Capítulo 11; Frenesi Zumbi

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#Mike Patrick:

Nós estávamos perto, finalmente estávamos perto de verdade, sim, já chegamos ao norte de New Rey, e fico pensando na mãe dela, da Dayse, tendo que levar ela todo dia para a escola de carro, ou pior, em mim vindo de ônibus até aqui. É, parecia tão mais rápido sem caos, não pensei que demoraríamos mais de uma hora para chegar até aqui, mas enfim chegamos, agora é a hora da verdade, é hora de eu saber se ela estava viva, é hora de eu ter de engolir o sim ou não, estou pronto? Só Deus sabe, digo ironicamente.

Voltando a situação do momento, eu havia entendido o porquê todos estavam fugindo do norte, eu e o Rob estávamos em uma colina que dava de descida para o bairro da Dayse, uma colina alta que permitia visão para aquele bairro todo, um bairro grande por sinal, um bairro de mauricinhos. Mas ela não era uma, contudo não deixo de dizer que era bem de vida e tinha tudo que queria, mas enfim, o porquê de o norte ter sido abandonado? Ele estava infestado por zumbis, lá da colina conseguíamos ver, havia quase o triplo do que no nosso bairro ou perto do colégio, não havia nem como contar a dedo, mas chutamos pelo menos 100 cabeças e era visível que eram zumbis, por que também havia humanos, alguns tentando fugir a carro, outros a pé, fora o fogo e o caos que dominava para todo o lado, só que era duas vezes pior que o caos que havíamos presenciado até agora, sinceramente, ela não tinha como sobreviver a isso se saiu às ruas, não mesmo, por Deus, que ela tenha ficado em casa.

– Cara, o carro não vai passar por tudo isso aí não, nem ferrando. – O Rob comentou quebrando o silêncio, nós estávamos fora do carro observando aquilo.

– Eu sei disso, infelizmente eu sei disso. – Respondi e ele continuou.

– O que vamos fazer então desistir? Cara, são tipo, tipo muitos...

– Não chegamos tão longe para desistir, eu já disse que não tenho nada a perder, se quiser voltar e levar o carro, tudo bem, mas eu vou lá buscar ela, depois arrumo outro transporte. – Falei com firmeza em sua resposta e ele logo suspirando, falou.

– Não, cara, já disse, tenho uma dívida com você e não vou voltar sozinho, se tivermos que morrer aqui, que seja, mas eu só quis dizer tipo... Qual é o plano? Se você tiver um, diga, por favor. – É, eu tinha sim, ir buscar ela e pronto, mas não sabia como fazer isso, é claro. Abri o carro e peguei a mochila entregando um lanche ao Rob enquanto comia o outro, afinal, depois de tudo aquilo eu estava faminto e precisava pensar, mas de barriga vazia isso não seria possível.

– O carro certamente não vai passar por eles, já sabemos disso, o que acha de irmos lá a pé com a pistola e com as armas brancas e passarmos por ruas e becos a onde há pouco deles, por exemplo; irmos sorrateiramente igual aos jogos de espião sabe... Evitando o máximo eles. É, acho que é a única maneira. – Comentei.

– Mas por que a pistola se não podemos fazer barulho? Bom, ser sorrateiro envolve silêncio, certo? – Ele perguntou logo em seguida e eu com a boca cheia respondi.

– A pistola é para último caso, caso fiquemos encurralados, não estamos falando de doze ou treze zumbis, estamos falando de um exército de merdinhas espalhados por um dos bairros mais nobres daqui, e um dos maiores por sinal, então metade desses cidadãos são agora zumbis. – Rob concordou e por fim já tínhamos o que fazer, e nada de perder tempo agora que estamos tão perto.

Peguei a pistola da mochila e chequei se estava carregada, não sei quantas balas tinha ao certo, pois não entendo disso, afinal, não sou policial nem nada, mas acho que está bem carregada, com isto a guardei no bolso e coloquei a mochila nas costas, segurei firme o cano de metal e o Rob seu facão, ambas as armas brancas já estavam ensanguentadas, depois de tanta matança isso não é novidade. Começamos a descer a colina correndo, sim, deixamos o carro lá e levamos as chaves, ele seria nosso meio de fuga, e o plano era simples, ser sorrateiro, matar o mínimo de zumbis possível, chegar até a casa dela para salva-la e por fim, corremos de volta para o carro e fugimos, esse era o plano e seria perfeito se desse certo. Se der... E vai dar.

Já havíamos descido todo aquele trajeto, corremos e nos escondemos aos muros e travessias, matamos alguns zumbis, era como se tudo aquilo fosse um clipe, e eu já estava me habituando a tudo isso. Mesmo diante do perigo constante minha cabeça estava em outro lugar, meus pensamentos estavam na Dayse, a respeito de ela estar viva ou não, e como seria caso não estivesse, bem, eu já disse que não teria o porquê viver, acho que eu levaria o Rob de volta a minha casa para sobreviver com o Jimmy e... Não sei como, mas eu iria me entregar, provavelmente, para quem sabe encontra-la no outro mundo, seja lá qual for, mas enfim, como eu disse... Minha mente não estava ali, mas meu corpo sim, eu não sei como, só sei que estávamos matando e se escondendo tranquilamente. Com a ajuda de Rob aquilo era muito fácil, estávamos indo muito bem, mesmo com minha mente em outro lugar consegui fazer aquilo e fiz bem feito. Cara, eu não era mais um "Zé" ninguém, eu sou um sobrevivente, e ia salvar a minha amada.

Quando nos demos conta já estávamos na rua dela, corri feito louco até perto de sua casa e de longe vi o portão arreganhado, na mesma hora engoli em seco e meu coração foi à boca, merda, havia um zumbi entrando ao quintal de lá, com isto corri ainda mais rápido com esperança dela ainda estar viva lá dentro escondida. Preciso a salvar. Eu corri tão rápido que nem mesmo o Rob pôde me acompanhar, e quando cheguei perto o suficiente, vi algo que me fez chorar por dentro, algo que me esfaqueou sem mais nem menos, eu vi a morte, mas não a minha, por hora.

Ao chão havia um cadáver, era um corpo feminino de cabelos pretos e tamanho médio, não dava para ver direito, afinal o mesmo estava dilacerado, devorado por assim dizer, só poucas partes sobraram e daquele jeito acho que não teria como voltar como um deles, não teria como aquilo se levantar, pois estava sem um braço, possuía a perna mordida e o rosto não dava para ser distinguido, mas consegui imaginar, aquele corpo era similar ao dela, eu podia reconhecer, e na frente da casa dela? Só podia ser a minha amada. Quando o Rob me alcançou eu já estava em lágrimas, logo ele viu a mesma cena que eu e por já ter visto a Dayse diversas vezes, acredito que ele já havia definido o mesmo, mas como... Ela tentou fugir? Sozinha? Desarmada? Mesmo não curtindo isto, ela era inteligente e não faria isso, a Dayse optaria por se esconder, aquilo não podia estar acontecendo.

Por fim o Rob colocou a sua mão direita em meu ombro esquerdo e suspirando disse.

– Cara... Temos de ir... – E ele estava certo, pois vários zumbis ouviram nossos passos e seguiram nosso rastro, com isso já estavam caminhando em nossa direção. Bem, eu disse que eu ia aceitar, eu disse que ia o ajudar a voltar, e preciso manter minha palavra, mas eu só precisava de um tempo ali, permanecendo ao vazio, chorando em silêncio, sabe? Pensando sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada, a era tudo tão... Estranho. Enfim, eu estava prestes a sair correndo com o Rob mesmo naquela situação, pois promessas eu tinha de cumprir, até que toda aquela maré mudou com um grito que ecoou e ao vazio tomou todo o meu coração, que acelerou. 

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