eu fazia, mesmo que essas coisas muitas vezes o prejudicasse, e o Rob Edwin que eu conhecia há pouco tempo, mas que nunca me criticou e nem me esnobou por quem sou, ele era legal, aliás, os dois eram caras bem legais, acho que dificilmente algum dia encontrarei outros amigos que me aceitem ou aceitassem dessa forma.

Enfim, parece que os únicos pontos que eu acertava eram no relacionamento e nas amizades, pois apesar de tudo fui um bom namorado, dado que me dediquei para o namoro dar certo e nisso sim me esforcei para valer, isso de fato era importante para mim, aliás, ela merecia já que a mesma era a única que acreditava em mim, alguém que se sacrificaria por quem sou e com certeza eu faria o mesmo por minha amada, viver em um mundo sem a Dayse era igual a não viver.

Nosso relacionamento era muito bom, porém era bem difícil sempre estar com ela, fora da escola é claro, diversas vezes os pais dela nos proibiram de nos vermos, pois todos sabiam como eu era e a denominação de minha maldita fama de "Garoto Problema" era bem conhecida, mesmo que pelos motivos errados. Então era complicado vê-la, porventura os pais dela não obrigaram a gente a terminar, porque quando tentaram as coisas ficaram feias. Sim, nós quase acabamos com a nossa existência quando isso ocorreu, eu devo ser o rei do drama, trágico e bem esquisito para ser sincero, sabe como é: a gente realmente se amava, porém como toda família coruja eles tinham receio de que ela viesse a seguir o meu caminho, contudo eles tinham fé de que algum dia ela se cansaria e iria desistir de mim também, igual a todos os outros, é como eu disse... Eu a via pouco geralmente só na escola ou nos fins de semana quando saímos e tínhamos que voltar bem cedo, resumindo tudo longe da Day e dos vídeo games significava tédio mortal para mim.

Mas oportunamente aconteceu algo que viria a mudar todo o sentido da minha vida, e realmente mudou, finalmente eu poderia provar que não era imprestável, e eu provei, nesse momento pude mostrar que sou alguém e que posso fazer a diferença, mesmo que ela seja mínima: Um apocalipse zumbi, sim, isso mesmo, insano não? Também achei, porém incrivelmente essa foi justamente a oportunidade de eu me tornar alguém, a chance de ser importante, eu tinha pessoas para proteger e coisas para fazer, deixei de ser um nada como costumava ser, eu mudei. Pois é, no meio do fim do mundo acabei descobrindo o porquê de eu ter nascido, caracterizo como prolongar um acontecimento iminente ou dar livre arbítrio a aqueles que sobreviveram comigo, de escolher o que farão durante ou até o seu fim, talvez ajudar ou amenizar a jornada e os momentos finais dos mesmos, ou até quem sabe dar-lhes um sentido de ultrapassar e desconstruir o iminente, isto pode parecer sem sentido agora, mas logo irão entender.

Agora vocês irão sentir toda a insanidade a que fomos expostos e vão entender como pude me tornar melhor diante de um fato, transformando o seu significado e assim me comportando diferente, para que o resultado fosse além do esperado, e assim enxergarão como alguém pode mudar completamente devido as circunstâncias apresentadas no momento.

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