O ENCONTRO

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Ele me colocou suavemente no banco do passageiro e foi se sentar atrás do volante. Já consegui recuperar um pouco minha voz enquanto ele dirigia calmamente pelas ruas da cidade.

- Obrigada por me ajudar mais uma vez. Disse agora mais calma.

- Não por isso. Não acredito que aquele cretino quase... Ele não conseguia falar a palavra.

- Tudo bem, já passou, e pela surra que ele levou acho que não bancará mais o engraçadinho comigo.

- Assim eu espero. Senão terei que tomar medidas mais drásticas. Ele disse nervoso. Não entendi a que ele se referia, talvez avisar as autoridades...

 -Não te vi chegando à festa. Onde você estava? Perguntei.

- Estava na festa. Cheguei mais tarde.

- Como sabia onde eu estava? Como conseguiu chegar tão rápido? - Em uma coisa aquele monstro tinha razão, o som estava alto, ninguém poderia me ouvir – Pensei comigo mesma. Ele pareceu apreensivo.

- Eu te procurei lá fora e não te vi. Só vi Vitória, então sabia que você deveria estar em alguma parte da casa, talvez no banheiro. Subi no segundo andar para ver se te encontrava e ouvi seus gritos. Deu de ombros com naturalidade.

- Você sempre consegue me deixar mais calma, sabia? Desabafei.

- Que bom que consigo te ajudar de alguma forma – ele sorriu para mim e me olhou ansioso – Que tal aceitar aquele meu velho convite para jantar? Já estamos arrumados, seus pais não vão precisar te levar, já que você está comigo. Eu sorri.

- É verdade, mas... Parei olhando meu vestido ainda rasgado. Kinn pousou seus olhos em todo meu corpo.

- Tive uma ideia – ele se aproximou de mim lentamente e terminou de rasgar as alças do meu vestido, delicadamente.  O vestido se tornou um modelo tomara que caia – Prontinho. Novinho em folha! – Ele exclamou. Desceu do carro e abriu a porta para mim. Assim que desci, enrosquei meu braço no seu, inicialmente ele ficou apreensivo, mas, quando viu que não achei ruim, relaxou e até me segurou mais próxima.

O jantar foi maravilhoso.  A comida, a bebida, e principalmente a companhia estavam perfeitos. Só de ficar olhando para ele sentado à minha frente já tinha ganhado a noite. Devorei minha comida. Ele, por sua vez, apenas beliscava. As horas foram passando e então fomos embora. Essa noite especial naquele restaurante italiano, com certeza iria preencher as páginas do meu diário no dia seguinte. Kinn acendia as luzes à medida que entrávamos nos cômodos da casa.

- Vou arrumar seu quarto, só um minuto, ok? Por que você não senta na sala e espera um pouco?

- Pode ser, estou um pouco cansada. Fui para sala enquanto ele arrumava o quarto. Não demorou mais de dois minutinhos, o tempo de sentar e tirar meus sapatos, quando ele voltou.

- Você é rápido, hein?  Ele riu e me levou ao quarto.

- Separei umas camisas para você vestir, essa roupa deve ser desconfortável para dormir.

- Ótimo. Obrigada, mas se você não se importar, gostaria de tomar um banho primeiro. Tentar apagar essa lembrança horrível - minha voz quebrou e soluços saíram da minha garganta. Ele veio me consolar. Pegou-me em seus braços fortes e me abraçou apertado – Kinn... Suspirei. Ele se livrou do meu abraço sutilmente e pegou toalhas limpas no armário do quarto para me entregar.

A cama era confortável e os lençóis de seda macios. A janela estava aberta, fazendo com que a fria brisa da noite entrasse, mas não me importei. Só de estar na presença dele me sentia quente. Estava resistindo ao máximo para dormir, não queria sonhar de novo com flores negras, nem avisos de perigo. Mas sucumbi ao sono. Dessa vez, voltei ao momento em que Bruno tentava me atacar e então um par de olhos vermelhos vivos me encarava, a cena mudou e uma menina estava morta. Acordei gritando assustada. Kinn já estava aos pés da cama, preocupado.

- Liza, calma. Estou aqui. Está tudo bem. Foi apenas um sonho. Olhei ao redor assustada, mas constatei que não tinha sido real de fato, ainda me encontrava na casa dele. Aproximei-me e o abracei fortemente, ele retribuiu. Fiquei por alguns minutos assim até me acalmar.

- Então, o que aconteceu? Ele queria saber.

- Mais um dos meus sonhos perturbadores.

- Sonhos perturbadores? Você fala com uma naturalidade.

- Isso é normal, sempre tive sonhos assim. Antes com menos frequência e mais confusos, agora eles evoluíram pra pior.

- Como assim? Ele perguntou curioso.

- Kinn, por favor, não quero falar disso, me distraia.

- Certo – ele parou por um minuto e então pensou – Ah... Está com frio? Quer que eu feche a janela? O clima dessa cidade é meio louco, não é? – ele disse se levantando. Eu ri e ele continuou – Que foi? Falei algo errado?

- Vamos mesmo falar sobre o tempo? Levantei a sobrancelha e ele riu.

- Acho melhor não. Ele concluiu. Levantei-me também.

- Tenho um assunto melhor pra gente conversar – ele apenas me encarava de cima a baixo, desabotoei lentamente a camisa, deixando-a cair ao chão, ficando apenas de calcinha e sutiã – tinha conseguido a atenção dele – Que tal falarmos sobre nós dois. Aproximei-me, nossas bocas próximas uma da outra.

- Uma conversa muito tentadora – ele me afastou delicadamente – Mas acho melhor não. Caminhei em direção à cama e me sentei, ele ficou me observando atentamente.

- Você pode pelo menos dormir aqui comigo? Estou com medo de voltar a ter esses pesadelos. Ele caminhou até o outro lado e se deitou. Deitei-me próxima a ele, de forma que nossos corpos ficaram praticamente colados, não me importei quando senti seu corpo frio sobre minha pele exposta. Coloquei minha perna em cima da sua coxa e deitei minha cabeça em seu peito. Segundos depois, senti seu dorso subindo e descendo ao som de suas risadas.

- Por que você está fazendo isso comigo? Quer me torturar? Deixar-me louco? Fingi não saber do que ele estava falando.

- Como?

- Eu sei aonde você quer chegar Liza. Eu levantei minha cabeça, ainda com a perna em cima de sua coxa.

- Você não quer me acompanhar nesse caminho? Ele se movimentou na cama rapidamente se posicionando acima de mim, encarando-me com aqueles olhos misteriosos.

- Acredite, eu quero, muito; mas é arriscado. Você não sabe o quanto isso pode ser perigoso. Você não sabe como é viver por muito tempo sozinho. Eu não quero e não posso mais viver sem você. Foram as palavras mais lindas que um cara já me disse, quase me desmanchei em pedaçinhos quando ouvi.

- Você não vai me perder. Por que iria? Eu já te amo Kinn. Alisei seus cabelos suavemente e o seu rosto macio, sorrindo para ele. Kinn fechou os olhos enquanto minha mão percorria o caminho para seu peito, sua cintura. Ele segurou minha mão rapidamente e ficou pensativo, mas eu não titubeei, desci-a ainda mais dessa vez, ele consentiu, entregando-se ao desejo, para minha felicidade. Beijou-me avidamente, como se disso dependesse sua vida. Rasgou meu sutiã como se fosse uma flanela velha. Tirou suas roupas com uma rapidez surpreendente. Fiquei namorando seu corpo nu sob a luz da lua que entrava pela janela. Como ele era lindo! O corpo sem nenhum defeito, tórax largo, cintura definida, mas foi sua parte íntima que me prendeu a atenção. Ela já estava ereta e pronta para funcionar. O desejo sucumbiu pela minha pele e meu corpo exigiu mais dele, mais dos seus beijos, do seu cheiro, do seu gosto.  

- Kinn, seu dedo está sangrando. Reparei.

- Esses sutiãs modernos são uma armadilha – ele riu e continuou – Não se preocupe, logo vai parar. Levantei minha cabeça e coloquei seu dedo na minha boca, suguei as gotinhas de sangue chupando com a língua. Uma sensação de êxtase logo se apoderou de mim, ansiava por tê-lo.

- Quero ser sua - Ele riu satisfeito. Então o senti dentro de mim. Um prazer inebriante se formou de uma forma tão arrebatadora que nenhuma outra relação pôde ser comparada a essa.

Herança de Sangue - A batalha de ElfhameOnde histórias criam vida. Descubra agora