*KINN

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Na manhã de sexta-feira, depois das aulas, eu já estava a caminho do estacionamento quando Vitória me alcançou.

- Liza, aonde você pensa que vai? Hoje tem churrasco na casa da Milena, e já estamos atrasadas. A galera combinou de ir após as aulas. Vamos.

- Ah, não! Estou sem ânimo para churrasco, nem estou com fome! Retruquei.

- Para de preguiça. Ouvi falar que Kinn recebeu o convite para a festa.

Ela me deu a energia e o ânimo necessários para ir. Não sei o porquê, mas a menção do nome dele sempre me fazia melhor, era estranho. Seria isso paixão? Amor à primeira vista?

- Você está mesmo a fim dele, não é? Ela perguntou enquanto entrávamos no carro.

- Eu acho que sim.

- Quando vir ele na festa, vai falar o quê? Ela perguntou empolgada.

- Não sei, talvez, “beije-me Kinn” ou “sou toda sua”. Vitória riu com meu comentário.

- Vai convidar ele para dormir na sua casa também? Ela levantou a sobrancelha ainda risonha.

- Se ele quisesse... Ele teria passe livre para frequentar minha casa, meu quarto, minha cama...

- Liza, você não presta! - caímos na gargalhada – Ah, espera! Vou ter que voltar na sala, acho que esqueci meu livro. Volto já! Vitória saiu correndo enquanto eu a esperava no carro. Liguei o som à procura de uma emissora de rádio legal, ajeitei o visual pelo retrovisor. Todos diziam que eu era parecida com minha mãe, não me importava com a comparação, já que ela era linda. Era verdade que tínhamos os mesmos cabelos pretos longos e lisos e olhos verdes. Um barulho chamou minha atenção. Olhei pelo retrovisor novamente, não havia ninguém. Resolvi sair do carro e olhar ao redor do estacionamento.

- Quem está aí? Ninguém me respondeu, tudo parecia normal. O lugar estava vazio e quieto.

- Vamos! Vitória pegou em meu ombro e eu gritei.

- Liza! Sou eu! Relaxa! Está até parecendo que você viu um fantasma. Eu respirei mais aliviada.

- Se você me der um susto desses novamente, juro que jogo fora sua coleção de canetas! Disse sorrindo.

- Tá bom! – Ela riu - Vamos logo que já estamos atrasadas! Vitória se sentou no banco de passageiros enquanto eu ligava o carro.

A verdade é que sempre fui muito sensitiva, minha avó mesmo dizia isso. Segundo ela, era uma herança dos nossos ancestrais indígenas. Chegamos à casa de Milena, ela nos recebeu na porta e nos encaminhou até o quintal. Comecei a observar o lugar, a casa era bem grande, tinha uma piscina enorme, com cascata e uma churrasqueira. As carnes estavam assando. Todos já estavam acomodados, conversando com os amigos, bebendo ou tomando banho de piscina. Procurei Kinn por todo o local, mas não vi nem a sombra. Será que ele não viria?

- E aí, Eliza, vamos nadar? Bruno apareceu atrás de mim.

- Ah... Eu não estou animada, na verdade, nem vim preparada para isso. Chama Milena, tenho certeza de que ela quer. Milena, vem cá. Milena me fitava com raiva. Ela veio sem vontade para perto.

- Me chamou, Eliza?

- O Bruno está querendo companhia para nadar. Você não quer nadar com ele?

Um sorriso iluminou seu rosto imediatamente e sua voz foi menos áspera quando me agradeceu. Bruno pareceu meio chateado, mas foi nadar com ela. Vitória apareceu com uma bebida na mão e me ofereceu outra.

- E aí, amiga? Curtindo a festa?

- É, está boa. Tomei um gole da bebida.

- Sua voz não foi muito animada.

Herança de Sangue - A batalha de ElfhameOnde histórias criam vida. Descubra agora