Capítulo 12; O Amor Do Fim

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Um grito agudo e fino, sim, era o grito dela eu sabia que era, só podia ser ela, pois conheço o timbre de minha namorada e sem pensar duas vezes corri com tudo, empurrando de lado o zumbi que estava adentrando pelo portão, não tive medo de ser mordido. Passei feito uma bala pelo quintal e quando cheguei à porta empurrei-a com força, tal que estava quebrada, quando me dei conta eu já estava dentro da casa dela. Melhor dizendo, no corredor que dava de encontro aos fundos, e perto da porta dos fundos vi um dos demônios grunhindo e tentando quebrá-la, era só um merdinha, se minha intuição estiver certa, e tomara que ela esteja. Eu tinha que fazer isso o mais rápido possível.

Corri rapidamente e com o cano de metal em mãos eu sabia o que tinha de fazer, uma explosão de adrenalina tomou meu corpo, um sentimento me invadiu, era igual quando matei meu vovô zumbi, só que dessa vez o sentimento era maior que o simples sobreviver e o simples preciso ir buscar minha amada, o sentimento de agora era algo do tipo... "morre seu filho de uma mãe e sai da minha frente que eu sei que ela está atrás dessa porta". O zumbi se virou aos poucos e antes mesmo de tentar algo o meu cano já havia atravessado seu crânio, acertei bem no cérebro, aquilo foi nojento, mas preciso.

O meu cano ficou cravado no zumbi e eu não soltei o mesmo, apenas o arrastei até a porta com o zumbi preso a ele, logo o levantei e o zumbi não estava pesado, pois estava podre, ele emitia sons de sangue sendo despejado e carne podre caindo. Sim, usei o corpo dele para terminar de quebrar o trinco da porta, pois meu cano estava nele e naquele calor do momento não pensei em tirar ele do ser ou, sei lá, só pensei com o instinto, e após quebrar o trinco já ouvi o Rob se aproximando e por fim empurrei a porta que rangeu ao abrir e o zumbi permanecia a minha frente, preso com o cano em seu crânio, claramente morto. Sim, eu usei-o como um escudo, pois quem sabe o que me aguardava atrás daquela porta. Poderia ser ela, poderia ser alguém com uma arma, ou pior... Poderiam ser zumbis, mas por fim eu simplesmente abri.

Ouvi alguém choramingando e na mesma hora soltei o cano, assim o zumbi caiu ao chão junto com o mesmo, pois aquela merda cravou em si e não iria sair tão fácil, mas quando o ser despencou e minha visão limpa ficou. Fiquei livre para ver o que havia a frente, vi algo que me fez chorar, sorrir, me debulhar em um mar de lágrimas, até rir, se duvidar. Felicidade, alívio, eu não sei que droga de sentimento era aquele, mas eu finalmente senti algo, me senti vivo. Eu vi a minha amada Dayse Lilian, e ela estava sentada ali ao chão, abraçando sua pequena irmã Rosalie, ambas chorando de medo, ambas totalmente indefesas. Pus-me de joelhos na mesma hora e com os olhos brilhando chorei em silêncio, ela não se mexia e de olhos fechados parecia esperar a morte, assim como fiz várias vezes nesse um dia e meio. O Rob estava atrás de mim, observando e estava tão surpreso quanto eu. Também, quem não ficaria... Bom, só sei que me levantei correndo e a abracei ali ao chão mesmo, sussurrando em seus delicados ouvidos.

– Eu te amo meu amor. – Foi tudo que saiu. Aquelas não eram as minhas últimas palavras dirigidas a ela, mas sim as primeiras do início do fim, o prelúdio de nossa sobrevivência, "o começo do fim do mundo.".

E foi isso. A Dayse, na mesma hora, rapidamente, abriu os olhos e sem entender nada ficou completamente surpresa, creio que ela achou que estivesse sonhando, não conseguia dizer uma única palavra, porém só me abraçou de volta... Abraçou-me tão forte como jamais havia feito antes, bem... Este é o amor do fim.

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⏰ Última atualização: Mar 20, 2020 ⏰

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