Capítulo 2; A Decisão

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Capítulo 2;

A Decisão

Continuei ouvindo meu avô gritando de dor por alguns minutos, eu sabia que ele iria virar um zumbi, mas espere aí, são realmente zumbis? Os sinais eram claros, não há como não ser, tudo é idêntico aos jogos e séries que eu jogava e assistia, seguindo esse conceito matá-lo era preciso antes que ele pudesse se transformar. Bem, matá-lo seria o certo a se fazer se eu quisesse sobreviver, mas não era algo que um medroso e imprestável como o "eu" do momento teria coragem de fazer. Então por fim os gritos pararam e o silêncio dominou o ambiente, com isso finalmente ouvi gemidos, os mesmos gemidos daquele maldito homem que entrou pela janela de casa agora a pouco. Sim, meu avô havia se transformado em um deles, não restava dúvidas, o pobre coitado fora corrompido pela praga.

Então corri pelo corredor e pela porta aberta do quarto vi que ele estava se levantando da cama como um morto levantaria de seu túmulo, grunhindo como uma criatura sem alma. Na hora eu me caguei todo, literalmente, entretanto como todo medroso sei que no momento o melhor a se fazer é me esconder, ao meu lado estava o banheiro, sem mais nem menos adentrei a porta na mesma hora sem fazer muito barulho logo a fechando e trancando-a. Para me certificar peguei o rodo de madeira que estava no banheiro e o coloquei de pé barrando a porta, após isso me senti mais seguro e tranquilo perante os riscos, pude desabar ao chão sentado em meio à imensidão que me transparecia no momento. Logo a minha respiração ficou ofegante, fiquei trêmulo e comecei a soar pensando em tudo aquilo com clareza. Só me encolhi recaído perto daquela parede ao lado do vaso que por sinal era de uma fina porcelana, com isto abracei minhas pernas e sussurrei ao vazio.

– Por que isso está acontecendo? Eu sempre quis que isso acontecesse, porém estava brincando poxa! Não tenho chances, não é igual aos jogos, me falta coragem, não sou igual aos personagens, não possuo armas e se eu morrer não posso recomeçar tudo de novo igual a eles. – Após meu sussurro ao vazio me pus a chorar feito um bebê e simplesmente adormeci transitado pelo choque.

Mais tarde comecei a abrir os olhos aos poucos e quando finalmente os abri por completo encarei o teto, eu havia adormecido deitado ante o chão frio e duro do banheiro, quantas horas haviam se passado? Aquela droga toda era real? Eu precisava saber, assim que me sentei e encarei a porta um flashback de tudo aquilo que havia se passado há horas atrás invadiu minha mente, no mesmo segundo lembrei-me do porquê de eu não poder sair.

Continuei encarando a porta e sim, já estava mais calmo, com isso havia parado de chorar, de suar e de tremer. Me levantei apoiando meu braço na pia e já de pé uma enorme dor de cabeça me invadiu no mesmo momento, cambaleei para trás com a dor tropeçando em meio ao vaso, cai de imediato batendo fortemente minha cabeça de encontro ao Box atrás de mim. O Box do chuveiro era realmente barulhento, tanto que causou certo estrondo, mesmo com dor sentei-me novamente e em questão de segundos minha calmaria se extinguiu, a razão? Algo bateu contra aquela porta, meu coração saltitou pela garganta, naquele instante fiquei do mesmo jeito de pouco tempo atrás, mas dessa vez por ventura não estava paralisado, então peguei meu celular e vi que ainda estava sem sinal, eu não poderia ligar para a polícia, mas espera um pouco, que merda a polícia poderia fazer agora? Com o óbvio ignorei o sinal e olhei as horas, eram 16h00min da tarde, dormi bastante tempo, desde as 13h00min, minha atenção voltou à portam sei o que há atrás dela, meu avô, mas não simplesmente meu avô e sim meu avô morto-vivo.

Permaneci sentado com esperança que ele desistisse de entrar. Merda por que eu tinha de ser desastrado? Por que essa dor de cabeça repentina? Por fim, alguns segundos depois passei a respirar fundo e assim soltei o ar aliviado pensando que ele havia parado, tranquilizei-me até que na mesma hora escutei outro estrondo, o barulho veio com tudo novamente, o meu avô zumbi se chocou contra porta com ainda mais força dessa vez, ele grunhia como um zumbi, todavia dessa vez o resultado foi preocupante, pois a batida fez com que o rodo de madeira se partisse ao meio deixando um dos pedaços pontiagudo.

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